Topo

Palmeiras

Palmeiras e Globo: "diferenças de conceito" travam acordo entre clube e TV

Galiotte ainda não topou ofertas da Globo para novo contrato - Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação
Galiotte ainda não topou ofertas da Globo para novo contrato Imagem: Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

22/04/2019 11h46

A novela na negociação com o Palmeiras é uma das preocupações que a Globo preferia não ter a menos de uma semana da abertura do Brasileirão. Apesar das conversas semanais, o acordo ainda não está próximo de ser colocado no papel por conta do que tem sido tratado pelo clube como "diferenças de conceito". O Alviverde espera uma nova proposta da emissora nos próximos dias.

Maurício Galiotte e companhia não topam a cláusula de redução por conta do acordo com a Turner e ainda apontam para uma redução drástica no que é oferecido pela TV aberta. O Alviverde ainda questiona outros pontos como o critério de medição do número de assinantes no PPV.

Multa por fechar com a Turner

Este é o ponto mais conhecido do debate. A Globo impõe aos times que fecharam com a Turner para a TV fechada uma cláusula que reduz o valor tanto na TV aberta quanto no pay-per-view. A multa se aplica porque a emissora carioca alega que os torcedores assistirão aos jogos na TNT e deixarão de consumir o produto da TV aberta, além de tirar a exclusividade do pay-per-view.

Para minimizar o que considera um prejuízo, a Globo sugeriu o chamado bloqueio de praça aos clubes que fecharam com a Turner. A ideia é que os jogos não sejam transmitidos para as cidades em que eles acontecem. Com isso, o pay-per-view voltaria a ganhar o critério de exclusividade. O Palmeiras não pretende forçar a Turner a adotar tal medida e entende que isso foi um direito conquistado nas negociações.

Redução drástica na TV aberta

A cláusula citada acima é só um dos descontos aplicados pela Globo aos times que fecharam com a Turner. Na atual negociação, a emissora carioca definiu que distribuirá R$ 600 milhões entre os times que venderem os direitos para a TV aberta. Isso significa uma redução de R$ 240 milhões em relação ao último pacote ofertado pela mesma propriedade, uma queda de quase 30%.

A estratégia foi adotada pela Globosat para que o valor de TV fechada passasse de R$ 60 milhões no último contrato para R$ 500 milhões. Há um aumento significativo, mas ele não contempla os times que fecharam com a Turner, que ofertou R$ 520 milhões por essa propriedade.

Ou seja, na prática, o Alviverde e os outros times do Esporte Interativo perderão 30% em relação ao que tiveram no contrato passado por conta da redução na TV aberta.

Garantia de transmissões na TV aberta

Os clubes dividirão igualmente 40% do total a ser recebido entre TV aberta e fechada. Além disso, 30% são distribuídos de acordo com o desempenho na competição. Os outros 30% são pagos conforme o número de aparições nas transmissões, fator que nenhum clube pode controlar. É por isso que o Alviverde pede um número mínimo de jogos nas quartas e domingos da Globo.

Danilo Avelar marca Everton Ribeiro em jogo entre Corinthians e Flamengo - Marcello Zambrana/AGIF - Marcello Zambrana/AGIF
Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Garantias a Flamengo e Corinthians

Além de serem contemplados pela valorização da TV fechada, Corinthians e Flamengo também conseguiram um bom acordo no pay-per-view, onde o pagamento será feito de acordo com o time do assinante. Para esta propriedade, a Globo promete dividir 38% do total que for arrecadado em vendas.

Corinthians e Flamengo toparam assinar porque garantiram uma taxa fixa de 18,5% deste total. Ou seja, mesmo que os corintianos e flamenguistas não atinjam esse percentual de assinantes, eles têm a garantia que estarão entre os mais bem pagos. Além de não ter a mesma garantia, os palmeirenses ainda questionam o motivo de apenas 38% serem repassados aos clubes.

Critérios de avaliação no PPV

O critério de avaliação do pay-per-view também é questionado pelo Palmeiras. Na ótica alviverde, é mais justo que a medição seja feita de acordo com a audiência de cada partida e não pelo time do assinante. Na leitura de quem negocia, os times mais fortes são sempre mais assistidos, independentemente do tamanho da torcida. Por isso, o justo seria remunerar os times de acordo com outras métricas como o número de pessoas assistindo e o tempo em que a TV fica ligada em tal jogo. Há, ainda residências com mais de um torcedor e só um poderá declarar o seu time, mesmo que a conta seja dividida entre eles. Exibições em bares e restaurantes também só levam em conta o time do proprietário da assinatura.

Luvas não dão estabilidade por todo contrato

Mesmo que tenha recebido uma oferta de luva de R$ 100 milhões, como mostrou o site Notícias da TV, o Alviverde pondera que este total é dividido entre os anos de contrato. Ou seja, mesmo que o montante seja considerado alto, ele não compensaria as reduções que serão impostas até o término do contrato, em 2024. Os clubes normalmente aceitam a proposta por considerarem que a verba ajuda em curto prazo, mas esquecem do planejamento a longo prazo.

Duração do contrato x evolução da tecnologia

O Palmeiras ainda considera que o contrato de seis anos é longo. Primeiro porque vai invadir o mandato do próximo presidente, uma vez que Maurício Galiotte tem só mais três anos no cargo. Além disso, o clube lembra que a tecnologia de transmissões avança bastante e o panorama pode mudar muito de ano a ano. Essa é uma variável que precisa ser levada em conta. Nesta quinta-feira, por exemplo, o Alviverde só terá sua partida contra o Melgar transmitida via Facebook.

Paulo Turra: Palmeiras não tem só um estilo de jogar

Band Sports

Palmeiras