Seleção feminina se reuniu com Vadão após 9ª derrota e fez pacto para mudar
A seleção brasileira feminina fez um "pacto" após a derrota para a Escócia, a nona consecutiva que sofreu no período de preparação para a Copa do Mundo. Agora, o grupo tenta se fechar para a disputa do torneio que as brasileiras nunca conquistaram. O time comandado por Vadão estreia contra a Jamaica em 9 de junho, quase dois meses depois da conversa franca que ocorreu em 8 de abril, após o último jogo oficial da equipe.
O UOL Esporte questionou parte do elenco sobre o tom da reunião e constatou que não houve uma carga emotiva ou dramática na conversa. Embora nenhuma delas esteja disposta a contar o que foi dito no vestiário da Pinatar Arena, onde a partida ocorreu na Espanha, foi confirmado que todas foram convidadas a dizer o que pensavam sobre o desempenho do grupo.
"O professor falou que precisava escutar isso da gente, para que a gente realmente seja um grupo. Todas nós pudemos falar, todas. Ele abriu oportunidade para todas falarmos o que estávamos sentindo, se a gente estava precisando de alguma coisa, se algo estava faltando", explicou Thaisa à reportagem em Itu, antes de embarcar para a Europa com a seleção.
A "união" foi um tema em destaque, mas a conversa priorizou questões táticas. Porém, ao ser questionada sobre qual é o diagnóstico que faz da fase atual e o que acha que precisa ser melhorado no time, a meio-campista do Milan optou por preservar a privacidade do grupo.
"É complicado eu falar qual é o ponto. Eu acho que a comissão técnica tem visto muito disso, e eu estou aqui para trabalhar e fazer o que é pedido. Não tenho essa força de falar o que acho que temos de melhorar. Eles estão vendo no que a gente pecou e o que fez de bom", disse.
Todas tiveram oportunidade de falar, mas algumas optaram pelo silêncio. Foi o caso da jovem atacante Geyse, de 21 anos, que ficou quieta na conversa por pura timidez. Se decidisse falar, não encontraria obstáculos. "Foi um papo muito bom. Eu só não falei porque sou tímida, não abro minha boca para nada, mas garanto a você: todas saíram de lá com pensamento positivo. Querendo mais, sabe? E é isso, é uma fase que podemos reverter", afirmou.
O próprio Vadão indicou que o papo o deixou na expectativa por uma volta por cima. "Eu não falei durante a reunião. Só quis ouvi-las, queria que todas dessem suas opiniões sobre o que tínhamos de fazer para o Mundial, porque não adianta mais falar de passado. Foi unanimidade que a gente vai trocar muita ideia para não deixar escapar nada. Mas pelo que as jogadoras disseram na reunião, a gente percebeu que é possível reverter tudo", afirmou o treinador em coletiva no dia em que anunciou as 23 convocadas.
Na ocasião, um dos repórteres presentes na sede da CBF perguntou ao técnico se é mais fácil acalmar um vestiário masculino ou feminino. Vadão disse que costuma ser mais difícil lidar com as mulheres. Em contrapartida, as atletas comentaram sobre o perfil do comandante.
"Ah, quando a gente merece levar bronca, ele está ali para isso. Mas é aquele treinador que te motiva muito, meio paizão", revelou Geyse, em explicação que se encaixa com o que disse Thaisa. "Ele conta histórias, busca alguns momentos de outros jogos que a gente teve. Ele é muito motivador, sim", começou a meio-campista do Milan.
"Eu já o vi muito nervoso. Não nervoso, mas chamando muito a gente. Também já o vi conversando calmo. Ele tem muita experiência, então sabe o momento de puxar a gente, o momento de chamar uma no canto e conversar um pouquinho mais após a preleção. Sabe mesclar muito bem", contou.
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