Brasil x Bolívia tem torcida quieta e ingresso médio de R$ 485 no Morumbi
Expectativa, estádio quase lotado e festa. Ou nem tanto. Apesar da boa vitória da seleção por 3 a 0 sobre a Bolívia hoje (14), a torcida brasileira teve comportamento discreto na primeira noite de Copa América no Morumbi.
Durante boa parte dos pouco mais de 90 minutos, os 47.260 presentes deixaram o estádio praticamente em silêncio. As manifestações de maior intensidade ocorreram em dois momentos: o grito homofóbico de "bicha" durante o tiro de meta do boliviano Carlos Lampe e na hora das vaias ao time que demorava a engrenar diante de um aniversário mais fraco.
Maior renda divulgada
A renda de R$ 22.476.630,00 para um público de 46.342 pagantes mostrou um preço médio de R$ 485 dos ingressos e um perfil mais elitizado nas arquibancadas do que aquele visto em outros jogos brasileiros.
A arrecadação que superou a casa dos 22 milhões de reais foi a maior já divulgada na história do futebol brasileiro. O valor fica em sua totalidade para o Comitê Organizador Local (COL) na Copa América. Bilheterias da Copa do Mundo de 2014, no entanto, não foram divulgadas pela Fifa, bem como os números dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016.
Seleção confundida e gritos de "defense"
Isso proporcionou momentos curiosos como a confusão de alguns brasileiros que aplaudiram a subida da Bolívia para o aquecimento e só vaiaram depois de perceberem a gafe. Ou então os gritos de "defense", como se faz nos esportes americanos, em um contra-ataque boliviano no segundo tempo.
O curioso é que os momentos antes da partida indicavam uma torcida mais participativa. No anúncio das escalações, alguns jogadores foram ovacionados, como Alisson, Philippe Coutinho e quem foi revelado pelo São Paulo. O corintiano Fagner foi vaiado e xingado. No hino nacional, reduzido pela organização do torneio, foi retomado o hábito de seguir cantando a segunda parte à capela.
O pacote completo mostra uma relação fria da torcida com a seleção brasileira. Público sentado, calado e descolado das emoções de um jogo. Dribles e desarmes passavam despercebidos. Até a tensão pela verificação de lances no VAR foi frágil, vazia.
Antes do jogo, ambulantes passavam desanimados pelo entorno do Morumbi. A Polícia Militar solicitava que eles deixassem a área de isolamento do estádio, mas a procura do público já não era nada atraente para quem tentava lucrar com uma noite de frequentadores de maior poder aquisitivo.
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