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Autor de texto que veta documentos ao Conselho levou R$ 269 mil do Cruzeiro

Wagner Pires de Sá, presidente do Cruzeiro, contratou advogado para escrever documento de compliance - © Washington Alves/Light Press/Cruzeiro
Wagner Pires de Sá, presidente do Cruzeiro, contratou advogado para escrever documento de compliance Imagem: © Washington Alves/Light Press/Cruzeiro

Rodrigo Mattos e Thiago Fernandes

Do UOL, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte

31/05/2019 12h00

O Cruzeiro contratou a Poli Sociedade de Advogados para escrever a instrução normativa ao Conselho Fiscal em 2018. A empresa recebeu R$ 269.364,85 durante a temporada passada, conforme balanço contábil analítico do clube. A empresa, que tem um dos maiores faturamentos dentre os fornecedores da Raposa no último ano, é de Leonardo Macedo Poli, colega de trabalho e responsável por escrever artigos e livros com Fernanda São José, atual cônjuge do presidente Wagner Pires de Sá.

Procurado pelo UOL Esporte para falar sobre o valor recebido dos cofres do clube em 2018, o advogado foi claro: "Não gostaria de falar com você [repórter] sobre este assunto", disse por meio de telefonema.

O mandatário do clube também foi procurado pela reportagem. No entanto, não atendeu às ligações para responder perguntas e tampouco respondeu mensagens telefônicas.

Advogado na área de família, tal qual Fernanda, eles são colegas de PUC-MG (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) como professores e autores de livros e artigos juntos. O jurista participou também ativamente da campanha de Wagner Pires de Sá. Ele foi um dos responsáveis por organizar eventos para o atual dirigente durante o pleito visando o cargo de mandatário do clube mineiro. À época, ele ajudou em um encontro na sede campestre da Raposa.

A empresa de Leonardo Poli foi a responsável por escrever o documento que dita as normas ao Conselho Fiscal, o qual renunciou completamente no decorrer da semana.

O documento que possui três páginas explica que os membros do grupo que analisam as contas do clube não devem ferir o princípio da impessoalidade e tampouco a política de proteção da informação. Em outras palavras, o texto é quem atende ao "compliance", tão citado por Wagner Pires de Sá (mandatário) e Itair Machado (vice-presidente de futebol). Segundo a dupla, graças a esse conjunto de normas, a diretoria optou por não enviar todos os documentos financeiros ao Conselho Fiscal.

De acordo com o parágrafo 1º do artigo 3º, "o requerimento de informações deverá atender ao princípio da impessoalidade, à política de proteção da informação, dos dados e do segredo negocial".

O trecho seguinte do mesmo artigo explica que "pelas mesmas razões expostas no parágrafo anterior, ao fornecer as informações requeridas pelo Conselho Fiscal, o Cruzeiro Esporte Clube deverá preservar os dados pessoais e negociais de seus colaboradores, fornecedores, prestadores de serviço e dirigentes, sob pena de responsabilização estatutária, civil e penal, além de violação ao direito à imagem e à privacidade previstos na Constituição Federal de 1988".

As contas do Cruzeiro se tornaram públicas no início desta semana, depois de o programa Fantástico divulgar irregularidades no dia a dia do clube. Anteontem, a diretoria se reuniu com um grupo de conselheiros a fim de pedir apoio.

Wagner Pires de Sá convocou cerca de 250 membros do Conselho Deliberativo a fim de conversar e explicar o que há no dia a dia do clube. Menos de 100 compareceram ao local para conversar com o presidente. Nem todos ficaram de acordo com as explicações e pedidos de apoio da atual gestão.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do que foi publicado anteriormente, as contas do Cruzeiro se tornaram públicas no início desta semana e não deste ano.

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