Agente ligado a Itair recebeu R$ 1,9 milhão de comissão do Cruzeiro em 2018
Carlinhos Sabiá recebeu comissão elevada do Cruzeiro em 2018. Ele embolsou R$ 1.901.920,00 por meio da Jeo Rafah Sports EIRELI, empresa que tem Felipe Costa Isidoro, filho do agente, como sócio. Mesmo sem a representação de Mayke, o empresário, que é amigo do vice-presidente de futebol Itair Machado, recebeu cerca de R$ 800 mil dos mineiros pela ida do lateral direito ao Palmeiras em definitivo. As partes confirmam a inclusão do empresário no acordo como representante da Raposa, o que normalmente é feito por Itair Machado, dirigente que ganhou mais de R$ 4 milhões em 2018.
O valor é por conta de dois negócios que o agente participou. Além da venda de Mayke ao Palmeiras, ele recebeu comissão pela compra de Bruno Silva, que pertencia ao Botafogo e tem a carreira representada por Sabiá. Hoje, o volante defende as cores do Fluminense.
As partes confirmam a inclusão do empresário no acordo como emissário do Cruzeiro no negócio de Mayke. "Eu participei sim [da venda do Mayke], fui intermediário do negócio", disse ao UOL. Perguntado pela reportagem sobre qual foi a sua participação no acordo, o agente respondeu: "Amigo, deixa eu te falar, você não tem as perguntas [do Fantástico] aí?". Diante da negativa da reportagem, ele prosseguiu:
"Eu fui intermediário do negócio, eu intermedeio a transação. Então, eu tive lá em São Paulo duas vezes. Então, assim, eu não tenho nada para falar sobre essa situação aí. O que eu posso te falar é que realmente eu intermediei. Eu tenho documentação, eu tenho tudo. Eu realmente intermediei, fui intermediário do negócio. É uma coisa normal, como qualquer outro", concluiu Sabiá.
Depois da declaração de Sabiá, o UOL teve acesso às repostas do Cruzeiro ao Fantástico sobre as transações irregulares ocorridas em 2018. O clube confirma também a participação de Carlinhos Sabiá na ida de Mayke para o Palmeiras.
"A empresa Jeo Rafah Sports Eireli tem como sócio o Sr. Felipe Costa Isidoro, filho do empresário Carlinhos Sabiá este que o assessora administrativamente nas atividades, em razão da sua experiência profissional, inclusive como ex-atleta de futebol profissional do próprio Cruzeiro", escreveu.
"Como já esclarecido, esta empresa, por seus representantes, prestou serviços em apenas dois negócios pelo Cruzeiro nos anos de 2018 e 2019: A primeira na transferência do atleta "Bruno Silva", e a segunda do atleta "Mayke", cujos valores pagos pelos serviços são compatíveis com aqueles praticadas no mercado desportivo. A referida empresa, ou seu sócio/administrador(es), não possui nenhum atleta no Cruzeiro", acrescentou.
O Palmeiras confirma que Sabiá esteve em São Paulo em setembro do ano passado para falar sobre o caso. Na reunião, porém, ele foi orientado a procurar Fábio Mello e Giuliano Bertolucci, representantes do jogador e responsáveis por conduzir a negociação. Depois disso, ele não voltou a se reunir com o clube paulista.
No entanto, houve contato de Carlinhos Sabiá com Bertolucci e Fábio Mello. Ele se reuniu com a dupla em mais de uma oportunidade para falar sobre o caso.
"O Cruzeiro o mandou para representá-lo", informou Giuliano Bertolucci ao UOL Esporte por meio de mensagem telefônica.
Mayke foi vendido ao Palmeiras em novembro de 2018 por cerca de 3,5 milhões de euros (R$ 15,8 milhões na cotação atual). Os mineiros detinham 50% dos direitos econômicos do lateral que já estava emprestado ao Palmeiras desde maio de 2017, mas ainda assim contou com a participação de Sabiá.
Ligação com Itair Machado
Itair Machado e Carlinhos Sabiá foram réus de uma ação movida por Carlos César de Faria Gonzaga. Ele alegava que a dupla pactuou contrato para que houvesse a efetivação da contratação de seu filho pelo Cruzeiro Esporte Clube, antes mesmo de Itair assumir o cargo de vice-presidente de futebol do clube.
À época, ele alegava que os contratados receberam R$ 90 mil por meio de cheques e que a dupla não obteve êxito na contratação de seu filho pelo clube esportivo, pleiteando a devolução dos valores adiantados.
"De fato, o contrato foi firmado entre as partes, no intuito de que o contestante [Carlinhos Sabiá] juntamente com o Sr. Itair [Machado] e Sr. Anderson [Nassrala], concluíssem a contratação do atleta pelo Cruzeiro Esporte Clube", diz o documento.
Em 26 de fevereiro de 2016, Carlinhos assinou termo de confissão de dívida a Carlos César da Faria Gonzaga. Em uma das cláusulas, o empresário aceita ceder parte dos direitos que tinha de Bruno Silva como garantia.
"Como garantia do cumprimento das obrigações acima ajustadas, inclusive pelos encargos moratórios e multa, no caso de inadimplemento, o CONFITENTE DEVEDOR cederá TODOS os direitos referentes ao contrato de prestação de serviços firmado entre a pessoa jurídica da qual é sócio administrador e o atleta profissional BRUNO CÉSAR PEREIRA DA SILVA, cuja cópia passa a integrar este instrumento para todos os fins de direito", diz o documento.
*Colaborou Leandro Miranda, do UOL, em São Paulo
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