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Precisei de anos para dizer que sou gay, diz jogador australiano

Mark Kolbe/Getty Images
Imagem: Mark Kolbe/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

15/05/2019 14h38

O atacante australiano Andy Brennan ganhou as manchetes em veículos de diversos países desde ontem ao tornar pública sua orientação sexual. Aos 26 anos, ele anunciou ser homossexual.

A informação foi publicada pela primeira vez em relato no site da Associação de Jogadores Profissionais de Futebol da Austrália (PFA). No mesmo dia, ao jornal Herald Sun, Brennan afirmou que sofreu com a incerteza de sua orientação durante vários anos. Embora tenha namorado mulheres ao longo da vida, admitiu para si ser gay somente há alguns meses.

Atualmente no Green Gully Soccer Club, equipe que disputa competições equivalentes ao segundo escalão do futebol da Austrália, Andy Brennan se tornou o primeiro jogador australiano em atividade a anunciar publicamente ser gay. E em seu texto no site da PFA, descreveu o sofrimento que experimentava por não poder se abrir.

"Sou gay. É incrível dizer isso agora - eu me sinto incrível. E, estranhamente, não sinto como se fosse uma grande coisa. Em 2019, não deveria ser. Mas não foi sempre assim, e é claro que todos sabemos que há um estigma. Não deveria, mas há", escreveu.

"Ser gay, no esporte, e ainda no armário, tem sido motivo de uma queimação mental por não saber como aqueles ao redor de mim reagirão. Foi uma pressão que me consumiu. Por muito tempo, eu não estive seguro sobre mim, e certamente não era confortável falar sobre como eu me sentia (...). De fato, eu apenas me senti à vontade no ano passado, o que significa que durante a maior parte da última década, a maior parte de minha vida adulta, eu me senti inseguro. Para ser honesto, foi difícil", acrescentou.

Revelação

Em seu texto, Brennan descreveu o ano de 2018 como um "divisor de águas" no modo como encarava sua própria orientação. "Eu vivi por muito tempo não uma mentira, mas algo perto disso", relatou.

"Eu tentei esconder minha sexualidade e tentei empurrá-la para o lado. Não admitia a verdade para mim, só por causa do jeito como que eu pensava que seria percebido por um monte de gente."

"Depois desta percepção e do medo de desperdiçar mais futuro, eu finalmente admiti para mim. Cheguei ao ponto onde pensava em como contar às pessoas. Minha mente estava girando a respeito das revelações: o que vai acontecer com minhas relações com meus amigos, colegas e família? Este medo me fez duvidar de tudo ao meu redor."

A primeira pessoa a saber foi um amigo, a quem Brennan contou em um café no mês de novembro. Com o "coração acelerado", o atacante disse que não sabia como falar. "Mas quando finalmente saiu, ele foi brilhante e ficou feliz, dando-me um grande abraço - o que foi ótimo", explicou.

De lá para cá, Andy Brennan havia contado "a algumas poucas pessoas" mais próximas. Sentindo-se mais e mais à vontade, contou então aos familiares. "No fundo, eu sabia que todos eles me dariam apoio, mas ainda era difícil. É claro, eles foram incríveis e me deram muito apoio. Tenho muita, muita sorte de ter uma família fantástica e aberta", acrescentou.

Mais adiante, Brennan se abriu com amigos mais distantes, companheiros de equipe e treinadores. "O Green Gully tem sido inacreditável", celebrou.

"Obviamente, eu divido o vestiário com meus companheiros. Compartilhamos aquele espaço quatro vezes por semana - é muito tempo juntos. E é um ambiente no qual as pessoas poderiam ficar injustamente preocupados sobre alguém ali ser gay, mas meus companheiros não mudaram a meu respeito. Eles não me fizeram com que eu me sentisse diferente ou desconfortável."

Ao longo da carreira, Andy Brennan defendeu equipes de destaque no futebol australiano, como South Melbourne e Newcastle Jets. Na época, diz que não queria aceitar sua homossexualidade.

"Naquela época, eu estava realmente focado em jogar e fazer meu melhor, embora eu tenha me lesionado (...). Levei algum tempo para perceber que eu não poderia continuar vivendo aquela mentira, que eu queria ser feliz com quem eu sou", disse

"De novo, não estou fazendo isso por ninguém além de mim. Era o certo para mim. No entanto, tenho certeza de que há pessoas por aí que vivem o que eu vivi", completou.

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