O que Bebeto fez em 1993 e 1994 para inspirar Allejo, lenda dos games
Se você jogava vídeo-game nos anos 90, é bem provável que tenha passado um bom tempo diante da televisão jogando International Superstar Soccer no Super Nintendo. Quem o fez, certamente jogou com o Brasil e fez muitos gols com o craque Allejo.
É provável também que, em tal cenário, você tenha passado um bom tempo comparando o craque da camisa 7 com alguns dos principais jogadores brasileiros da época. Seria ele Romário? Talvez Careca?
Ontem, a Konami resolveu a questão. Na conta brasileira do Pro Evolution Soccer (PES) no Twitter, a desenvolvedora de games informou quais craques inspiraram as lendas do ISS.
No Brasil, Allejo é inspirado em Bebeto, enquanto Romário inspirou Gomez. Raí virou Fontana, e Ricardo Rocha apareceu nas telas como Paco.
Lançado no Japão em novembro de 1994, o International Superstar Soccer coroou as atuações de Bebeto e Romário na época. E embora Romário tenha sido eleito o melhor jogador do mundo naquele ano, Bebeto teve atuações que justificaram sua "transformação" no craque Allejo em gramados virtuais.
Referência ofensiva da seleção
Pela seleção brasileira, Bebeto teve um 1993 exigente. Nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994, o Brasil estava no Grupo B, ao lado de Bolívia, Equador, Uruguai e Venezuela. Somente os dois primeiros da chave se garantiam no Mundial.
Ao longo dos oito jogos daquelas eliminatórias, Carlos Alberto Parreira deixou claro: Bebeto seria seu camisa 7 titular. Só faltava definir seu parceiro de ataque.
Na estreia, em 18 de julho de 1993, o Brasil visitou o Equador no então estádio Isidro Romero Carbo, atualmente chamado Monumental Banco Pichincha, e ficou no 0 a 0. Bebeto atuou ao lado de Careca, que foi substituído no decorrer do jogo por Evair.
Sete dias depois, o adversário era a Bolívia, e o parceiro de ataque de Bebeto era Müller. Resultado: 2 a 0 para os bolivianos, na primeira derrota da história da seleção brasileira em eliminatórias.
A primeira vitória só veio na terceira rodada, em 1º de agosto, quando o Brasil venceu a frágil Venezuela por 5 a 1. Bebeto teve Careca novamente a seu lado e marcou dois gols. Raí, Branco e Palhinha completaram para o time de Parreira.
Em 8 de agosto, com uma folga na rodada, o Brasil recebeu o México para amistoso em Maceió. Bebeto ficou fora do ataque, formado por Müller e Elivélton. O jogo terminou 1 a 1, com gols de Márcio Santos e Alberto García Aspe, e muitas críticas da torcida, que pediam Telê Santana na vaga de Parreira. "Não entendo por que eles fazem isso", afirmou o auxiliar técnico Mário Jorge Lobo Zagallo, segundo o Jornal do Brasil da época.
No encerramento do primeiro turno, a seleção visitou o Uruguai em 15 de agosto e empatou mais uma vez por 1 a 1. Bebeto jogou ao lado de Müller, mas o gol brasileiro foi de Raí. Naquele momento, o pressionado Brasil era o terceiro lugar de sua chave, com quatro pontos. Bolívia (oito pontos) e Equador (quatro pontos) lideravam. O Uruguai, também com quatro, era quarto.
A reação só veio no segundo turno, quando o Brasil fez quatro jogos em casa. Em 22 de agosto, venceu o Equador por 2 a 0, graças aos gols de Bebeto e Dunga. Uma semana depois, fez 6 a 0 nos bolivianos, com dois gols de Bebeto, que formou dupla com Müller nos dois jogos. Na terceira rodada, o ataque teve Valdeir e Evair. Diante da Venezuela, vitória por 4 a 0 no Mineirão.
Até que chegou a última rodada. E Parreira finalmente cedeu às pressões pela convocação de Romário. Resultado: vitória por 2 a 0 sobre o Uruguai em 19 de setembro, com dois gols do camisa 11, e a vaga garantida na Copa de 1994.
Embora a participação de Romário tenha sido emblemática, foi Bebeto o artilheiro do Brasil naquelas eliminatórias. Graças à confiança de Parreira, o então atacante do La Coruña marcou cinco gols, empatando com Erwin Sánchez (Bolívia) e Freddy Rincón (Colômbia) na vice-artilharia da disputa. Luis Ramallo (Bolívia) fez sete.
Não que as eliminatórias tenham definido tudo na seleção brasileira para a Copa de 1994. Nos amistosos até o torneio, nomes como Edílson, Edmundo (Palmeiras), Renato Gaúcho (Flamengo), Viola (Corinthians), Túlio (Botafogo) e Ronaldo (Cruzeiro) foram testados. Porém, nos últimos jogos antes da competição, Bebeto já vestia a 7, e Romário já usava a 11. Nas três últimas partidas preparatórias, vieram um empate, com o Canadá (1 a 1), e duas vitórias, sobre Honduras (8 a 2) e El Salvador (4 a 0).
Na Copa, a dupla resolveu: Romário fez cinco gols, enquanto Bebeto fez três. E o Brasil foi campeão.
Vice espanhol antes de "virar" Allejo
Na época em que "virou" Allejo, Bebeto atuava pelo Deportivo La Coruña. Na temporada 1993/1994, a última antes do tetra com a seleção brasileira e do lançamento do jogo, ele fez 38 jogos e marcou 19 gols, de acordo com o site OGol. A equipe foi vice-campeã do Campeonato Espanhol, atrás apenas do Barcelona, e o atacante brasileiro terminou como o artilheiro do Depor na competição, com 16 gols.
Porém, o título não veio por pouco em uma situação inusitada. O La Coruña chegou à última rodada como líder e um ponto à frente do Barça. O time catalão venceu sua partida e ficou no aguardo do resultado do outro jogo. O Depor empatava por 0 a 0 com o Valencia quando teve um pênalti a seu favor na reta final do duelo.
Donato, batedor oficial do time, já havia saído de campo, e Bebeto não quis cobrar a penalidade por ter perdido outra na rodada anterior. O zagueiro Djukic foi para a bola e perdeu. O jogo terminou empatado, e o Barcelona se sagrou campeão.
No total, foram quatro temporadas no clube espanhol, de 1992 a 1996: Bebeto marcou 102 gols em 146 partidas e conquistou uma Copa do Rei e uma Supercopa da Espanha. Além disso, também foi o artilheiro do Espanhol em uma oportunidade.
Bebeto fez parte do "Super Depor", como ficou conhecida a equipe comandada pelo técnico espanhol Arsenio Iglesias. Em votação popular feita em 2016, no aniversário de 110 anos do clube, o atacante foi eleito uma das dez maiores lendas da história do clube.
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