Como Leonardo enfraquece Neymar e dá poder a Cavani no PSG
Dias antes de ser anunciado pelo Paris Saint-Germain como novo diretor esportivo, Leonardo ligou para Neymar. O papo girou em torno de questionamento das pretensões do atacante e os planos para sua terceira temporada no PSG. É uma unanimidade nos bastidores do clube francês de que o dirigente brasileiro chega para enfraquecer o poderio do camisa 10 no elenco e garantir o mesmo tratamento a todos os jogadores.
Segundo apurou o UOL Esporte, Leonardo também ligou para os outros brasileiros no elenco: Thiago Silva, Marquinhos e Daniel Alves. A conversa de apresentação foi considerada positiva entre eles, com o consenso de que o tratamento a Neymar será mais rigoroso. A impressão entre os brasileiros é de que o uruguaio Edinson Cavani será figura forte nos vestiários do PSG com a volta de Leonardo - foi dirigente do clube entre 2011 e 2013.
Enfraquecer Neymar significa basicamente não tolerar mais viagens em meio à temporada e críticas ao elenco. Na temporada passada, ficou marcada negativamente para o PSG a presença do camisa 10, em meio ao tratamento de lesão no pé direito, no Carnaval da Sapucaí, no Rio de Janeiro, e o recado de irritação com os jovens do clube: "Isso não é um time que vai longe", disparou Neymar após a derrota para o Rennes na final da Copa da França, em abril. O soco de Neymar no torcedor na cerimônia de premiação do torneio passou impune pelo PSG, e também foi avaliado pela mídia local como uma falha diretiva.
Após a contratação de Leonardo como dirigente, tornou-se comum na mídia francesa recuperar uma frase do brasileiro dada ao "Canal +" da França, em outubro de 2017. O recado ao PSG meses depois da contratação do brasileiro é interpretado como o posicionamento atual.
"Ele é um jogador muito bom, carismático, é um pouco uma estrela de cinema. Depois disso, acho que gerenciar tudo isso é muito importante. Quando a estrutura sobe, o clube deve permanecer mais forte. Não importa se Neymar é Neymar, se Cristiano Ronaldo é Cristiano Ronaldo, o clube é a instituição maior e precisa ser respeitada. É o clube quem vai orientar um projeto, não é Neymar", disse Leonardo, na época.
Já a grandeza de Cavani está relacionada ao que é considerada a melhor contratação da história do PSG. Foi Leonardo, em 2013, o responsável pelo negócio. O comportamento considerado exemplar do uruguaio fascina a diretoria do PSG, e a idolatria por parte da torcida ainda o deixa mais forte. O uruguaio, diferentemente de Neymar, já tem um posicionamento claro de que vai permanecer no clube francês.
O momento de Neymar no PSG é considerado delicado no entorno dos brasileiros. A forte frase do presidente Nasser Al Khelaifi assustou. O recado de comprometimento é visto como a impaciência de quem quer mostrar ao mercado que o clube francês é maior do que qualquer jogador.
"Os jogadores terão que assumir as responsabilidades muito maiores do que antes na próxima temporada. Tem que ser completamente diferente. Terão que fazer mais, trabalhar mais. Não estão aqui para se divertirem. E se não concordarem com este ponto de vista, as portas estão abertas. Adeus! Não quero continuar a ter jogadores com comportamentos de popstars", avisou Nasser em entrevista à revista francesa 'France Football'.
No clã brasileiro há o cuidado para não associar a frase de Nasser a Neymar. O aviso de "adeus" também não criou uma expectativa de saída do camisa 10, muito embora o jornal esportivo francês "L´Equipe" tenha noticiado neste domingo de que dirigentes do PSG querem sua venda.
Já o moral de Leonardo vale destaque. A forte relação com o presidente Nasser criada na primeira passagem do brasileiro como cartola foi desenvolvida através do controle de estrelas do PSG no vestiário. Em 2013, após a conquista do título do Campeonato Francês, ganhou fama a briga de Leonardo com Zlatan Ibrahimovic nos vestiários. No vídeo festivo divulgado pelo clube há o flagra de uma bronca do dirigente ao jogador.
"Por que você sempre tem que estragar tudo?", disparou Ibrahimovic a Leonardo.
Pouco depois, o sueco explicou o desentendimento: Leonardo o cobrou para voltar à sala do exame antidoping, mas ele não queria deixar a comemoração com os companheiros.
"Foi o exame antidoping! Todo mundo estava em festa e eu fiquei lá por 20 minutos. Ninguém foi me tirar de lá. Isso é estúpido. Eu queria festa também! Eu esperei nove meses e agora está acontecendo, é uma loucura", disse o jogador que até a vinda Neymar era a maior contratação da história do PSG.
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