Polícia investiga fraude em borderôs de 20 jogos e aponta duelo corintiano
A Polícia Civil do Distrito Federal anunciou hoje que está investigando "entre 15 e 20" jogos de futebol organizados pela empresa Roni7 Eventos, do ex-jogador Roni, preso ontem no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, por suspeita de fraudar borderôs com o objetivo de sonegar impostos.
Em entrevista coletiva nesta manhã, o delegado Leonardo de Castro afirmou que o material apreendido no estádio durante Botafogo x Palmeiras, na federação de futebol do Distrito Federal e em duas empresas será usado para definir a materialidade dos supostos crimes.
Segundo a polícia, a empresa do ex-jogador divulgava público menor do que o efetivamente presente nas arquibancadas e, assim, pagava menos impostos e taxas, calculados a partir da renda bruta informada. Ao explicar o esquema, o delegado usou o exemplo da partida entre Ferroviário x Corinthians pela Copa do Brasil, na qual haveria indício de fraude no borderô.
"A empresa realizou entre 15 e 20 jogos desde 2015 e vai ser apurado em quais desses eventos ocorreu a fraude", afirmou. "Na investigação aprofundamos em outros eventos e outras praças. Fizemos entrevistas com servidores de federações, e eles notavam certa diferença entre público presente e público declarado pela empresa nos borderôs."
"Isso ficou claro no jogo do dia 7 de fevereiro na Copa do Brasil entre Corinthians e Ferroviário quando o próprio narrador do jogo ao receber a informação do público presente, comentou que no estádio havia mais torcedores do que os divulgados", disse o delegado, coordenador de um grupo de combate à corrupção e ao crime organizado da Polícia do Distrito Federal.
O borderô de Ferroviário 2 x 2 Corinthians, pela primeira fase da Copa do Brasil, disponível no site da CBF, mostra que o público pagante foi de 19.316 pessoas no Estádio do Café, em Londrina (PR), que tem capacidade para mais de 30 mil torcedores. O time cearense abriu mão de jogar diante de sua torcida em troca de compensação financeira da empresa do ex-jogador.
Segundo os policiais, as investigações apontam que os clubes e suas federações são vítimas das fraudes, já que a empresa de Roni, associada a uma empresa de venda de ingresso, teria controle sobre toda a operação. A polícia, porém, afirma ter certeza que Daniel Vasconcelos, o presidente da Federação de Futebol do DF, sabia da prática.
Roni, Vasconcelos e outras cinco pessoas foram presas durante a partida entre Botafogo e Palmeiras ontem. A polícia apreendeu também bancos de dados, ingressos, uma arma de fogo na casa do cartola e cerca de R$ 100 mil em uma das empresas.
Os suspeitos podem ser indiciados por crimes como sonegação fiscal, associação criminosa, falsidade ideológica e, no caso de Vasconcelos, posse de arma de fogo. A reportagem vem tentando contato desde ontem com um sócio de Roni e com a federação do DF, mas até agora não teve resposta. A operação foi batizada como Episkiro, uma referência a um jogo com bola criado na Grécia que pode ter sido a origem do futebol moderno. Segundo a polícia, a palavra Episkiro pode significar também jogo enganoso.
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