Estava abalada psicologicamente, diz ex-advogado de mulher que acusa Neymar
O advogado José Edgard da Cunha Bueno Filho, que inicialmente defenderia a mulher que acusa Neymar de estupro e agressão, explicou hoje os motivos que o levaram a abandonar o caso.
Em entrevista à Rede TV!, Bueno afirmou ter discordado da estratégia que a então cliente queria defender. Segundo ele, seria o caso de denunciar o camisa 10 do Paris Saint-Germain e da seleção brasileira por agressão. O conteúdo das conversas por WhatsApp entre a mulher e o advogado foi divulgado ontem pelo Jornal Nacional, da Rede Globo.
"Basicamente, a minha avaliação do caso desde que me foi trazido, tanto relatos quantos as provas, foi de que o caso deveria ser encaminhado como caso de agressão, e não de estupro. Essa era minha estratégia desde o início, caso eu continuasse no patrocínio do caso", disse Bueno, sem saber se a alegada vítima foi sozinha à delegacia para registrar o Boletim de Ocorrência.
"Ela, no meio de uma conversa comigo, já estava mais abalada psicologicamente, começou a trocar mensagens mais ríspidas, e eu estava dizendo que a estratégia legal não deveria ser essa. Ela mandou mensagem duvidando da minha idoneidade, e eu disse então que deveríamos parar por ali. O que aconteceu depois, eu não tenho conhecimento se ela foi com advogado ou não", completou.
O advogado ainda deixou claro que não pretendia se pronunciar publicamente sobre o caso, até que as mensagens entre ele e sua ex-cliente foram divulgadas. Por isso, preferiu explicar sua renúncia ao caso: a alegada vítima estaria "querendo tomar uma atitude mais ríspida", e a agressividade nos contatos acabou dando início ao término da relação entre as duas partes.
"Não tenho como prática ficar retrucando com meu cliente por WhatsApp, até por falta de tempo, sobre questões técnicas. Não vou ficar discutindo com meu cliente. Já tínhamos conversado a respeito de que, para mim, a melhor forma de condução do caso era (acusação de) agressão. É minha prerrogativa, eu que toco", afirmou Bueno.
Gustavo Xisto, um dos advogados que defendem Neymar, afirmou em nota que houve um pedido de "cala boca" por parte da vítima. Segundo o texto, Neymar recebeu uma reunião em sua casa no dia 29 de maio para que os representantes das duas partes conversassem; na ocasião, a defesa da mulher teria solicitado uma compensação financeira para não relatar o caso às autoridades.
O ex-advogado da mulher confirmou o encontro, mas negou com veemência o pedido de "cala boca". "Quem me conhece sabe que eu jamais faria isso. E quem não me conhece não tem o direito de dizer isso. Tenho uma história longa na advocacia. A estratégia de defesa deles, eu respeito. Até então, estavam tendo o cuidado de não revelarem meu nome, a imagem. Estava tudo bem. Mas por conta dessa questão do Jornal Nacional de ontem, meu nome foi exposto. Então preciso me manifestar", disse.
"Fui à casa dele. Quando cheguei lá, era uma reunião com os advogados dele, o que eu achei melhor. Nessa conversa, tive todo o cuidado de explicar que eu não estava fazendo pressão, que gostaria que avaliassem junto ao cliente a veracidade. E me disponibilizei a ter uma reunião para que verificar se haveria a possibilidade de um acordo. Esse procedimento é legal, previsto em lei", acrescentou.
Nas mensagens divulgadas pela Rede Globo, a suposta vítima afirma que poderia até mesmo envolver o PCC (Primeiro Comando da Capital) no caso. José Edgard de Cunha Bueno Filho desconversou e disse, mais uma vez, que "ela estava totalmente abalada".
"Ela acusou que eu teria recebido dinheiro da parte contrária para abandonar o caso, para não fazer o que ela queria; na sequência, eu renunciei ao caso. Mandei meu sócio tomar as providências e não falei mais com ela", afirmou. "Ela estava nervosa, aflita, queira uma medida rápida, um escândalo. Não tenho esse perfil. Achei que a gente deveria encaminhar de outra forma."
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