Nilmar chora em desabafo sobre depressão: "Só quem passa sabe a dor que é"
Quase dois anos depois de rescindir contrato com o Santos após ter um quadro de depressão diagnosticado, o atacante Nilmar desabafou sobre a doença em entrevista ao ex-jogador Roger Flores no programa "Esporte Espetacular", da Globo. Aos 34 anos, ele se emocionou ao revelar que enfrentou dificuldades na relação com os próprios filhos, Henrique e Helena, e que só se considerou curado após um ano de tratamento.
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"Só quem passa sabe a dor que é. Eu estava sem força para brincar com os meus filhos quando chegavam do colégio. Um dos motivos que me fizeram aceitar ter voltado do mundo árabe eram meus filhos já maiores poderem ver o pai jogar. Mas eu me machucava muito, não consegui fazer aquilo. Eu tentava, mas não tinha força para brincar, dar carinho, abraço. Hoje consigo ver que passamos uma imagem de super-herói às pessoas, mas por trás de tudo a gente é muito exigido, muito cobrado, e isso prejudica. Hoje consigo enxergar pelo lado de fora que tudo aquilo que vivi foi para fortalecer minha relação com eles. Dou valor às pequenas coisas, aquelas que quando estamos em um mundo muito glamouroso e de sucesso esquecemos", desabafou Nilmar, que se diz ainda "superando" a depressão.
"Quem já viveu sabe a tristeza e a angústia que é. Não adianta brigar, dizer 'ah, amanhã vou estar melhor'. É o tempo. Quem vive isso sabe que é o tempo que dá resposta, junto com os medicamentos. Depois de seis meses eu comecei a melhorar, mas um ano eu consigo enxergar tudo. Ainda tem dias em que acordo 'vamos?', 'vamos?', 'hoje vamos'. Eu consegui superar e estou superando a cada dia, é uma luta. E com essas pessoas maravilhosas não tem como não sorrir, estar feliz", disse o jogador, que contou com a companhia da esposa Laura e dos filhos durante o papo com Roger Flores.
Revelado nas categorias de base do Internacional, Nilmar defendeu Lyon, Corinthians, Villarreal, Al-Rayyan, Al-Jaish, Al-Nasr e Santos, em que jogou somente duas partidas, além da seleção brasileira. Foi durante a concentração antes de uma partida pelo Santos, em agosto de 2017, que ele sentiu os primeiros efeitos da doença: "Duas semanas antes desse jogo eu vinha sentindo uma ansiedade diferente. Mas nesse dia do Cruzeiro desligou uma chavinha, eu só chorava, tive insônia, não conseguia dormir. Depois eu fui para o hospital dois dias fazendo exames, não diagnosticaram nada, então fui entender que precisava procurar profissionais como psicólogo, psiquiatra e medicação no tratamento. Foi um choque muito grande, porque sou um cara tranquilo e me cobrava de não querer estar nessa situação."
Nilmar acredita que ter sido estigmatizado como um jogador frágil prejudicou sua carreira. Ao todo foram quatro cirurgias no joelho. Aos 34 anos, ele diz que está mais próximo de pendurar as chuteiras do que continuar no futebol: "As pessoas me ligam para consultar e ninguém conseguiu me passar algo que eu pensasse e falasse que vale a pena, que é um lugar bacana, um projeto legal, que vale a pena tentar."
O foco é a saúde mental. "Eu fico mais atento para não ter recaídas. Mas esse ano é de realizações com a família."
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