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Dependência e 'efeito vagalume' de Cazares dificultam encaixe no Atlético

Pedro Vale/AGIF
Imagem: Pedro Vale/AGIF

Enrico Bruno

Do UOL, em Belo Horizonte

27/03/2019 04h00

Apesar de ter finalizado a primeira fase do Mineiro na ponta da tabela e de levar essa vantagem para os mata-matas, o Atlético-MG ainda não está jogando da maneira que Levir Culpi e seus torcedores querem. Resumidamente, as últimas vitórias da equipe foram ao melhor estilo 'vence mas não convenceu'. A explicação para isso passa por dois importantes pontos. O primeiro é que seus jogadores ainda não estão bem entrosados, ainda batem cabeça em alguns momentos e levam o treinador a modificar o time com frequência. O outro é a forte dependência pela criação de Cazares. Quando joga bem, o meia dificilmente sai de campo sem participar dos gols, como aconteceu nas quartas de final contra o Tupynambás. Mas isso não ocorre sempre, e a equipe tende a cair muito de produção quando seu camisa 10 está em baixa.

Bastante inteligente com e sem a bola nos pés, Cazares sempre foi questionado por não dar tanto apoio na marcação e por alternar bons e maus momentos. O primeiro ponto fraco é minimizado por causa da sua região de atuação, na maioria das vezes centralizado e com menos contribuição defensiva que os pontas. Mas a instabilidade é algo que o acompanha desde sua chegada em 2016, e também já aconteceu neste ano. Mesmo assim, ele segue com participação alta no time: em 11 jogos, são quatro gols (terceiro do time) e cinco assistências (líder do quesito).

"Ele tem uma categoria extra classe, tem capacidade de definição ótima. Ele está aproveitando, fazendo gols e participando das principais jogadas do time. Então um ídolo vai se formando dessa maneira, espero que ele reconheça que ainda tem que melhorar, isso será muito importante para o atleta", comentou Levir, um dos responsáveis por tentar dar mais regularidade ao meia.

Acontece que mesmo que o camisa 10 apresente mais regularidade em campo, o Atlético ainda terá que lidar com outro problema: a falta de entrosamento entre seus outros jogadores. Neste ponto, Levir se encontra em um dilema. De um lado, jogadores pedem passagem na equipe, como Maicon Bolt, ou outros titulares não correspondem a ponto de serem substituídos. Do outro, o treinador tenta resistir e não mudar muito a equipe a fim de dar mais tempo para seus jogadores se conhecerem melhor. Essa resistência acontece até mesmo quando os pontas trocam de lado para confundir a marcação adversária. No último jogo, Levir pediu para retomarem a formação original para Luan se entender melhor no lado direito com Guga, novo titular.

Se o gol, a zaga, laterais e o ataque estão praticamente na ponta da língua, o meio-campo fica totalmente em aberto, e Levir tem essa consciência. Na volância, Adilson e Elias se acostumaram a jogar juntos, mas Zé Welison cresceu na equipe e ganhou mais chances. Mais recentemente, Elias foi para o banco, e Jair foi quem ganhou uma oportunidade. Mais à frente, Luan parece ser a única peça certa no meio-campo. Do lado esquerdo, Chará começou o ano como titular, mas saiu do time para a entrada de um volante, que depois foi trocado por Terans. Com o uruguaio ainda sem convencer, Maicon Bolt tem correspondido e começa a pedir passagem.

"Eu ainda não encontrei o time, vamos variando de jogo a jogo. Três jogadores (substituições) são quase certo por jogo, o Atlético ainda não está redondinho. Vamos tentando achar, de repente encaixa", argumentou Levir.

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