Audiência de caso Daniel tem choro de réus e acusação de "fake news"
O réu confesso Edison Brittes Júnior, o Juninho Riqueza, e outros seis acusados pela morte do jogador Daniel foram escoltados pelos próprios advogados na tentativa de impedir imagens na chegada no fórum de São José Pinhais-PR no primeiro dia da segunda fase de audiência de instrução que começou na manhã de hoje (1º). O ex-meia do São Paulo foi degolado e emasculado no dia 27 de outubro de 2018 na região metropolitana de Curitiba.
Os jornalistas foram avisados que fotos e vídeos dos réus estavam proibidos no fórum. A proibição foi dada pela juíza do caso, Luciani Regina Martins de Paula, após pedido dos advogados de defesa. Seis pessoas estão presas pela morte de Daniel: a família Brittes (o casal Edison e Cristiana, e a filha Allana), David Vollero, Ygor King e Eduardo Henrique da Silva. Eles são acusados de diferentes crimes cometidos durante e depois o assassinato. A sétima ré, Evellyn Perusso, responde em liberdade por falso testemunho.
Saiba como foi a audiência de hoje
Na sala de audiência do fórum, os sete réus, advogados e promotoria ouviram as primeiras 25 testemunhas de defesa, que falaram por quase 8 horas. Amigos, familiares e conhecidos dos acusados detalharam sua relação com eles, com o objetivo de humanizá-los na tentativa de traçar um perfil de pessoas "de bem". Além deles, dois policiais militares explicaram como acharam o corpo do jogador na plantação de pinus.
Nilton Ribeiro, advogado da família de Daniel, disse que viu com tranquilidade os depoimentos de hoje. "São testemunhas que tentam, se é que é possível, com todo respeito, melhorar a situação da família Brittes perante a imprensa e sociedade. A acusação não vai se intrometer, nos preocupamos somente com o processo", afirmou.
O advogado da família Brittes, Cláudio Dalledone Júnior, não quis comentar o primeiro dia de audiência. Os depoimentos continuam amanhã a partir das 9h.
Família depõe e réus choram muito
Ygor King, um dos ocupantes do carro que levou Daniel para a morte, chorou muito ao ouvir o depoimento da mãe adotiva, Eucleia Pedroso Rebelo. Ela também ficou emocionada ao recordar do dia do crime e deixou a sala pedindo desculpas a Nilton Ribeiro, advogado da família de Daniel.
A irmã de Ygor, Priscila Silva Alves, disse que o irmão estava diferente após o crime. "Vi ele no domingo após o acontecido e se percebia que tinha algo diferente. Ele só chorava, demonstrava estar chocado e abalado", contou.
Já a mãe de David Vollero, Adriana Moreno Vollero, ressaltou que o filho foi jogador de futebol dos 8 aos 18 anos e disse que conversou com ele ao saber pela TV do assassinato. "Ele estava abatido e contou o que tinha acontecido. Queria pedir perdão para a mãe do Daniel, e a gente como mãe também está sofrendo muito".
O depoimento terminou com um pedido para abraçar o filho, que também estava no Veloster preto que transportou Daniel até o local da morte. De algemas nos pés e nas mãos, David abraçou Adriana.
Irmão de Juninho acusa imprensa de "fake news"
O único familiar de Edison Brittes Júnior a falar hoje foi o irmão mais velho, Michel Ferreira dos Santos, que disse estar do lado do irmão mesmo sabendo ser errado o que aconteceu. Ele acusou a imprensa de espalhar "fake news" a respeito de brigas entre Brittes e a própria mãe, a qual registrou um boletim de ocorrência contra o filho por injúria meses antes da morte de Daniel.
Sobre o B.O, o irmão de Juninho disse que o caso foi resolvido entre mãe e filho. "Perdi amigos por causa dessas notícias falsas. Isso agora chama 'fake news'? É esse o nome?", disse Michel. "Não concordo do jeito que terminou, mas apoio meu irmão", falou.
Policiais acusados de homicídio são liberados de depoimentos
Edenir Canton e Helder Padilha, policiais civis afastados e acusados de homicídio, foram dispensados de seus depoimentos na condição de testemunhas de defesa de Edison Brittes. A própria defesa de Juninho Riqueza fez o pedido à juíza, Luciani Regina Martins de Paula.
No pedido, o advogado Cláudio Dalledone Júnior afirmou que teme pela segurança de seus clientes, que poderiam ser assassinados na cadeia por terem vínculo com policiais. Em sua exposição no fórum sobre o tema, Dalledone disse que "desistiu de ouvi-los, porque o PCC [Primeiro Comando da Capital[, que manda nas cadeias, pode dar ordem para matar os Brittes por causa do vínculo com policiais".
Policiais contam como acharam o corpo de Daniel
Os primeiros policiais militares a chegar no local em que o corpo de Daniel foi deixado após ser morto explicaram como acharam a vítima. Alexandre Francisco da Silva e Luís César da Fonseca falaram que um rapaz achou o corpo ao passar pela via e avistar marcas de sangue e chamou a polícia.
Alexandre Francisco da Silva relatou que o corpo estava abandonado e que os policiais trabalharam para preservar o local do crime assim que constataram o óbito. Luis César da Fonseca disse que a vítima estava entre arbustos. "Da estrada não era possível ver o corpo. Para visualizar tinha que se aproximar", explicou.
Para a acusação, os depoimentos dos dois reforçam que houve ocultação de cadáver depois do assassinato.
Como a moto de traficante foi parar nas mãos de Brittes
O primeiro depoimento do dia foi de Celso Alexandre Pacheco de Quevedo, o dono da moto modelo CBR 1000, 2011. Quevedo cumpre pena por tráfico de drogas. Ele deixou o presídio de Piraquara-PR para o depoimento e confirmou ser o dono do veículo, mas negou conhecer Edison Brittes Júnior.
Segundo ele, a moto estava em uma revendedora e recebeu R$ 45 mil pela venda. Ele afirmou que parte do dinheiro foi para quitar débitos no banco.
Segurança relata confusão com Daniel em boate
Convocado como testemunha de defesa, o segurança da boate Shed Marcelo Guerra afirmou que viu Daniel se envolver em uma confusão por causa de uma garota na saída do local, onde foi comemorado o aniversário de 18 anos de Allana Brittes. "Daniel a importunou e quase houve briga", afirmou.
Segundo ele, a menina havia reclamado que o jogador estava incomodando e três amigos dela quase brigaram com o atleta do lado de fora do estabelecimento. As imagens da Shed já foram pedidas pela juíza do caso.
Gesseiro e comerciante viram Brittes no dia do crime
Edison Brittes Júnior deixou a casa onde mora antes do crime para comprar mais bebidas para os convidados do "after party" que aconteceu depois da comemoração do aniversário de sua filha na boate Shed. O dono do comércio que atendeu Brittes naquele sábado, Douglas Silveira, disse em depoimento que notou o cliente nervoso. "Edison aparentava ter passado a noite em festa por estar arrumado. Estava um pouco nervoso. Parecia incomodado com alguma coisa", falou sem explicar o motivo do nervosismo.
Naquele sábado de manhã o gesseiro Vilmar Coniegner passou na casa de Edison Brittes Júnior, onde Daniel foi espancado, para deixar alguns materiais de construção. Ele disse que foi recebido por Brittes na rua e que não notou nenhuma movimentação estranha.
"Edison disse que voltaria em cinco minutos. No retorno, não percebi nada de anormal", afirmou Vilmar, que ainda explicou que sua relação com Edison é apenas profissional.
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