D'Alessandro desabafa sobre críticas e diz que entende utilização no Inter
D'Alessandro desabafou. Em entrevista coletiva antes do treino do Inter de hoje, o argentino de 37 anos falou sobre as críticas que recebe e a cobrança pelo melhor aproveitamento.
"Sempre que se fala no D'Alessandro se relaciona com salário, grana. Lembro de uma capa de jornal em 2009, eu tinha acabado de ganhar a Sul-Americana e o Gauchão com Inter e vivia uma fase ruim com Tite de técnico. E se falou quanto eu ganhava por minuto, por segundo, por dia, por mês e ano. Não tem nada a ver com rendimento se recebe ou não recebe. A gente acerta e erra. Se acordamos mal, temos dias ruins. O futebol é um trabalho e posso acordar e dar tudo errado. As críticas nunca são boas, mas servem para a gente evoluir. Eu sei quando erro, jogo mal. O problema é quando vai para o lado pessoal, e vocês (imprensa) são formadores de opinião, entram na cabeça do torcedor, que vai atrás disso e fica muito difícil controlar. Se espalha muito rápido. Uma mentira inventada, uma história para preencher espaço num jornal ou numa rádio gera uma dor grande e coloca de repente o caráter e a personalidade de alguém em dúvida. E a gente tem que se defender. Não estou aqui para brigar com vocês, mas para falar o que eu sinto", disse o gringo.
D'Alessandro ficou fora do time titular nos últimos jogos do Inter. Em redes sociais, houve uma série de suposições sobre as razões que geraram a saída da equipe. Um suposto problema com Odair Hellmann, atraso salarial, tudo foi descartado por ele.
"Eu converso todos os dias com o Odair. Nos conhecemos bem e faz tempo. Eu falo para que não se invente histórias a respeito da minha relação com ele e minha situação no clube. A situação é a mesma do ano passado: sou mais um jogador do grupo. Tive uma conversa com o treinador e ele externou para vocês que não farei parte de todos os jogos. Como foi no ano passado. E nem por isso tive uma atitude ruim. Entrei no decorrer dos jogos, outros não entrei. Até porque evoluí como atleta, como pessoa. Nesse momento da carreira entendo as coisas de outra maneira. Por isso foi bom ter o Odair como técnico agora. A gente se fala muito, temos uma relação próxima, nos entendemos bem. Eu respeito muito ele, me sinto respeitado, e sou mais um atleta do grupo", disse o jogador.
Na última partida, por exemplo, D'Ale entrou faltando menos de 10 minutos para acabar o jogo. E ainda assim teve boa participação, por pouco não marcando o segundo gol do Colorado.
"Quando ele (Odair) decidir que vou jogar, darei meu melhor. Seja por 20, 30, 40 ou sete minutos. Quero sempre jogar, isso não mudou, mas respeito muito o treinador e meus companheiros. Sou o primeiro a cobrar quando algum colega não tem uma atitude boa para o grupo. Então eu tenho que ser o primeiro, não só nisso mas em outras coisas, a ter uma atitude boa. Até para poder cobrar depois. Para os espertos que inventam as coisas e continuam falando, que o Odair não gosta do D'Alessandro, que está com salário atrasado, imagem atrasada, não tem nada disso. Se é muito bem remunerado e dou graças a Deus por jogar futebol. Mas não estou aqui pela grana, senão iria embora. Tem muita coisa extracampo difícil de aguentar. Estou há quase 20 anos no futebol e sempre acontece isso. É por causa da minha notoriedade, responsabilidade e caráter perante ao grupo e a todos", completou.
Perto de completar 38 anos, D'Ale se diz bem fisicamente, mas entende que precisa jogar de forma controlada e debate as entradas no time com a comissão técnica.
"Me sinto bem fisicamente. Quero entender qual a cobrança sobre mim como atleta. Não sou mais rápido? Não salto para cabecear? Não consigo marcar? Mas eu nunca fiz isso. Nunca fui rápido, forte como o Patrick, marcador. Nunca tive essas qualidades. Fisicamente é normal que com 38 anos não se faça o mesmo que com 25. Não posso jogar mais três vezes na semana. Duas já tem que administrar. O melhor exemplo disso é o Zé Roberto. Ele não jogava todas as partidas no Palmeiras, e estava melhor fisicamente que eu. Eu queria entender por que se cobra coisas que eu nunca tive. Não esperem que eu ganhe na velocidade do Bolt. Quem tem que correr é a bola. Não esperem que eu consiga trombar com o adversário cinco vezes e sair correndo. Antes conseguia, hoje consigo duas. Foi a imprensa que pediu para o D'Alessandro sair do time, e hoje são os mesmos que pedem para voltar. Nós temos que ter equilíbrio para falar com vocês, e espero que do outro lado também se tenha equilíbrio para não nos considerar o melhor nem o pior", completou sempre no tom de desabafo que pautou sua manifestação.
O Inter encara o Aimoré no domingo pelo Gauchão. A utilização de uma equipe suplente aponta D'Alessandro como presença quase garantida entre os 11 que iniciam a partida das 16h (de Brasília) no Beira-Rio.
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