Felipe Anderson é "rei das canetas" em Londres e tenta ressurgir na seleção
As atenções estão voltadas para Vinicius Júnior, mas a convocação de hoje da seleção brasileira também colocou em evidência o "anônimo" Felipe Anderson. Surpresa na lista de Tite para enfrentar Panamá e República Tcheca em amistosos, o meia aproveita dias de glória em Londres, onde se tornou "rei das canetas" e acumulou súditos, ou melhor, torcedores apaixonados.
"Fico muito feliz e recebo essa chance como reconhecimento do bom trabalho que eu tenho feito no West Ham. Não tem sido fácil, mas graças a Deus e aos meus companheiros tenho conseguido me destacar nesse campeonato tão duro que é o Inglês, com os gols e boas atuações. Eu sempre falei que minha chance na seleção chegaria com naturalidade", comemorou o atleta de 25 anos, ao UOL Esporte.
Os fãs do West Ham, time médio da capital inglesa, ainda se pegam incrédulos com a presença de Felipe Anderson na equipe. Afinal, após anos como destaque da Lazio, da Itália, o que mais se ouvia era o interesse de gigantes europeus no futebol do brasileiro.
A contratação inesperada ainda hoje rende artigos em sites segmentados da torcida do West Ham. Textos que exaltam os dribles, lançamentos e chutes de Felipe, cria da base do Santos, mas que já mostram a preocupação com uma possível saída do jogador diante do bom desempenho no Campeonato Inglês - veja números abaixo:
- Artilheiro do time com oito gols
- Melhor passador do time com 1.235 passes
- Quem mais jogou na liga, com 28 partidas
- Segundo melhor "garçom do time", com três assistências
- Segundo maior ladrão de bolas do time, com 66 desarmes
- Terceiro melhor finalizador do time, com 42 conclusões a gol
O time londrino é apenas o décimo colocado na Premier League. Não luta por competições europeias e está bem distante do drama da zona de rebaixamento. E nesse clima de franco-atirador, Felipe Anderson é quem provoca os momentos de empolgação no clube: aparece em jogos grandes, é o artilheiro da equipe com oito gols e também o "rei das canetas".
A capacidade de driblar é refletida em números - segundo site de estatísticas Opta, o brasileiro é o 11º melhor driblador da Europa -, mas também ganha espaço nas redes sociais, como elemento de cultura pop. Tanto é que o West Ham produziu um vídeo farto de replays para mostrar todas as vezes em que Felipe conseguiu passar a bola entre as pernas dos adversários.
"O pessoal sempre comenta muito aqui sobre esse lance de eu dar muita caneta. Até no treino meus companheiros brincam comigo para eu não tentar fazer em cima deles, mas é algo que acontece naturalmente. A jogada às vezes pede para arriscar uma coisa diferente. Não é premeditado. Fico feliz com a repercussão, por poder mostrar um pouquinho do recurso e do improviso que o futebol brasileiro tem. Mas não vou ficar falando muito sobre isso para os adversários não virem me marcar de perna fechada (risos)", brincou o meio-campista.
Chegar à seleção brasileira o deixa ainda mais em destaque entre os ingleses. E representa também o salto que faltava à carreira do meia habilidoso que nasceu em meio à badalação sobre Neymar no Santos. Embora tenha conseguido ser referência e ídolo na Lazio, Felipe patinou nos momentos em que poderia abrir espaço no time canarinho.
Foi assim quando chegou a treinar com Dunga antes da Copa América de 2015 e não convenceu o técnico de que merecia mais oportunidades. Depois, tinha status de estrela na seleção olímpica de 2016, mas perdeu vaga entre os titulares e acabou ofuscado por nomes como Luan e Gabriel Jesus. A meta agora é conquistar Tite.
"Eu tive o prazer de ter contato com o Tite durante a Olimpíada, de conversar com ele, mas essa vai ser a primeira vez que a gente vai trabalhar juntos. Admiro muito o trabalho dele. Não tem como não admirar um profissional que conquistou tudo o que ele conquistou, que melhorou a seleção brasileira. Será uma honra que vou procurar aproveitar ao máximo. Fico muito grato e lisonjeado por ele ter reconhecido o meu trabalho e por ter me dado essa chance", salientou.
Confira abaixo outros trechos da entrevista com Felipe Anderson:
O que acha que fez de diferente para se consolidar na Inglaterra? Precisou mudar alguma característica?
Eu acredito que a experiência que eu tive na Itália foi muito importante nesse sentido de evolução e consciência de jogo. Aprendi muita coisa agora em relação a parte tática, tive muitos bons treinadores, então isso me fez amadurecer bastante. Estou sempre ligado em como o jogo está se desenhando, em fazer uma recomposição e ajudar defensivamente também. Graças a Deus as coisas estão dando super certo.
A intensidade do futebol inglês pode ser uma arma pra você?
Eu acredito que sim, porque aqui no futebol inglês o nível de exigência é. muito alto. Todo jogo você tem que dar o seu máximo eu e eu já estou habituado nesse sentido. Talvez os melhores jogadores do mundo na atualidade estão jogando hoje no futebol inglês, então você tem que estar sempre atento, sempre no seu melhor. Acho que isso pode ser um fator importante nessa questão de intensidade de competitividade que os jogos da seleção brasileira exigem sempre.
Desde que subiu no Santos, o que mudou em sua carreira e na vida pessoal?
Muita coisa mudou. Como eu falei, essa minha vinda para Europa me fez crescer em muitos aspectos pessoais e profissionais. Aprende uma nova língua, uma nova cultura, tive que amadurecer dentro de campo para poder jogar no futebol italiano. Então eu sou um cara totalmente diferente hoje, não que eu não fosse bom lá atrás, mas acho que a vida naturalmente te faz amadurecer e melhorar. O amadurecimento traz melhoras em vários aspectos. Estou muito feliz pessoalmente profissionalmente.
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