Santos x Neymar faz tribunal avaliar queixa mais milionária de sua história
A polêmica transferência de Neymar do Santos para o Barcelona, ainda em 2013, terá nesta semana um momento decisivo. Nesta quarta-feira, o caso será tratado pelo Tribunal Arbitral dos Esportes (TAS, sigla em inglês), a corte máxima do esporte e com sua sede em Lausanne.
Diante da sensibilidade do processo, a audiência sequer foi divulgada pelo tribunal e os participantes têm sido mantidos em sigilo. Mas fontes em Lausanne indicaram que ele não vai viajar até a Suíça.
O caso é o mais milionário já tratado pela corte. O Santos reclama um pagamento de mais de 60 milhões de euros. Do outro lado da mesa estarão, de forma unida, a Fifa, Neymar, o Barcelona e a empresa comandada pelo pai do jogador, a N&N.
O processo foi iniciado em 2015, quando o clube paulista levou o caso para a Fifa. O Santos denunciou o atleta e a direção do Barcelona por terem descumprido as leis da Fifa de transferências ainda em 2011, quando os dois assinaram contratos mantidos em sigilo. O documento teria sido assinado praticamente três anos antes do fim dos contratos de Neymar com o time brasileiro.
Naquele momento, o Santos recebeu 17,1 milhões de euros pelo jogador. Mas ainda teve de dividir o valor com duas empresas que detinham seus direitos econômicos. Ao longo dos anos, porém, foi revelado que o contrato indicava que Neymar teria recebido um total de 58 milhões de euros.
Entre os contratos mantidos em sigilo, um deles apontava para um pagamento de 2 milhões de euros para que a N&N, empresa do pai do jogador, monitorasse jovens craques do Santos que poderiam ser de interesse do clube catalão.
Dois anos depois, a Fifa considerou que não havia base para a reclamação. Mas, agora, o caso chegou ao TAS, última instância esportiva. Ao longo dos dias, advogados suíços contratados pelo Santos apresentarão seus argumentos sobre como teriam sido traídos e como as leis foram ignoradas.
De outro lado, a Fifa defenderá sua decisão, assim como Barcelona e os representantes do jogador insistirão na legalidade da transação.
Pela complexidade do caso, uma decisão não deve ser tomada pelo tribunal durante a quarta-feira.
Procurado, o estafe de Neymar disse que não se manifestaria sobre o assunto. Apenas negou que o jogador tenha cogitado ir ao julgamento.
Por outro lado, a reportagem apurou que um dos principais argumentos da defesa do atleta para negar que o Santos foi lesado é uma carta assinada por Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, presidente do clube na época. Nela, o clube autorizava o jogador a iniciar tratativas com outras agremiações desde que uma eventual transferência ocorresse a partir de 2014 e respeitasse contrato vigente. O documento é de 2011. O ex-dirigente faleceu em 2016.
Procurado, o Santos disse que não se pronunciaria sobre questões processuais.
* Colaborou Eder Traskini, em Santos
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