De Gerrard a Salah: Liverpool quebra jejum após escorregão e decepções
Os dois símbolos do sucesso europeu recente europeu do Liverpool estiveram presentes no estádio Wanda Metropolitano. Enquanto Steven Gerrard, hoje treinador, torcia em uma das tribunas do estádio em Madri, Mohamed Salah precisou de apenas dois minutos para abrir o placar e encaminhar o sexto troféu de Liga dos Campeões, confirmado com a vitória por 2 a 0 sobre o Tottenham.
Entre Gerrard e Salah, um espaço de 14 anos de transformações. Da expectativa de domínio europeu, o Liverpool somou frustrações e muitas mudanças, como a saída de ídolos que surgiam como candidatos consistentes para ocupar o lugar do ex-capitão. Ao mesmo tempo, o clube voltou a ser protagonista e temido, status concretado com o título conquistado ontem (01), em Madri. Relembre
Gerrard para em Rogério Ceni
O Liverpool passou da euforia europeia para uma decepção histórica a nível global. Tudo isso em um espaço de seis meses. Gerrard e a equipe inglesa pararam em Rogério Ceni na decisão do Mundial de Clubes, no Japão. Rara derrota de um representante da Uefa no torneio - somente o Internacional, em 2006, contra o Barcelona, e o Corinthians, em 2012, diante do Chelsea, repetiram o feito.
Fama de "vice"
Desde o título europeu de 2005, o Liverpool mais perdeu do que venceu em decisões. De certa forma, a taça de ontem quebra o estigma de vice-campeão do clube - e especialmente do técnico Jürgen Klopp.
Além da medalha de prata no Mundial de 2005 contra o São Paulo, o clube britânico caiu em decisões na Liga dos Campeões de 2007, na Copa da Inglaterra de 2012, na Copa da Liga e na Liga Europa de 2016 e na Champions do ano passado. Estas três últimas sob o comando do alemão.
Títulos? Poucos
Em compensação, os títulos rarearam neste espaço de 14 anos. Até Jordan Henderson erguer a "orelhuda" em Madri, o Liverpool conquistou quatro troféus: Supercopa da Europa (2005), Copa da Inglaterra (2006), Supercopa da Inglaterra (2006) e Copa da Liga (2012). Eram sete anos de jejum até a vitória de ontem contra o Tottenham.
Escorregão de lenda "tira" título inédito
O quase marcou o Liverpool nesta quase uma década e meia, especialmente no Campeonato Inglês. Em 2014, a equipe comandada por Brendan Rodgers encantou a Inglaterra e disputou o título até o fim. Porém, por ironia do destino, o herói Steven Gerrard se tornou vilão. Um escorregão do ex-camisa 8 diante do Chelsea, em Anfield, decretou uma dolorosa derrota por 2 a 0, marcante na disputa pelo título.
O revés ocorreu na antepenúltima rodada e permitiu ao City encostar na briga pela taça. No fim, o revés abateu o elenco, que contava até então com Philippe Coutinho e Luís Suárez em grande fase. O Liverpool terminou com 84 pontos, dois atrás do rival azul de Manchester.
O lance simbólico de Gerrard caindo diante do contra-ataque do Chelsea marca, mas não é a única lembrança negativa de uma disputa direta de título. Há dez anos, a equipe também terminou em segundo lugar na liga, quatro pontos atrás do arquirrival Manchester United.
Ídolos nasceram e foram embora
Mesmo encerrada em frustração, a campanha de 2014 serviu para consolidar a criação de novos ídolos em Anfield. Entretanto, em uma década de frustrações em demasia, o torcedor viu estes grandes nomes serem seduzidos por outros mercados. Os três maiores exemplos estavam naquele ano: o trio ofensivo de Philippe Coutinho, Luis Suárez e Raheem Sterling.
O brasileiro fez jogo duro com o clube e trocou o Liverpool no meio da temporada passada para jogar no Barcelona. Os catalães anteriormente já tinham incorporado Luis Suárez, que deixou a Inglaterra como artilheiro da Premier League. Já Sterling trocou o vermelho pelo azul do Manchester City, justamente o grande algoz local dos últimos anos.
Nasce o faraó
Talvez o nome a ocupar a vaga de Gerrard no coração do torcedor tenha desembarcado em Anfield no momento de maior desconfiança sobre o trabalho de Klopp. Após um ano sem briga por títulos, Mohamed Salah chegou como uma boa aposta, após temporada de sucesso individual na Roma. Poucos imaginavam, contudo, que o atacante alcançasse tamanha idolatria em pouco tempo.
Na primeira temporada, Salah somou 44 gols e brigou para ser o principal destaque da temporada em todo o mundo; coletivamente, o Liverpool voltou a uma final de Liga dos Campeões sob o comando do egípcio. Neste ano, abriu caminho para o sexto título europeu. Fora de campo, a idolatria é ainda maior pela postura exemplar e solidária de um jogador ciente do tamanho adquirido no tradicional clube.
Nem campanha histórica quebra jejum
O ano de 2019 se desenhava como especial. Novamente, o Liverpool encantava e abria uma vantagem confortável na liderança do Campeonato Inglês. O título inédito de Premier League, enfim, parecia próximo. No entanto, nem uma campanha histórica fez a equipe reconquistar o topo na Inglaterra.
O Liverpool de Klopp, Salah, Alisson, Firmino e Van Dijk somou 97 pontos, número mais do que o suficiente para assegurar o troféu em qualquer lugar do mundo em um campeonato de 38 rodadas. Para azar da equipe, o rival direto na disputa é um time igualmente histórico: o Manchester City de Pep Guardiola, que fez 98.
Enfim, a consagração
Todas as lembranças ruins e traumas acabaram enterrados nesta Liga dos Campeões. A vitória contra o Paris Saint-Germain na primeira fase, com grande atuação de Roberto Firmino, e as fases semifinal e final ratificam o trabalho vencedor de Jürgen Klopp, iniciado lá em 2015.
Fora o triunfo sobre Neymar e companhia, o Liverpool despachou o Barcelona de Lionel Messi após flertar com a eliminação. Derrotado por 3 a 0 na ida, em atuação iluminada do argentino, o time superou as ausências de Salah e Firmino para golear por 4 a 0 e avançar à decisão.
Na final, a sombra do fracasso esvaiu-se, um ano depois de Salah se machucar contra o Real Madrid e Karius falhar em dois gols, condenando o clube ao vice. O egípcio marcou aos 2 minutos, Alisson salvou debaixo das traves, e Origi definiu a vitória por 2 a 0 para, enfim, afastar qualquer presságio ruim sobre o vitorioso time da terra dos Beatles.
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