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Como o Qatar trata impasse sobre cerveja e homossexualidade para Copa-2022

Um casal conversa enquanto bebe cerveja na Copa do Mundo da Rússia. Como será no Qatar? - VASILY MAXIMOV/AFP
Um casal conversa enquanto bebe cerveja na Copa do Mundo da Rússia. Como será no Qatar? Imagem: VASILY MAXIMOV/AFP

Vinicius Castro

Do UOL, em Doha (Qatar)*

30/03/2019 04h00

Classificação e Jogos

A Copa do Mundo de 2022 será realizada pela primeira vez no Oriente Médio. O Qatar, assim como outros países árabes, possui leis em relação ao consumo de álcool e à homossexualidade. Os temas, claro, causam polêmica desde que a Fifa escolheu a sede em 2010. A mais de três anos do Mundial, no entanto, as possibilidades são discutidas entre o comitê organizador e a entidade máxima do futebol mundial.

O Qatar é um país conservador e prega respeito à sua cultura. A comercialização e o consumo de álcool são proibidos em locais públicos para os muçulmanos. A exceção se dá nos hotéis internacionais, onde os estrangeiros têm uma vida à parte. Só que a Copa do Mundo possui uma espécie de "cultura cervejeira", na qual os torcedores costumam beber dentro e fora dos estádios. Uma gigante do mercado, inclusive, é patrocinadora do evento e tem interesse direto nos rumos do torneio no Mundo Árabe.

A reportagem do UOL Esporte está no país da próxima Copa do Mundo e questionou o Comitê de Entrega e Legado sobre o impasse. O torcedor estrangeiro que comparecer ao Qatar poderá consumir álcool como nos últimos Mundiais?

"Essa é uma questão que analisamos com a Fifa. Vamos receber todos, independentemente das culturas e crenças. Somos um país conservador e queremos respeito às nossas culturas e tradições. Atualmente, o álcool é permitido em alguns locais e esse deve ser o cenário. A Copa do Mundo promove uma troca de culturas. Pessoas se juntam em um único país. O Qatar tem muito a oferecer, assim como qualquer outra nação. E isso não se limita apenas ao álcool, que dura alguns minutos ou horas", disse o porta-voz do Comitê de Entrega e Legado da Copa do Qatar, Khalid Al-Naama.

As possibilidades estão em estudo, mas passam pelas tradicionais áreas de concentrações de torcedores e pela cultura do país. Ainda não se sabe sobre a venda em estádios, um ponto que envolve milhões de dólares na Copa do Mundo.

"Há dois tipos de Fan Zone, como foi no Brasil e na Rússia. Tem o Fifa Fan Fest, organizado pela Fifa e tem a Fan Zone, feito pelo país anfitrião. Essa é a grande diferença. Na Fan Fest, a Fifa pode fazer as propagandas que quiser, já na Fan Zone é mais uma festa sobre o país. Haverá áreas com e sem álcool para os torcedores. Teremos opções para todos", garantiu o porta-voz.

Sobre a questão da homossexualidade, o raciocínio é semelhante, embora o Qatar seja um dos mais liberais em comparação aos vizinhos árabes. É necessário respeitar a cultura do país, já que demonstrações de afeto em público não são bem-vindas.

Estima-se, inclusive, que até 80% dos nascidos no Qatar deixem o país no período do Mundial. Primeiro pelo interesse reduzido no futebol e, depois, para que os estrangeiros tenham razoável liberdade.

"Todas as questões e alternativas são discutidas para que tenhamos uma excelente Copa do Mundo. Somos um país com uma cultura enorme e com inúmeras possibilidades para os turistas que aqui chegarem", encerrou o porta-voz.

* O convite foi do Governo do Qatar e do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2022