Caso Rodrygo e "mudança de ideia" colocam Santos e CBF em rota de colisão
A relação entre Santos e CBF mudou totalmente no curto espaço de um ano. No meio do ano passado, o presidente José Carlos Peres era convidado para chefiar a delegação da seleção brasileira de Futebol em Londres. Um ano depois o que se vê são frases contundentes do mesmo dirigente contra a CBF após a eliminação do Santos ontem na Copa do Brasil. O UOL Esporte explica abaixo o cenário que fez o clube e a entidade entrarem em uma intensa rota de colisão.
O Peixe não se conforma com o tratamento que recebeu da entidade no caso Rodrygo e nos pedidos relativos às oitavas de final da Copa do Brasil. A entidade não liberou o atacante da convocação para o Torneio de Toulon, na França, disputado com o time que se prepara para tentar a vaga nas olimpíadas e nem atendeu aos requerimento do clube de alteração da data e local do duelo contra o Galo. Ou melhor, até atendeu de forma oficial, mas voltou atrás.
A reportagem do UOL Esporte teve acesso aos ofícios e trocas de e-mail entre Santos e CBF nesses dois casos. Originalmente, a partida entre Santos e Atlético-MG estava marcada para a Vila Belmiro, mas o Peixe pediu a alteração para o Pacaembu e foi atendido no dia 6 de maio, como consta no site oficial da entidade.
No entanto, no dia 10 de maio, o Santos enviou um ofício à CBF pedindo a mudança do local e da data do jogo em razão da possibilidade do clube estar desfalcado de vários atletas estrangeiros que figuravam nas pré-listas de suas seleções para a Copa América. Porém, a resposta da entidade veio somente 17 dias depois, no dia 27 de maio, confirmando a volta do jogo para a Vila Belmiro.
A CBF chegou a publicar em seu site oficial a mudança, mas depois voltou atrás e tirou do ar a alteração. Então, por e-mail, o Diretor de Competições, Manoel Flores, comunicou para que a IMT (Informação de Modificação de Tabela) fosse desconsiderada.
A explicação é que o regulamento da competição não permite que ocorra uma mudança de local da partida após a realização do jogo de ida. Contudo, o Santos enviou o ofício à CBF no dia 10 de maio e a partida foi realizada apenas no dia 15. A entidade levou 17 dias para responder ao ofício, sendo que o prazo máximo para atender a demanda santista vencia em cinco dias.
Com relação a Rodrygo, a situação também é complicada. O Peixe foi notificado da convocação do atleta e pediu imediatamente sua liberação. Além da notificação via ofício, o presidente José Carlos Peres conversou por telefone e também pessoalmente na CBF intercedendo para poder contar com o atacante. No entanto, no que diz respeito aos ofícios, a entidade teria somente acusado o recebimento.
No documento enviado à CBF no dia 24 de maio, o Peixe agradece a convocação, mas explica a situação do atacante: a importância para o time, os últimos jogos com a camisa do Santos e até as homenagens que pretende fazer ao jogador em sua despedida. Mesmo assim, a entidade não respondeu oficialmente ao clube e manteve a convocação.
Três dias após o envio desse último ofício, o presidente José Carlos Peres concedeu entrevista após reunião do Conselho Deliberativo fazendo elogios à CBF e declarando que a relação da entidade com o Peixe era boa.
"Não quero puxar saco da CBF, mas tem sido corretíssimo comigo. Não dá para comparar Rodrygo com outros liberados. Se é convocado para a seleção principal, ok, é diferente, mas eu perdi jogadores várias vezes por causa do Sul-Americano. Sou generoso. Pedi para liberar, não liberaram, mas era oficial. Agora o próprio jogador demonstrou que não quer ir. Não foi nenhuma afronta com a CBF. Eu trabalhei na gestão do Marco Polo por seis anos na Federação Paulista. Quem almoçava comigo? Caboclo, então gerente financeiro, e o Feldman. Presidente e secretário-geral. Estamos bem, mas cada um defende seu pedaço. Entendo, de coração, mas não posso ser prejudicado mais uma vez", disse Peres.
Na saída do Pacaembu após a derrota para o Atlético-MG que eliminou o Santos da Copa do Brasil, Peres não escondeu a frustração com as decisões da entidade, disse que foi prejudicado e foi ríspido ao dizer que a CBF teria "conseguido o que queria" com a eliminação.
"CBF conseguiu o que queria. Fomos desclassificados. Nos roubaram o direito de jogar na Vila Belmiro. Jogo era na Vila Belmiro, erro não foi nosso. E de quebra convocaram o Rodrygo. Terceira vez que levam ele para o sub-23. CBF conseguiu aquilo que esperava, nos desclassificar", bradou o presidente.
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