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Caso Daniel

Legista independente diz que pênis foi cortado após morte de Daniel

Daniel foi morto em 27 de outubro, na região metropolitana de Curitiba - Divulgacao/saopaulosp.net
Daniel foi morto em 27 de outubro, na região metropolitana de Curitiba Imagem: Divulgacao/saopaulosp.net

Dimitri Valle e Karla Torralba

Do UOL, em São José dos Pinhais e São Paulo

02/04/2019 16h18

Uma das testemunhas de defesa a depor hoje (2) na audiência de instrução do caso Daniel, o médico legista aposentado Carlos Beltrame afirmou que o jogador foi emasculado após a morte. O laudo oficial do Instituo Médico Legal de Curitiba anexado ao inquérito policial não apontou de forma conclusiva qual ação ocorreu primeiro naquele 27 de outubro: o degolamento ou a emasculação.

"Com sangue acumulado ou não no local do ferimento, é possível provar que a lesão é post-mortem. Se não tem leucócitos no local da lesão, indica que ela foi feita sem reação, ou seja, o corpo não tinha sinal vital", afirmou o médico legista contratado pela defesa de Eduardo Henrique da Silva, réu por homicídio, ocultação de cadáver e fraude processual, e um dos ocupantes do Veloster preto dirigido por Edison Brittes Júnior.

Eduardo, David Vollero e Ygor King acompanharam Edison Brittes Júnior de carro com Daniel no porta-malas até o local em que o jogador foi morto. Brittes assumiu a autoria do assassinato de Daniel, mas se calou à polícia sobre qual fato aconteceu primeiro se foi a degola ou a castração.

"A lesão no pescoço causa hemorragia fulminante e morte em poucos minutos. A pressão arterial no pescoço é muito maior do que na parte inferior da perna, por exemplo. Há nervos no pescoço que podem causar a inibição do coração, levando à morte imediata", falou Beltrame.

O objetivo da defesa de Eduardo Henrique da Silva com o depoimento do médico legista é descartar o meio cruel na morte de Daniel. Segundo o advogado do réu Alexandre Stadler, a morte em segundos derrubaria tal tese.

"Ele foi decapitado e em razão de segundos teve a morte. Em razão de segundos não teve o meio cruel", disse Stadler, antes do depoimento do médico, aos jornalistas presentes no fórum de São José dos Pinhais-PR.

O assistente de acusação e advogado da família de Daniel Nilton Ribeiro discorda de que a análise do médico legista seja suficiente para derrubar o agravante de "meio cruel". "Não é só o local da degola. Nos depoimentos dados na delegacia, os acusados disseram que ele gritava que nem um porco e se engasgava com o próprio sangue. Não deixa dúvida que o que aconteceu foi muito cruel. Com todo respeito, o médico legista está equivocado", opinou.

Relembre o caso

Daniel Correa foi morto no início da manhã de 27 de outubro do ano passado após participar da festa de aniversário de 18 anos de Allana Brittes em uma boate de Curitiba. Depois da comemoração, alguns convidados seguiram para a casa da garota, incluindo Daniel.

Na casa de Allana, o pai da menina, Edison Brittes Júnior, iniciou uma sessão de espancamento contra Daniel após ter visto o jogador em seu quarto, onde sua mulher Cristiana Brittes dormia. O atleta apanhou de vários homens até ser levado de carro por Edison, David Vollero, Eduardo Henrique da Silva e Ygor King até uma estrada.

No local Daniel foi degolado e emasculado. O corpo do jogador foi achado naquele final de semana.

Seis pessoas estão presas pela morte de Daniel: a família Brittes (Edison, Cristiana e Allana), David Vollero, Ygor King e Eduardo Henrique da Silva. Eles são acusados de diferentes crimes cometidos durante e depois do assassinato. A sétima ré, Evellyn Perusso, responde por falso testemunho em liberdade.

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