São Paulo esperou mais de um ano e contou com ajuda de Pablo para ter Volpi
Tiago Volpi foi o herói do São Paulo, que volta a uma final de Campeonato Paulista após 16 anos. Mas o Tricolor precisou ser muito insistente para que, no último domingo, o goleiro estivesse ali, no Allianz Parque, para defender dois pênaltis e eliminar o Palmeiras. Entre o primeiro contato com Volpi e a contratação do arqueiro, foram 15 meses de espera e persistência.
O responsável por procurar Volpi pela primeira vez foi Alexandre Pássaro, que na época ainda não havia sido promovido a gerente-executivo de futebol. Entre setembro e outubro de 2017, o advogado sabia que Denis deixaria o clube no fim da temporada e que Renan Ribeiro também sairia. Seria necessário buscar um novo goleiro, e uma matéria sobre Volpi e as boas referências dadas pelo preparador Marquinhos Troucourt,o fizeram buscar mais informações.
Pássaro conseguiu o telefone de Volpi, falou sobre o interesse em contratá-lo e pediu mais informações sobre seu contrato com o Querétaro, do México. A resposta começou pessimista. Afinal, os mexicanos haviam acabado de recusar uma investida de uma equipe dos Estados Unidos e afirmava que só iria negociar a partir de dez milhões de euros (na cotação de hoje, mais de R$ 43 milhões). Mas Volpi também deixou uma esperança: pensava em voltar ao Brasil e via o São Paulo como um de seus destinos favoritos.
Embora não houvesse nenhuma perspectiva a curto prazo de contratar o goleiro, Pássaro decidiu manter contato com Volpi. Os dois trocavam mensagens em datas comemorativas e passaram a falar sobre futebol e outros assuntos. Enquanto isso, o São Paulo, ainda com Vinicius Pinotti como diretor-executivo e com aprovação do presidente Carlos Augusto de Barro e Silva, procurou o Bahia e encaminhou a contratação de Jean - ela só seria efetivada em dezembro após a chegada de Raí e renegociação dos valores.
Volpi seguiu no radar são-paulino mesmo assim e, em maio do ano passado, avisou Pássaro que estava no Brasil e que era possível voltar a conversar. Foi nesse papo que o dirigente tricolor descobriu que o empresário do goleiro era Eduardo Uram. Os três conversaram por telefone e a situação de Volpi no Querétaro foi destrinchada: salários, tempo de contrato, chance de renovação.
O time mexicano afirmava que manteria a pedida de 10 milhões de euros independentemente do tempo de contrato restante. O vínculo era válido até o meio de 2020 e a intenção era renovar a qualquer custo. As portas ficaram abertas para o São Paulo procurá-lo novamente, mas mais uma vez a sensação era de que o negócio dificilmente seria viável.
No fim do último ano, quando o São Paulo definiu que Sidão não ficaria mais no clube, o departamento de futebol entendeu que novamente seria necessário observar goleiros no mercado, mas não como prioridade. A ideia era procurar oportunidades baratas e mais experientes, que pudessem competir pela titularidade com Jean. Isso porque Lucas Perri seria reserva imediato em uma temporada com Copa Libertadores da América. Havia certo temor de que o garoto precisasse estrear no profissional logo em jogos tão importantes - depois da chegada de Volpi, o jovem decidiu ser emprestado para o Crystal Palace, da Inglaterra.
Foi aí que Pássaro decidiu que falaria de novo com Volpi, mas com uma outra estratégia. Ciente de que o goleiro queria voltar ao Brasil para ter mais projeção e manter o sonho de ir à seleção brasileira, o gerente tricolor apareceu como uma solução: avisar o Querétaro que a renovação contratual só seria assinada com a condição de ser emprestado a um clube brasileiro e com preço fixado ao final da cessão.
A ideia só pode ser levada para frente porque Volpi ainda não havia iniciado as conversas para renovar o vínculo com os mexicanos. Uram entrou em contato com os dirigentes do Querétaro, explicou o interesse do São Paulo e, pela primeira vez, sentiu uma abertura para negociar. As tratativas começaram. O São Paulo queria um empréstimo gratuito, o Querétaro queria preço fixado de 7 milhões de dólares (cerca de R$ 27 milhões).
As duas partes resistiram, barganharam, até que Uram e Volpi avisaram o São Paulo sobre o interesse do Flamengo, que na época tinha Diego Alves afastado, esperava a posse da nova diretoria e ainda não sabia quem seria o técnico da equipe em 2019. Por toda essa indefinição, os rubro-negros pediram um prazo maior para enviar uma proposta ao Querétaro.
O Tricolor precisou correr para elaborar uma oferta dentro da realidade financeira do clube, mas suficiente para conquistar os mexicanos. O resultado foi a seguinte proposta: empréstimo de um ano, ao preço de 500 mil dólares (quase R$ 2 milhões), com preço fixado em 5 milhões de dólares (aproximadamente R$ 19 milhões) e renovação com Volpi no Querétaro até o meio de 2022.
Finalmente o Querétaro cedeu. Mas ainda era precisou oferecer a Volpi condições interessantes, já que o Flamengo ainda estava no páreo. O goleiro aceitava receber menos no Tricolor para viabilizar o empréstimo, mas Pássaro quis preparar um plano de carreira para uma eventual compra no fim de 2019. Assim, já deixou definido um novo salário para o possível novo contrato e outros atrativos para Volpi.
Com tudo pronto e o prazo se aproximando para a proposta do Flamengo ser enviada, era preciso garantir que Volpi estivesse cativado pelo São Paulo. Pássaro recorreu a dois jogadores do elenco são-paulino que haviam jogado com o goleiro no Figueirense: Bruno Alves e Pablo. O detalhe é que Pablo havia acabado de ser anunciado pelo Tricolor e, com três dias, já tinha uma tarefa a cumprir.
Pablo e Bruno criaram um grupo de Whatsapp com Volpi e o bombardearam com mensagens sobre as vantagens de se transferir para o São Paulo. Prometeram que Raí ligaria para ele e apresentaria um projeto promissor, que o ambiente era bom. Raí e Pássaro falaram em confiar no poder de liderança do goleiro, que resolveu aceitar a transferência em 22 de dezembro. No dia seguinte, o Tricolor oficializava a contratação.
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