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Bronca de Neymar em vestiário do PSG é com franceses, mas não atinge Mbappé

Martin Bureau/AFP
Imagem: Martin Bureau/AFP

João Henrique Marques

Colaboração para o UOL, em Paris (FRA)

30/04/2019 04h00

A reação crítica de Neymar aos jovens jogadores do Paris Saint-Germain no último sábado, após a frustrante derrota na final da Copa da França, é um recado direcionado aos franceses do elenco. Aos brasileiros (Thiago Silva, Marquinhos e Daniel Alves), o camisa 10 tem dividido queixas com relação a um grupo do vestiário que julga como cheio de soberba. O atacante francês Kylian Mbappé não está presente nesta turma, segundo apuração do UOL Esporte.

A reportagem tomou conhecimento do teor das reclamações de Neymar, feita a amigos e aos outros brasileiros do PSG. No grupo de franceses, o goleiro Areola, o zagueiro Kimpembe, o lateral Kurzawa e o meio campo Nkunku são os mais atingidos pelas críticas. Já Mbappé entrou durante a temporada para o rol de "parças" do camisa 10, seja no vestiário ou na relação de amizade fora do ambiente de trabalho.

"O balanço da temporada que faço é de ser mais homem dentro do vestiário, mais unido. Todo mundo correr. Pelo que vejo ali tem muito jovem que é um pouco, não digo perdido, mas faltam mais ouvidos do que a própria boca", disparou Neymar no final de semana, após a derrota do PSG para o Rennes na final da Copa da França.

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"Algum cara mais experiente fala e eles retrucam, ou o próprio treinador fala e eles retrucam. Isso não é um time que vai longe, ou é um time que vai ter sorte no final. A gente peca nisso. Precisamos ter mais inteligência de administrar isso, e eles mais do que nós. A gente tem bagagem e eles precisam respeitar mais da mesma forma de quando eu comecei que escutava bastante e respeitava. Eles precisam seguir esse caminho também", complementou o brasileiro.

"Jovens" foi a maneira que Neymar encontrou para se referir ao grupo de franceses com fortes opiniões nos vestiários. Areola e Kurzawa já têm 26 anos, mas na visão de Neymar são jogadores reservas que tumultuam o ambiente com o excesso de contestações.

O zagueiro Kimpembe, de 23 anos, é o único do grupo que é constantemente titular. Ele e Areola são campeões do mundo com a seleção da França, mas vistos pela ala de brasileiros com pouco mérito pela conquista de 2018, pelo fato de serem reservas.

Já Nkunku, de 21 anos, incomoda Neymar por bater de frente com o técnico Thomas Tuchel por uma vaga de titular do time.

A avaliação de Neymar é a de que Areola, Nkunku e Kimpembe querem impor liderança de vestiário por serem formados no PSG. O camisa 10 avalia que Thiago Silva e Marquinhos, os dois capitães do time, são mais experientes, só que algumas vezes desrespeitados pelos franceses.

Neste cenário, Rabiot também era outro francês revelado pelo clube que incomodava Neymar pelo posicionamento forte de vestiário - o volante foi afastado do elenco nesta temporada por recusar proposta de renovação do contrato, que termina em junho.

Neymar xinga Nkunku durante Guingamp x PSG - Reprodução/Canal Plus - Reprodução/Canal Plus
Imagem: Reprodução/Canal Plus

Neymar teve um desentendimento explícito com Nkunku no começo da temporada. Ao ver o francês optar pelo chute ao invés de lhe passar a bola nos minutos finais do jogo, a reação de nervosismo foi imediata, com direito a palavrão flagrado pelo Canal Plus da França. O lance ocorreu na vitória por 3 a 1 sobre o Guingamp, fora de casa, em agosto, pelo Campeonato Francês.

A jogada simboliza o que ainda sente Neymar com relação ao grupo de franceses no PSG. A queixa de "falta humildade" entre colegas de vestiário tem sido recorrente. No ano passado, o brasileiro reclamava aos amigos de que não sentia o mesmo respeito do grupo com o que experimentou com Lionel Messi nos tempos de Barcelona.

O desabafo de Neymar foi visto pelos próximos como o de alguém que não aguentava mais tanta soberba no vestiário. O camisa 10 considera que Mbappé, pela questão técnica e pela Copa do Mundo conquistada como titular, está credenciado a ter posicionamento mais crítico ao grupo. O francês têm a fama de "bocudo" entre os brasileiros e já bateu de frente com Tuchel em algumas ocasiões.

O discurso de Neymar foi repercutido com Tuchel na última segunda-feira. "Eu sei o que o Neymar quis dizer, mas não é uma coisa que se fala fora dos vestiários. Existem jogadores que amam ganhar e outros que odeiam perder. Na verdade, todo mundo ama ganhar, mas alguns odeiam perder", se limitou a dizer o treinador alemão.