Topo

Najila diz temer morte e explica foto nua que Neymar tirou sem autorização

Do UOL, em São Paulo

07/06/2019 04h00

Após apresentar uma primeira versão do papo do jornalista Roberto Cabrini com Najila Trindade Mendes, o SBT divulgou a íntegra da primeira entrevista exclusiva da mulher que acusa Neymar de estupro. Em novas declarações, a mulher disse que sofre com o temor que tem de morrer e detalhou momentos das polêmicas noites em Paris com o jogador.

"[Dormir] Só com medicamentos. Falaram que estavam do meu lado. Na primeira oportunidade, quiseram me vender. 'Pô, é o Neymar, é muito dinheiro envolvido'. Essas pessoas só pensaram nisso. Essas pessoas quiseram se aproveitar de mim. Fui procurar ajuda. E, por ser quem é, eu tinha que ficar atenta. Coisas estavam rolando atrás de mim. Nas minhas costas. Pessoas planejando, sei lá, minha morte. Eu entrei numa psicose horrível. Eu fiquei com a sensação que poderiam me matar]. Me sinto pressionada pelas pessoas por trás da carreira dele. As coisas chegam em ligações, mensagens", disse Najila.

Ao detalhar o que viveu com o craque da seleção e do Paris Saint-Germain num quarto de hotel, Najila explica o momento em que Neymar deixa o quarto e, sem autorização, tira uma foto da mulher nua.

"Lembro [de quando Neymar sai do quarto]. Lembro porque foi na hora que ele bateu a foto. Tinha um corredor. Eu vi que ele estava saindo e pensei 'ele já foi'. Foi a hora que saí do banho. Me sequei, nua, fui em direção à cama. Foi a hora que ele estava mexendo no Frigobar, me empurrou e bateu a foto. Do meu corpo. Fez aquilo, sei lá, para mostrar para os amigos. Perguntei 'o que é isso?' e ele falou 'te mando'. Nem ele lembra que me mandou". Ele viu que eu falei que tinha meu rosto, perguntei o que era aquilo. Ele me mandou minutos depois. Eu falei que ia ter volta. Naquele momento eu estava irada. Ele respondeu 'não vai nada' e riu. Ficou zombando da minha cara. Ele achou que ninguém ia descobrir, que ninguém ia acreditar em mim", frisou.

E como Najila poderia provar que tais fotos, além das imagens em que diz ter sido agredida, forem realmente tiradas nas noites em que esteve com Neymar em Paris.

"A galeria [de fotos] do meu celular mostra localização e hora. Eu não fiquei arquitetando. Foi tudo muito natural. Foto foi por impulso. Liguei para a minha amiga, tirava para mandar para ela. Se eu tivesse arquitetado, teria muito mais provas. O confessar dele foi 'linda, aconteceu, não foi do jeito que a gente queria'. Só falava isso".

Cabrini ainda pergunta quando que Najila se deu conta de que havia sofrido uma violação de seu corpo. "Tive certeza mesmo no dia seguinte. Depois de tudo, tomei um remédio. Senti um desespero muito grande. Foram várias emoções. Fiquei no banho parada. E ele colocando a roupa, andando pelo quarto", respondeu.

Muito incomodada, Najila não nega em nenhum momento a intenção de ir a Paris para ter uma relação sexual com Neymar. E diz que a agressividade do momento foi o que a tirou do sério.

"Não foi só o ato sem o preservativo. Foi a maneira que ele conduziu tudo. Ele foi estúpido, agressivo, me pegou à força. Não foi legal. Ele estava fora de si. Não foi masoquismo. Foi violento. Sadomasoquismo é uma coisa, violência é outra. [...] Eu vi que ele começou a bater muito forte. Achei que ele fosse parar, mas continuou. Ele passou a mão sobre meu corpo, me bateu e me puxou. Fiquei sem reação. Eu queria ali naquele momento ter revidado, ter agredido ele. Eu falei para ele parar e não adiantava".

Por fim, afirmou que não interessa o quanto terá que sofrer, mas que vai provar a verdade. "Ele me expôs. Tinha um pedido de sigilo no inquérito. Não bastasse tudo que ele fez no quarto do hotel, ele me expôs de maneira ridícula. Ele já me atacou para sair ileso do que ele fez. Ele levou tudo a público. Se ele era inocente, ele tinha que fazer isso por meios legais. Ele me expôs ao ridículo e queria que eu desistisse da minha luta. A verdade vai vir à tona, não importa quão mais eu sofra. Ele sabe o que ele fez comigo".

Após entrevistas para Cabrini e um Boletim de Ocorrência registrado no último dia 29, Najila Mendes comparecerá na manhã de hoje à 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, em Santo Amaro, zona sul de São Paulo, para contar sua versão dos fatos a autoridades policiais.