Cavani voltou. Mas brasileiros do PSG preferem time titular sem o uruguaio
Mobilidade, gols perdidos, buraco no meio-campo. São vários os argumentos do grupo de brasileiros no Paris Saint-Germain para a avaliação de que o time é mais competitivo hoje em dia sem a presença de Edinson Cavani como titular. O uruguaio está de volta após passar 15 dias em tratamento de uma lesão na coxa direita, mas tem a vaga ameaçada devido ao sucesso do sistema tático da equipe durante sua ausência.
O pensamento do quarteto brasileiro formado por Daniel Alves, Thiago Silva, Marquinhos e Neymar é antigo, segundo apurou o UOL Esporte. Nada que leve o grupo a pedir ao técnico Thomas Tuchel para que Cavani fique no banco ou resulte em críticas públicas ao uruguaio. Mas é um sentimento inegavelmente presente no ambiente da equipe. "Não acompanha" é uma típica frase de boleiro e a explicação em comum utilizada.
Nesta temporada do PSG, pelo menos, o "não acompanha" fica evidenciado em alguns números. A Liga dos Campeões, por exemplo, mostra que 25% dos passes de Neymar são para Mbappé, enquanto apenas 0,5% é para Cavani. Já o francês dá 31% dos passes a Neymar e 5% para Cavani.
O cenário levou o L'Equipe, principal jornal esportivo francês, a realizar reportagem de capa analisando a escassez de passes entre Cavani e Neymar. A matéria intitulada "Mistura a dois" (veja a capa) ainda indicou que o uruguaio se sente sozinho no ambiente de vestiário do PSG.
Neymar e companhia preferem ter um jogador a mais no meio-campo, sem a presença de um atacante fixo e com Mbappé e Di Maria pelas pontas. Desta maneira, o setor seria formado por Verratti, Marquinhos e Daniel Alves, com Neymar atuando como armador e jogador de entrada na área a todo momento. Função igual a de Messi no Barcelona, por sinal.
Fora de campo, no entanto, o relacionamento dos brasileiros com Cavani é bom. Os problemas do atrito com Neymar na primeira temporada, na crise de quem cobrava os pênaltis, foram superados. O uruguaio, inclusive, já marcou presença nas festas de aniversários dos jogadores e seus familiares.
O que pensa Tuchel
Diferentemente de seus antecessores, o alemão Tuchel resolveu "tocar" em Cavani. Para justamente ter um meio-campo mais volumoso, o treinador já colocou o uruguaio no banco em uma partida importante da Liga dos Campeões, contra o Napoli - empate por 1 a 1 - na Itália. Em outra situação no Campeonato Francês, na goleada por 5 a 0 contra o Lyon, em outubro, o atacante foi substituído no primeiro tempo em razão da expulsão do zagueiro Kimpembe. Neste jogo, Cavani atuou por 40 minutos e sequer recebeu passes de Neymar e Mbappé.
"Enfrentamos esse problema de precisar do Cavani mais participativo. Só que estou contente com o que ele me oferece em termos de dedicação. É um cara que treina e joga com a mesma intensidade e é vital para nós", comentou Tuchel.
O sucesso sem Cavani
A lesão de Cavani ocorreu às vésperas do primeiro jogo contra o Manchester United pelas oitavas de final da Liga dos Campeões. Como o time já não contava com Neymar, a expectativa era de sofrimento na Inglaterra. Só que o sucesso do meio-campo formado por Verratti, Marquinhos, Daniel Alves e Draxller foi apontado pela imprensa francesa como a chave do triunfo.
Após o jogo na Inglaterra, o PSG atuou por mais quatro vezes sem Cavani, tendo vencido todas as partidas. No período desde a lesão do uruguaio, o time tem 100% de aproveitamento em cinco jogos, tendo marcado 14 gols, e sofrido apenas um.
"É necessário que Tuchel o tire do time urgente. Ele precisa ter peito para fazer isso. Sei que não é fácil pela idolatria da torcida, mas chegou a hora de isso acontecer friamente", opinou o ex-treinador da seleção francesa Raymond Domenech, hoje comentarista na L´Equipe TV.
A dificuldade em tirar Cavani em muito se deve ao seu sucesso no clube. O jogador é o maior artilheiro da história do PSG, com 192 gols, em 272 jogos disputados. Na atual temporada, o uruguaio tem 22 gols marcados, em 23 jogos no total.
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