Infantino é reeleito presidente da Fifa prometendo R$ 6,5 bi a federações
Presidente por acaso" em 2016 diante do pior escândalo de corrupção da história do futebol, Gianni Infantino ganhou mais um mandato no comando da Fifa, desta vez até 2023. Nesta quarta-feira em Paris, sem oposição, o suíço foi aclamado pelas 211 federações nacionais. Sua promessa: mais dinheiro e "tolerância zero" em relação à corrupção.
Mas seu reinado poderia chegar até 2031. "Isso não é o fim. É só o começo", declarou o suíço, ao apresentar seus resultados financeiros inéditos e uma transformação na entidade durante o Congresso da Fifa, em Paris.
Questionado por concentrar poder de forma inédita e por falta de transparência, Infantino apresentou como trunfo uma reviravolta nas contas da entidade. Se o escândalo de corrupção em 2015 havia levado a entidade a um congelamento em todas suas atividades e diante dos rumores de um colapso.
Três anos depois, ele apresentou um resultado recorde em suas contas. Uma receita de US$ 6,4 bilhões (R$ 24 bilhões) e reservas inéditas de US$ 2,7 bilhões, mais de US$ 1 bilhão acima do que existia em 2015.
Sob aplausos, Infantino ainda anunciou a distribuição de US$ 1,7 bilhão (cerca de R$ 6,5 bilhões) às federações de todo o mundo até 2022, mais de cinco vezes o que se dava em 2014. "Esse dinheiro é de vocês", disse aos cartolas de todo o mundo.
"A Fifa tem hoje a situação financeira mais solida de sua história e saindo de sua pior crise", disse. "Quando fui eleito, tínhamos orçamento de US$ 5 bilhões. Mas geramos US$ 6,4 bilhões. Num período em que ninguém quer ser parceiro da Fifa", afirmou. Mesmo com as promessas que ele fez de distribuir dinheiro, Infantino insiste que conseguiu aumentar suas reservas.
"Não estamos gastando em negócios estranhos. Estamos checando o que está ocorrendo. 100% dos membros estão sendo alvo de auditorias", completou.
Mandatos
Pelas regras, Infantino teria direito a três mandatos. Mas como sua primeira vitória em 2016 ocorreu por conta da queda de Joseph Blatter, ele apenas completou um mandato em questão e não afetaria a possibilidade de que ele concorra de novo a mais duas eleições.
Infantino, portanto, poderia ficar no poder até 2031. No total, seriam 15 anos, contra 17 no caso de Joseph Blatter (1998-2015).
Desta vez, sua plataforma eleitoral se baseou no esforço para recuperar a imagem da Fifa, principalmente entre patrocinadores. Mas, diante dos escândalos de corrupção, foi buscar novos parceiros na China.
Hoje, os direitos de transmissão no continente asiático já geram uma renda maior para a Fifa que a Europa, o epicentro do futebol mundial.
Sob Infantino, uma ampla reforma da entidade foi realizada. O Comitê Executivo com Ricardo Teixeira, Julio Grondona e outros foi encerrado e, em seu lugar, um conselho foi estabelecido.
Todos os envolvidos no escândalo de corrupção de 2015 foram afastados, ainda que nem todas as polêmicas desapareceram. No total, a entidade já gastou US$ 91 milhões para se defender nas cortes e estima que as investigações vão continuar.
Aclamação
Nesta quarta-feira, Infantino sequer teve de saber quem era contra ele. Antes da votação, a Fifa aprovou uma decisão de mudar as regras e permitir que, em caso de uma eleição contar com apenas um candidato, o voto não seria necessário. Assim, Infantino foi simplesmente aclamado.
Ao apresentar seus resultados de três anos no comando da Fifa e pedir votos para mais um mandato, Infantino garantiu: "não há mais lugar para a corrupção na Fifa".
Para ele, a organização hoje é outra e não se compara ao que existia em 2015, quando a polícia realizou uma operação e prendeu alguns dos principais dirigentes da entidade.
"Hoje temos transparência em termos financeiros. Isso foi o centro da crise na Fifa. Hoje, tudo está aberto e transparente. Hoje, não é possível fazer pagamentos escondidos ou algo não ético.
Sabemos para onde cada dólar vai. Não há mais espaço para a corrupção na Fifa. Nunca mais. Tolerância zero. A história não pode ser repetida", insistiu.
Ao falar aos dirigentes de 211 países, ele os relembrou da situação da Fifa na última eleição, em 2016.
"Lembrem-se da última eleição. Lembrem-se do estado da Fifa naquele congresso. Bem, nos últimos três anos, não foram perfeitos. Fiz erros e tentei melhorar. Mas hoje, ninguém fala de crise. Ninguém fala de reconstruir a Fifa do começo, nem de escândalos e corrupção. Falamos de futebol. Bem, o que podemos dizer demos uma volta na situação", disse.
"Em três anos e quatro meses, fomos de ser toxico, quase criminosa, para ser o que deve ser: uma entidade que desenvolve o futebol e cuida do futebol. Isso é o que eu queria dizer que teríamos de trazer o futebol de volta à entidade. É simples, basta nos concentrar em nossa missão", afirmou.
Credibilidade
Infantino também insistiu que sua gestão restabeleceu a credibilidade da entidade. "Éramos tóxicos e hoje somos convidados a falar aos líderes do G-20", disse. Ele ainda defendeu seu projeto de implementação do VAR e outras iniciativas.
"Transformamos a entidade numa nova Fifa. Uma entidade que é integridade, de modernidade e credibilidade", insistiu.
Ele, porém, deixou claro: "queremos gerar mais dinheiro no futuro".
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