Incêndio no Ninho: Ex-presidente do Flamengo é indiciado por dolo eventual
O ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello e outras sete pessoas foram indiciadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por dolo eventual (quando se assume a intenção de matar) pelas mortes dos 10 jovens no incêndio que ocorreu no Ninho do Urubu.
O inquérito, assinado pelo delegado Márcio Petra, da 42ª Delegacia de Polícia (Recreio), pede ainda o indiciamento do monitor Marcos Vinicius Medeiros, Marcelo Sá e Luis Felipe Pondé, engenheiros do Flamengo; Danilo da Silva Duarte, Weslley Gimenes e Fábio Hilário da Silva, da empresa de contêineres NHJ, e Edson Colman da Silva, técnico em refrigeração.
A informação foi publicada, primeiramente, pelo portal G1 e confirmada pelo UOL Esporte.
O UOL Esporte procurou Eduardo Bandeira de Mello, que foi mandatário do Rubro-Negro entre 2013 e 2018, e ele se manifestou apenas no início da noite desta terça-feira.
"Caros amigos da imprensa que tentaram falar comigo durante o dia de hoje, Fui surpreendido com a notícia de hoje, que recebi de vocês e que, obviamente, não esperava receber. Nem eu nem meus advogados tivemos ainda acesso à íntegra do relatório, apenas aos trechos que foram divulgados pela imprensa. Por esse motivo, não posso declarar nada a não ser que estou com a consciência absolutamente tranquila e que confio na justiça. Grande abraço, Eduardo", disse em posicionamento.
O incêndio no Ninho do Urubu aconteceu no dia 8 de fevereiro deste ano e deixou 10 jovens mortos - Athila Paixão, de 14 anos; Arthur Vinícius, 14 anos; Bernardo Pisetta, 14 anos; Christian Esmério, 15 anos; Gedson Santos, 14 anos; Jorge Eduardo, 15 anos; Pablo Henrique, 14 anos; Rykelmo de Souza, 16 anos; Samuel Thomas Rosa, 15 anos; e Vitor Isaías, 15 anos. Outros três atletas ainda ficaram feridos e tiveram de ser hospitalizados: Kauan Emanuel, 14 anos; Francisco Dyogo, 15 anos; e Jhonata Ventura, de 15 anos. Jhonata foi que apresentou o quadro mais grave, tendo queimaduras em 30% do corpo.
Os jovens dormiam em contêineres e o fogo teria começado após um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado de um dos dormitórios. À época, os alojamentos não estavam totalmente cheios porque, devido ao temporal do dia anterior, os treinos haviam sido cancelados e muitos jovens retornaram às respectivas casas.
Durante a apuração do caso, foi apontado que o local onde estavam os alojamentos, segundo a planta original, seria destinado a um estacionamento e, portanto, não poderia ter tais estruturas.
Após o incêndio, iniciou-se uma batalha entre Flamengo e as famílias das vítimas. Inicialmente, nas reuniões entre as partes, a diretoria rubro-negra não aceitou os valores propostos pela Defensoria Pública. Depois de todo um imbróglio - em um período que, inclusive, o Flamengo se pronunciava apenas através de notas à imprensa -, as negociações foram individuais e, até o momento, apenas três acordos foram fechados: com os familiares do Athila, Gedinho e com o pai do Rykelmo (a mãe permanece em negociação).
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