Manchester City deve sua existência a uma mulher: a fundadora Anna Connell
O Manchester City é uma das grandes potências do futebol atual também graças a uma mulher. Na verdade, o Manchester City existe graças a uma mulher: a paroquiana Anna Connell, de 25 anos, desejava promover atividades físicas entre os jovens trabalhadores da cidade.
Afinal, em 1880, ano em que o futebol já não era mais exclusividade da elite britânica, a Inglaterra da Era Vitoriana ainda se adaptava aos resultados da consolidação da Revolução Industrial. A expectativa de vida média para homens adultos era de apenas 40 anos.
Situada em Gorton, sudeste de Manchester, a Igreja de St. Mark (São Marcos, em tradução literal) não estava distante desta realidade. Por ali, faltava estrutura para trabalho social e sobrava preocupação dos religiosos com o comportamento de homens em pubs.
"Gorton era uma região de tremenda privação. Havia superpopulação, miséria, problemas de saneamento e pobreza. Os homens da comunidade buscavam refúgio em bebidas e guerras de gangues", relatou Peter Lupson, autor do livro "Thank God for Football", de 2006.
"Na época, isso se chama 'scuttling'. Nós estamos falando de 500 pessoas envolvidas em uma única briga de cada vez. A imprensa local reportava 250 para cada lado, estamos falando de um cenário de guerra", prosseguiu.
"Anna lamentava e sofria por ver estes homens desperdiçarem suas vidas, e queria fazer algo que pudesse reverter a direção que eles estavam seguindo", completou Lupson. Então, em parceria com dois membros de uma siderurgia, ela propôs a criação de clubes esportivos.
Isso incluiu uma equipe de críquete com o nome da igreja, que passou a jogar em um terreno abandonado e logo motivou a criação de um time de futebol. De acordo com os registros da enciclopédia "Spartacus Educational", a estreia foi contra a Igreja Batista de Macclesfield em 13 de novembro de 1880.
Na ocasião, o jogador mais jovem, Walter Chew, tinha 15 anos. O mais velho tinha 20 e era Archibald MacDonald, um moldador de ferro. A "Spartacus Educational" atribui a seguinte declaração ao Arcediago de Manchester:
"Deve ser uma grande fonte de encorajamento ver como este movimento foi conduzido, e o maior crédito vai para a senhorita Connell pela forma como cuidou de tudo. Nenhum homem poderia ter feito isto - foi preciso que houvesse o tato e a habilidade de uma mulher."
Em 1884, o time St. Marks foi rebatizado como Gorton Association Football Club, e há registros de que três dos jogadores tenham passado pela equipe de críquete anteriormente (Walter Chew, William Beastow e Edward Kitchen).
O uniforme era preto com uma cruz branca - curiosamente, era semelhante ao "estilo Vasco da Gama". Três anos depois, a equipe passou a se chamar Ardwick Association Football Club e, por fim, em 1894, tornou-se o Manchester City Football Club que hoje conhecemos.
Não demorou para que o clube entrasse na liga de futebol nacional, em 1899, e conquistasse seu primeiro título oficial: a Copa da Inglaterra em 1904, com vitória por 1 a 0 sobre o Bolton Wanderers. Registros da época apontam que mais de 60 mil pessoas assistiram ao jogo.
Anna, porém, não esteve por perto da primeira taça. Seu pai, Arthur Connell, sofria de bronquite crônica e foi forçado a abrir mão da função de reitor da Igreja de St. Mark em 1897. Isso fez com que ela optasse por cuidar do familiar.
Juntos, eles se mudaram para Southport na esperança de que o ar marítimo pudesse fortalecer a saúde de Arthur. Mas ele faleceu em 1899, e Anna decidiu trocar de cidade mais uma vez para morar com a irmã.
Em 21 de outubro de 1924, Anna Connell sofreu um ataque cardíaco e não pôde ver o segundo troféu da Copa da Inglaterra, que viria a ser levantado em 1934. Muito menos viu a primeira conquista do Campeonato Inglês, em 1937.
Mas sua ligação com o lado azul de Manchester já foi celebrada pelo clube no Twitter em 8 de março de 2013. "DIA INTERNACIONAL DA MULHER: Anna Connell: Filha de um vigário, ela criou o St. Mark's Church FC em 1880; a primeira encarnação do Manchester City".
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