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Ceni "ouve" banda favorita e ironia palmeirense por cartão no Allianz

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo

28/04/2019 21h11

Rogério Ceni voltou à Série A do Campeonato Brasileiro. Depois de dirigir o São Paulo em parte do primeiro turno em 2017, quando deixou o time na zona de rebaixamento e foi demitido, o técnico estreou com o Fortaleza na elite na noite de hoje. O resultado foi ruim, uma derrota por 4 a 0 para o Palmeiras no Allianz Parque, local onde nunca ganhou uma partida desde a reinauguração, em 2014.

O ex-goleiro foi um dos grandes protagonistas da noite na capital paulista. A torcida palmeirense o xingou antes da partida, quando foi cumprimentar o colega Luiz Felipe Scolari e os reservas do Verdão. Durante a partida, o ídolo são-paulino foi lembrado em apenas uma ocasião: no segundo tempo, após longa reclamação com o quarto árbitro no segundo gol do Palmeiras, um cartão amarelo foi mostrado em direção ao banco de reservas e a torcida mandante foi à loucura.

A festa irônica foi ainda maior quando o sistema de som e os telões do Allianz Parque mostraram que o cartão havia sido para Ceni - embora não tenha ficado clara a indicação do árbitro Bráulio da Silva Machado. Afinal, o auxiliar Charles Hembert era o mais exaltado na reclamação e o juiz apontou para trás de Ceni no banco. Só depois da partida, Ceni confirmou que o cartão amarelo, na realidade, não foi para ele.

Além da bronca com a arbitragem, Ceni também mostrou certa irritação com o lateral-direito Tinga. O defensor passou todo o primeiro tempo escutando orientações e cobranças do treinador, incomodado com os erros de posicionamento e marcação do comandado.

Agitado, o técnico do Fortaleza também ficou indignado com passes errados e com a falta de agressividade de seu time. Apesar de ter armado a equipe com apenas dois meio-campistas e quatro atacantes, o Leão só foi ter chances claras de marcar na metade do segundo tempo, com Osvaldo parando em duas defesas de Weverton.

O fim da partida apresentou um momento interessante. Diversos jogadores do Palmeiras foram até Ceni para cumprimentá-lo. Os abraços mais efusivos foram de Marcos Rocha e Weverton. Após a cordialidade com os rivais, Ceni se dirigiu ao trio de arbitragem, falou brevemente e saiu lentamente para o vestiário, debaixo de algumas vaias e xingamentos.

A essa altura, o ex-goleiro já estava apenas de camisa social, sem o paletó e a capa de chuva que o acompanharam durante a etapa inicial, quando uma forte chuva caía no Allianz Parque. Antes do jogo, aliás, o estádio recebeu a festa de abertura do Brasileirão, com apresentação do cantor pop Di Ferrero e show de luzes. Pouco antes do início da celebração, foram reproduzidas duas músicas da banda AC/DC, uma das favoritas de Ceni, mas ele ainda estava no vestiário. O treinador é tão fã do grupo, que por anos a canção "Hell's bells" foi tocada no Morumbi no momento em que o São Paulo entrava em campo.

Essa foi a quarta vez em que Ceni esteve no Allianz Parque, que foi reinaugurado após larga reforma em 2014. Foram dois compromissos como jogador, em 2015, e um como técnico, em 2017, comandando o São Paulo. Ao todo, Ceni viu seus times levarem 14 gols, sem conseguir marcar nenhum.