Marcelo Oliveira vê Palmeiras, Fla e Cruzeiro favoritos e aguarda convites
Bicampeão da Série A e finalista em cinco edições de Copa do Brasil, Marcelo Oliveira, 64 anos, sabe como poucos o caminho das pedras para conquistar um título nacional. Em conversa exclusiva com o UOL Esporte, o treinador aponta Palmeiras, Cruzeiro e Flamengo à frente dos demais na briga pelo troféu de 2019, vê o Corinthians como possível surpresa e avisa que está pronto para voltar a trabalhar, caso apareça "um bom projeto".
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À frente do Cruzeiro nos títulos brasileiros de 2013 e 2014, Marcelo Oliveira disse acreditar que a força dos elencos e boa estrutura da Raposa, do Palmeiras e do Flamengo deixam os três times em situação mais confortável para brigar pelo título.
"Isso é muito dinâmico e imprevisível. Mas estes três são os mais preparados porque mantiveram o técnico, têm elencos já formados e têm reposição. É verdade que tem o calendário. Às vezes você está disputando a Copa do Brasil ou a Libertadores numa fase decisiva e não pode jogar com o mesmo time. Os jogadores também se desgastam. Mas estes times têm reposição, tem salários em dia e as coisas funcionando bem. Penso que essas equipes pularão na frente", analisou o treinador, que ainda tem no currículo o título da Copa do Brasil 2015 (Palmeiras) e os vices do torneio pelo Coritiba (2011 e 2012) e pelo Atlético-MG (2016).
Apesar de o Corinthians ter conquistado o título do Paulistão e estar garantido nas oitavas de final da Copa do Brasil nesta temporada, o técnico apontou o time paulista como uma provável surpresa na corrida pelo Brasileirão.
"O Corinthians é um time muito eficiente. Mas eu não o colocaria para brigar pelo título, e sim como a possível surpresa do campeonato, se posicionando bem. É um time muito difícil de ser batido em casa e isso é importante no Brasileiro. É importante ter um aproveitamento alto em casa e buscar vitórias fora contra aqueles times que não vão disputar o título, que ficam da décima colocação para baixo. O Corinthians não é um time vistoso, mas se defende muito bem, conta com o poder do técnico e com o apoio da torcida", ressaltou.
Nova geração de treinadores
Além de ser exaltado pela torcida cruzeirense, Marcelo Oliveira possui grande ligação com o rival Atlético-MG, pois foi no Galo que Telê Santana o alçou ao time profissional e onde foi vice-campeão brasileiro em 1977 - o título ficou com o São Paulo. A identificação com o galo o fez trabalhar por anos nas categorias de base do Atlético e só em 2009 fechou o primeiro contrato para assumir a equipe principal do Ipatinga.
De lá para cá, Oliveira também treinou Palmeiras, Coritiba e Fluminense. As passagens por estes clubes o fizeram conhecer alguns personagens da nova geração de treinadores, entre eles Alberto Valentim, que foi indicado por ele para assumir o Botafogo, em 2018.
"Trabalhei com o Alberto Valentim no Palmeiras. Ele era um dos meus auxiliares e quando eu saí de lá eu falei: ô Alberto, você tem potencial muito grande para crescer como um técnico. Então veio o projeto do Botafogo [em 2018] e não acertamos a base financeira. Então eu comentei o nome do Valentim e falei para darem uma chance a ele. É super normal, são ideias novas", comentou Oliveira, que também enalteceu Fábio Carrile.
"Ele é um técnico muito bom, identificado com o Corinthians. Ele tem um conceito próprio de jogo, que é vistoso e plástico", acrescentou.
Retorno de Felipão
No início de agosto de 2018, o Palmeiras anunciou o retorno de Luiz Felipe Scolari para comandar o clube paulista pela terceira vez. Para Marcelo Oliveira, o regresso do colega ao futebol brasileiro foi positivo para apagar, ou ao menos amenizar, a imagem arranhada devido à eliminação do Brasil na semifinal da Copa do Mundo de 2014, na goleada sofrida diante da Alemanha por 7 a 1.
"A carreira dele é super vencedora, tem inclusive um título mundial [em 2002]. Não se pode abrir mão da experiência do Felipão, porque o futebol não é só nomenclatura, não é só a parte teórica. Tem que ter a gestão do atleta. Tem que ter estratégia, saber lidar com vestiário, saber lidar com a derrota, com a empolgação de uma vitória. A experiência conta muito. Alguns novos treinadores são mais teóricos. A teoria você tem a todo momento no computador, na internet. Mas para adquirir 'know-how' demanda tempo", avaliou.
Humildade profissional
Apesar de trabalhar com grupos profissionais há apenas dez anos, Marcelo Oliveira tem um currículo invejável. Mas isso o não faz pensar que está no mesmo nível de treinadores badalados como Felipão, Abel Braga ou Vanderlei Luxemburgo.
"Eu me coloco num patamar intermediário. Esse pessoal já tem 35 anos como técnico. O meu tempo é de 2009 para cá, são menos dez anos porque eu fiquei um tempo parado. Temos que estar sempre buscando um pós-trabalho intenso, de boa qualidade e competência. No Brasil, infelizmente, só vale o título. Eu fui quatro vezes vice-campeão da Copa do Brasil, com três times diferentes [Coritiba, Cruzeiro e Atlético MG], e as pessoas falavam que eu era muito ruim de mata-mata e que eu não conseguia ser campeão, então é difícil. Na Europa, se você é vice-campeão, você é muito elogiado porque são 30 times. Na Copa do Brasil, são 100 times. Se você chegou à final é porque o time respondeu bem", desabafou.
Esperando propostas
Segundo treinador mais longevo à frente do Cruzeiro, com 911 dias - é superado apenas por Mano Menezes, que soma 1.006 dias -, Marcelo Oliveira não conseguiu repetir a fórmula no time mineiro e acumulou passagens por alguns clubes.
No Palmeiras, foram menos de nove meses de trabalho. A passagem no Atlético-MG foi ainda mais curta, apenas seis meses. Já no Coritiba, teve o contrato rescindido depois de cinco meses. O mesmo período de trabalho no Fluminense. Desde então, o treinador espera por uma nova proposta, mas com ressalvas.
"Eu estou aguardando uma proposta que eu entenda que possa ser boa, porque nos últimos trabalhos eu tive muita dificuldade. Sem dinheiro, pagamentos atrasados, contratações que eu não tinha feito, jogadores que não deram certo no Coritiba e também no Fluminense. Mas eu estou aguardando um bom projeto para voltar", ressaltou.
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