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Pituca comenta boa química com Sampaoli e se defende: "Não sou mercenário"

Eder Traskini

Colaboração para o UOL, em Santos

02/04/2019 04h00

O meia Diego Pituca está em alta com o técnico Jorge Sampaoli. Um dos pilares do meio-campo da equipe, o jogador já foi escalado em pelo menos três posições diferentes e ganhou elogios do treinador em três entrevistas coletivas. O UOL Esporte mostrou as palavras do treinador ao atleta, que agradeceu e retribuiu os elogios (veja o vídeo acima).

Pituca revelou que, desde que assumiu o Santos, Sampaoli pediu para que ele tocasse menos na bola e aparecesse para quebrar as linhas adversárias. O meia confirmou que o argentino é "brincalhão" dentro do vestiário e que sempre deixa os jogadores "pilhados" na preleções antes de subir ao gramado, pedindo para que os atletas façam história do Peixe.

No entanto, se em campo tudo vai bem, fora dele nem tanto. Pituca parece preso em looping eterno quando o assunto é renovação de contrato. Recebendo cerca de 40 mil reais por mês, o jogador tem o menor salário dentre todos os titulares do Santos e a negociação por um aumento para o jogador já se estende há quase um ano.

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte o meia do Peixe revelou que não fica chateado com o arrastado processo de renovação em si, mas sim com notícias que ele chama de 'fake' e com xingamentos de parte da torcida.

"Chatear não (a novela pela renovação). Estou jogando, feliz. Não importa se vou ganhar 200 mil ou o mesmo salário que ganho hoje. Tem muita gente me xingando, mas não sabe que meu contrato é até 2021. Muita gente falando que eu sou mercenário, não sou. Tem muita coisa sendo dita que não é verdade, muitas notícias que me deixam chateado. Tem gente que posta que eu recusei 400 mil reais e muita gente acredita, isso que é pior. Não é verdade isso, não recusei 400 mil nunca, não sou doido", disse à reportagem.

O Peixe chegou a oferecer valores na casa dos 120 mil reais mensais ao jogador e, depois de muita conversa, um acordo chegou a ser costurado, mas detalhes contratuais emperraram a negociação e impediram a assinatura.

O empresário do jogador, Adalberto Almeida, afirma que a multa rescisória do jogador é de 8 milhões de reais, enquanto o presidente José Carlos Peres garante que o valor é de 50 milhões de reais. O Cruzeiro é um dos interessados em contar com o jogador, mas não formalizou proposta ao Peixe e Pituca, de fato, tem vínculo válido até maio de 2021.

Diego Pituca comemora - Marcello Zambrana/AGIF - Marcello Zambrana/AGIF
Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Confira a entrevista na íntegra:

UOL Esporte: Você já jogou como primeiro e segundo volante, meia central e até lateral-esquerdo. Tem uma posição preferida dentro do esquema do Sampaoli?

Diego Pituca: Jogar com o Sampaoli é sempre mais fácil, sempre temos a bola. A que eu mais gosto é de segundo volante, ainda mais agora que estou chegando mais na área como ele está me pedindo. Mas onde ele precisar eu vou dar meu máximo para ajudar.

UOL: Qual é a principal diferença de jogar nessa posição com o Sampaoli?

Pituca: Ele é muito técnico, gosta que a gente fique com a bola, chegue na área, quebre as linhas adversárias. É uma coisa muito diferente e que eu não tinha pegado aqui no Brasil ainda. Estamos evoluindo bastante com isso.

UOL: Jogou vários jogos seguidos sendo que o Santos alternou time reserva e titular, mas o Pituca sempre esteve lá. Sente que é titular absoluto?

Pituca: Acho que não. Estou trabalhando, mas não. Sampaoli dá oportunidades pra todos, cabe a nós conseguirmos agarrar. Estou tentando agarrar da melhor maneira possível, mas titular absoluto ninguém é.

UOL: Quando chegou ao Santos você veio para o time B, subiu ao profissional, conseguiu uma oportunidade e se tornou titular do time em pouco tempo. Você esperava conseguir tudo isso em tão pouco tempo?

