Neymar tem pressão inédita em Copa América após lesões e indisciplina
Até o final de 2017, Neymar era indiscutível na seleção brasileira. Quarto maior artilheiro da história com a camisa amarela, liderou o Brasil na conquista do inédito ouro olímpico em 2016. De lá para cá, sofreu com lesões, um desgaste junto à opinião pública e um ato de indisciplina que o colocam sob pressão inédita na missão de liderar o time comandado por Tite na Copa América de 2019, disputada em casa.
Pelo PSG, os números das últimas temporadas são bons: 51 gols em 58 jogos. Duas fraturas no quinto metatarso do pé-direito em anos consecutivos, entretanto, tiraram o atacante dos momentos mais decisivos do time francês. Os resultados foram duas eliminações traumáticas nas edições de 2018 e 2019 da Liga dos Campeões, adiando o projeto de conquista da Europa traçado pela milionária equipe francesa, e que tinha em Neymar o principal pilar.
Por trás das lesões, está a narrativa de cai-cai que perseguiu Neymar nos últimos anos e se intensificou depois da Copa do Mundo de 2018, na Rússia. O Mundial trouxe uma explosão de memes e críticas da imprensa internacional sobre o comportamento do brasileiro ao receber choques dos adversários. Para tentar reverter o desgaste de imagem, o jogador respondeu aos ataques através de uma ação comercial da Gilette - o tiro saiu pela culatra.
Neymar tentou mudar sua conduta depois desse processo. Em janeiro deste ano, diante do Strasbourg, pela Copa da França, permaneceu em pé após duas pancadas do adversário, esperando uma ação da arbitragem. Na terceira, fraturou o quinto metatarso, mesma lesão sofrida em março de 2018, às vésperas da Copa. Ficou de fora da queda do PSG diante do Manchester United na Liga dos Campeões.
Foi, em parte, pensando em ajudar a resgatar imagem do seu principal jogador que Tite elegeu Neymar capitão da seleção após a Copa de 2018. A medida foi um voto de confiança para que o camisa 10 deixasse de lado as polêmicas, replicando fora de campo e nas atitudes a liderança técnica que exerce dentro das quatro linhas.
Neymar reagiu bem, e teve papel importante na integração de jogadores mais jovens como Richarlison, David Neres e Paquetá. Na reta final da temporada, entretanto, cometeu um ato de indisciplina ao agredir um torcedor com um soco após a queda do PSG diante do Rennes pela Copa da França.
O soco coloca Tite em uma saia justa: em setembro do ano passado, o técnico admitiu que a cusparada de Douglas Costa com a camisa da Juventus contribuiu para que o atacante ficasse de fora da convocação para dois amistosos. Agora, o treinador se vê diante de um caso mais grave envolvendo seu capitão e principal jogador.
O comandante brasileiro não quis falar sobre o caso antes de conversar pessoalmente com Neymar, e fez ginástica para se esquivar das perguntas durante a divulgação da lista para a Copa América. Seu camisa 10 estava entre os nomes, e o UOL Esporte apurou que a tendência é que seja mantido com a braçadeira de capitão.
Na competição continental disputada em solo brasileiro, Neymar chega com pressão inédita após os acontecimentos dos últimos dois anos. A própria seleção começa a enfrentar contestação da torcida após a queda no Mundial, e Tite sabe que um bom resultado é fundamental para a continuidade do projeto.
Dentro e fora de campo, o atacante do PSG terá que liderar o setor mais jovem da seleção. Além dele e Firmino, ambos com 27 anos, todos os demais convocados para o ataque tem menos de 23 anos: juntos, não somam metade das 97 aparições de Neymar com a camisa da seleção. O momento, para o maior craque brasileiro da atualidade, exige uma reação.
O Brasil estreia na Copa América no dia 14 de junho, diante da Bolívia, no Morumbi. Antes, enfrentará Qatar e Honduras em amistosos, nos dias 5 e 9.
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