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Como futebol pode ajudar grupo BTS a escapar do Exército na Coreia do Sul

Patrick Mesquita

Do UOL, em São Paulo

12/03/2019 04h00

O k-pop é um dos estilos musicais que mais cresceram ao redor do mundo nos últimos anos. E ninguém representa tão bem o gênero quanto o BTS, fenômeno de público e dono do recorde mundial de clipe mais visto na internet em 24 horas, superando 45 milhões de visualizações no YouTube. O grupo vem ao Brasil nos dias 25 e 26 de maio, mas já conta com fãs acampados em frente ao palco das apresentações, o Allianz Parque, em São Paulo. Só que a relação dos sul-coreanos com o esporte não está apenas nos estádios lotados ou na idolatria dos admiradores. Um exemplo do futebol pode ajudar os integrantes a escapar de uma das leis mais rígidas do país asiático.

De acordo com as regras vigentes na Coreia do Sul, todo homem deve servir o Exército de forma obrigatória por pelo menos 21 meses. A situação forçaria o grupo, que tem os integrantes com idade acima dos 18 anos, a interromper as atividades por quase dois anos. As únicas exceções são para atletas medalhistas em competições internacionais, atores de teatro, músicos clássicos e dançarinos de balé.

O caso mais recente envolveu Son Heung-min, jogador do Tottenham, da Inglaterra. Vencer uma competição internacional era a única chance que o atleta tinha para escapar do serviço militar e continuar a carreira bem-sucedida no esporte. E foi exatamente o que aconteceu em 2018, quando os sul-coreanos derrotaram o Japão e conquistaram os Jogos Asiáticos.

O caso rapidamente levantou a questão: por que um astro do futebol tem essa chance e um dos principais nomes da música na atualidade não? Foi com esse exemplo que fãs e até mesmo autoridades locais passaram a defender a tese de que a regra atual é ultrapassada e precisa de uma readequação. Para muitos, os feitos do BTS até o momento, entre eles dois prêmios inéditos para artistas sul-coreanos no Billboard Music Award, já são iguais ou superiores ao título de Son.

"O público em geral, incluindo a nova geração, deve se perguntar: o que faz o líder do ranking da Billboard ser diferente de quem vence uma competição internacional?", disse o legislador sul-coreano Ha Tae-kyung durante um evento em 2018. "A lista de exceções é injusta. Estão inclusos competidores de música clássica, como violino, mas a música pop está excluída. Isso faz com que o feito do BTS, de alcançar o topo da Billboard, seja irrelevante."

BTS  - Carine Wallauer/UOL - Carine Wallauer/UOL
Fãs do BTS acampam em frente ao Allianz Parque, em São Paulo
Imagem: Carine Wallauer/UOL

A pressão sobre o governo da Coreia do Sul para que os artistas fiquem livres do Exército cresceu desde a conquista do time de futebol, e a recente história de Son, que repercutiu em todo o mundo, é vista como um impulso para que a música pop local seja incluída na lista de exceções.

Apesar disso, os esforços ainda não surtiram efeito. O Ministério da Defesa local até estuda diminuir o efetivo das forças armadas e o tempo de serviço, mas, por enquanto, todos devem se apresentar. Em entrevista ao jornal "The Korea Herald", o ministro da defesa sul-coreano, Do Jong-hwan, assegurou que os integrantes do grupo vão se alistar.

"É uma pena que seja noticiado que os membros do BTS pensam em se livrar do alistamento militar. Na verdade, eles pretendem fazer exatamente o oposto. Todos eles já disseram que definitivamente vão estar no serviço militar", afirmou.

Ainda não há uma definição sobre o caso do BTS, mas alguns artistas de k-pop já sofreram com as leis. O Big Bang, uma das sensações mundiais do estilo, perdeu membros para o Exército e precisou fazer uma pausa na carreira.

O BTS vem ao Brasil nos dias 25 e 26 de maio. Os ingressos vendidos pela internet para o primeiro show do grupo esgotaram e menos de duas horas. Os preços variam de R$ 145 a R$ 950.