Sob aplausos e "Casaca", Eurico Miranda é enterrado no Rio de Janeiro
Sob aplausos, o tradicional grito de "Casaca" e o hino vascaíno, Eurico Miranda, ex-presidente do Vasco, foi enterrado na tarde de hoje no Cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro. Centenas de pessoas foram prestar a sua última homenagem ao cartola, que morreu em decorrência de um câncer no cérebro.
Antes do cortejo, o ex-presidente foi velado na sede de São Januário. Antes de seguir para o enterro, o corpo com o caixão do vascaíno foi levado ao centro do granado do estádio.
O ex-presidente morreu às 12h30 desta terça-feira (12) no Rio de Janeiro. Eurico havia dado entrada horas antes no hospital Vitória, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, com complicações de um tratamento contra o câncer no cérebro. Considerado o dirigente mais icônico da história do clube, ele tinha 74 anos. Cruzmaltino e Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) decretaram três dias de luto.
Suas últimas aparições foram em cadeira de rodas e com dificuldade para falar. Com a parte motora afetada, ele ficou com a aparência fragilizada e foi internado algumas vezes nos últimos meses.
"Para ele, foi o melhor. A situação já estava bem complicada e ele não tinha paz nessa reta final de vida. É muito difícil admitir isso. Nós ficamos desse lado. Mas ele poderá descansar um pouco agora", afirmou Eurico Brandão, o Euriquinho, filho do ex-presidente.
Uma espécie de UTI havia sido montada pelos familiares na residência do cartola. Ele recebia atenção 24 horas de enfermeiros e superou diversos obstáculos na saúde até falecer.
Os amigos mais próximos, inclusive, sempre disseram que a saúde de Eurico Miranda se regulava pelo momento político no Vasco. Se estava no comando, as coisas melhoravam. Se sofria derrotas internas, a fragilidade aumentava, o que se constatou recentemente com a piora gradativa. Mesmo quando estava longe, Eurico influenciava nas decisões tomadas em São Januário e jamais se afastou dos bastidores da Colina.
Ele foi presidente do Vasco em dois períodos: 2001 a 2008 e 2014 a 2017. Ele também foi vice-presidente de futebol entre 1986 e 2001. As maiores conquistas da história do clube contaram com a sua presença. Entre elas: Campeonato Brasileiro (1997), Copa Libertadores (1998), Campeonato Brasileiro e Copa Mercosul (2000).
Além dos cargos no Vasco, foi deputado federal, eleito em 1994. Ele conseguiu a reeleição em 1998, mas em 2001 teve a cassação do mandato pedida. Miranda foi acusado de promover evasão de divisas e não conseguiu se eleger em 2002.
Praticamente no mesmo período, o dirigente se tornou alvo de uma série de denúncias na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Futebol. De acordo com o Ministério Público, Eurico Miranda deixou de recolher contribuições previdenciárias quando comandava o Vasco. Foi condenado a dez anos de prisão e ao pagamento de multa. Recorreu e teve a sentença anulada por unanimidade pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), em 2008.
Um dos episódios mais marcantes de Eurico foi na decisão do Campeonato Brasileiro de 2000, quando fez o time entrar em campo com o logotipo do SBT na camisa, já que estava em guerra contra a Rede Globo, emissora detentora dos direitos de transmissão. Polêmicas como essa foram frequentes a trajetória do dirigente, que saiu de cena com um lugar reservado na história do Vasco e do futebol brasileiro.
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