Tchê Tchê ajuda o São Paulo a reparar problema gerado há dois anos
A contratação de Tchê Tchê era tratada como alta prioridade para Cuca. Foi o primeiro nome sugerido pelo técnico à diretoria do São Paulo, reforçando um diagnóstico que há tempos pairava sobre o elenco: a falta de jogadores para a função de segundo volante. O treinador rapidamente identificou a necessidade e indicou um nome de confiança para tentar reparar um problema que começou a afetar o Tricolor há quase dois anos.
Tudo começou em junho de 2017, quando os dirigentes são-paulinos resolveram aceitar uma proposta do Lille, da França, por Thiago Mendes. O volante revelado pelo Goiás estava no Morumbi desde janeiro de 2015 e era visto como uma das peças mais completas do grupo que era treinado por Rogério Ceni. Pesou a necessidade do clube de vender jogadores e também o desejo da família de Thiago de morar na Europa.
O São Paulo recebeu cerca de R$ 27 milhões pela venda ao Lille, seguiu em sua recuperação financeira, mas nunca conseguiu suprir a saída de Thiago Mendes tecnicamente. Na ocasião, o volante contratado para ser o substituto de Thiago foi Petros, que até emplacou boas atuações e uma relação de carinho com a torcida, mas não exercia o mesmo papel do antecessor. Principalmente na tarefa de acelerar a transição para o ataque e participar de jogadas ofensivas.
Em 2018, o São Paulo chamou de volta Hudson, que estava emprestado para o Cruzeiro. Ele, Petros e Jucilei se revezavam no Campeonato Paulista para formar a dupla de volantes, o que deixava o meio de campo muitas vezes pesado ou pouco produtivo ofensivamente. Petros saiu no meio do ano, o garoto Liziero foi promovido e deu novo gás para o setor, mas o problema voltou a afetar o time quando Diego Aguirre insistiu com a parceria entre Jucilei e Hudson.
No melhor momento tricolor ao longo do último Campeonato Brasileiro, Jucilei estava machucado e Liziero era titular com Hudson. Na reta final do Paulistão de 2018, o time também cresceu quando Liziero entrou no meio com Petros e Jucilei. A presença de um volante de melhor saída sempre deixava o São Paulo em um patamar superior e isso se repetiu nesta temporada também quando Liziero se recuperou de seguidos problemas físicos e passou a formar dupla com Luan.
Boa parte das críticas sobre o diretor-executivo de futebol Raí, sobre o planejamento de 2019, passou por isso. Já se sabia que Liziero era o único volante do elenco com características mais ofensivas e de armação de jogadas. A diretoria chegou a tentar a contratação de Willian Arão, menos organizador, mas com reconhecido potencial como "elemento surpresa" na área. O Flamengo, no entanto, fez jogo duro e o negócio não avançou.
Nenhum outro jogador, então, foi buscado para a função. O único volante contratado para este ano foi Willian Farias, reconhecidamente um atleta de marcação. Era um negócio de oportunidade, sem custos e com salário baixo, mas que não atendia à demanda do elenco. Quando Liziero se lesionou, André Jardine voltou a sofrer com uma equipe mais pesada e pouco criativa e sucumbiu na Copa Libertadores da América.
Em resumo, Thiago Mendes esteve por dois anos e meio no São Paulo, marcou 12 gols e deu dez assistências. Todos os outros volantes que defenderam o São Paulo de janeiro de 2017 até agora somam dez gols e 14 assistências. O melhor dessa lista é justamente Liziero, que tem três gols e duas assistências em um ano de profissional.
Cuca esteve a par de toda essa dificuldade do São Paulo nos últimos anos e também entende que seu estilo de jogo depende de meio-campistas rápidos, que possam acelerar as transições ofensivas e qualificar a saída de bola. Por isso o nome de Tchê Tchê foi indicado tão rapidamente e o técnico batalhou tanto para convencer os dirigentes a comprá-lo.
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