Pituca: Quando eu estava no sub-23 eu já falava que era só um alambrado pra cá (profissional). Trabalhei muito, todo dia lá era uma final de Copa do Mundo porque eu sabia que estava mais perto do meu sonho que era jogar com a camisa do Santos. Poder jogar, ajudar o time e fazer gols, pra mim é um sonho.

UOL: Você tirou a camisa após fazer o gol na partida contra o Red Bull Brasil. Como foi isso? Levou bronca?

Pituca: Já tinha feito um antes, mas o VAR anulou e foi bem anulado. Poder fazer o gol me deixou muito feliz, ainda brinquei com a minha mulher que se fizesse o gol iria fazer umas brincadeiras, dar o tiro, tirar a camiseta... Tinha um cara me xingando ali (na arquibancada), toda hora que eu passava ali ele xingava, e aí foi por isso que coloquei a mão na orelha e a torcida começou a gritar meu nome. Tomei bronca do Sampaoli, da minha namorada, da minha mãe... Fiz dois gols e tomei bronca (risos). Minha mãe me ligou pra pedir pra não tirar a camisa porque nos outros clubes eu tirava também e no Botafogo eu fiquei fora de uma decisão por ter tirado a camiseta. Ela pediu pra não fazer mais, então tem que obedecer a mãe né (risos).

UOL: O que te surpreendeu do Sampaoli?

Pituca: Vendo ele trabalhando, pensava que era mais rígido, mas não. Ele cobra sim, mas quando tem que brincar, ele brinca. E também o método de trabalho dele, que não esperávamos que iríamos nos adaptar tão rápido.

Diego Pituca com a bola - Ivan Storti/Santos FC - Ivan Storti/Santos FC
Imagem: Ivan Storti/Santos FC

UOL: Em algum momento você chegou a pensar que esse esquema dele não iria dar certo?

Pituca: No começo todo mundo duvidou. Quem chega mais perto desse esquema é o Diniz, que já tinha sido muito cobrado nos últimos times que passou. Com ele, tivemos uma evolução muito boa. Conseguimos fazer o que ele pediu, mas ele diz que não estamos 100% ainda, que tem muito a melhorar.

UOL: Dizem que o Sampaoli gosta de brincar dentro do vestiário, quando as câmeras não mostram. Tem alguém que ele gosta de brincar mais?

Pituca: Não, ele brinca com todo mundo, dá tapa... até alguém acertar ele, né, mas ninguém tem coragem não, se não já era (risos). Ele é muito gente boa, gosta de brincar na hora certa. Não dá pra ver que é brincalhão, esconde bem, mas é sim.

UOL: Sampaoli pediu para que a preleção no vestiário não seja mais filmada após o clássico contra o São Paulo. Como é a preleção dele?

Pituca: Todo jogo entramos pilhados. Ele mexe com o brio da gente. Ele passa mastigado o que o adversário tem e termina sempre falando para dar alegria para essa torcida porque estamos jogando no maior time do Brasil, onde jogou Pelé e Neymar. Fala que não podemos somente passar por aqui, temos que fazer história.

UOL: O processo de renovação de contrato que já se arrasta por tanto tempo te deixa chateado?

Pituca: Chatear não. Estou jogando, feliz. Não importa se vou ganhar R$ 200 mil ou o mesmo salário que ganho hoje. Tenho contrato até 2021. Tem muita gente me xingando, mas não sabe que meu contrato é até 2021. Muita gente falando que eu sou mercenário, não sou mercenário. Estou feliz no Santos, claro que quero renovar, depende do presidente, mas vamos com calma. É complicado, já deixei bem claro pra todo mundo: empresário, presidente, Renato... Quero ficar no Santos, renovar com o Santos. Tem muita coisa sendo dita que não é verdade, muitas notícias que me deixam chateado. Tem gente que posta que eu recusei R$ 400 mil reais, eu falei 'caramba, onde que eu recusei isso?' e muita gente acredita, isso que é pior. Muitos me xingam sem saber a verdade. Não é verdade isso, não recusei R$ 400 mil nunca, não sou doido. Fico chateado com isso, mas com o presidente eu estou tranquilo, conversamos, temos amizade boa. Quero renovar, mas não adianta ficar correndo atrás dele. Estou tranquilo, jogando e mostrando dentro de campo que mereço uma valorização.

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