Com metade do público, Chile se sente "mais em casa" em SP do que o Brasil
O Brasil recebe a Copa América, mas o Chile se sentiu "mais em casa" no estádio do Morumbi. Mesmo com metade do público do jogo da seleção de Tite contra a Bolívia (23 mil hoje contra 46 mil na sexta), o atual bicampeão do torneio da Conmebol contou com um ambiente verdadeiramente de "local". Desde os arredores do campo são-paulino, horas antes do jogo, até o momento em que equipe de Reinaldo Rueda fez 4 a 0, o torcedor chileno fez valer a condição de suma maioria.
Mesmo em um momento de questionamentos sobre o trabalho do ex-comandante do Flamengo, os chilenos transformaram o ambiente do Morumbi em um estádio de futebol com apoio maciço aos bicampeões. Poucos japoneses, reforçados por brasileiros, apoiaram os asiáticos nesta estreia - os gritos de "eu acredito" e "Japão e, ô" [nascido com a desvantagem] superavam as tímidas manifestações de "nippon, nippon".
A festa chilena começou horas antes das 20h, horário marcado para o jogo. As ruas entorno do Morumbi desde o meio da tarde receberam torcedores de camisa vermelha, que se juntavam em grupos para cantar as músicas de homenagem ao atual bicampeão do torneio. Eram raros os japoneses nativos que vieram nesta segunda-feira (17) ao Morumbi para o jogo de estreia.
Presentes na arquibancada, especialmente no antigo setor azul, os chilenos dominaram a disputa da cantoria desde o anúncio das escalações, com reações carinhosas aos nomes de Vidal, Alexis Sánchez e Medel e de inconformismo em relação ao técnico Reinaldo Rueda, o mais vaiado da noite.
O ambiente caseiro a favor do Chile se exibiu em diversos momentos da partida. Foram comuns os gritos de apoio tradicionais, principalmente o característico "chi-chi-chi, le-le-le" e os gritos de "bicampeão" e "esta noite teremos que ganhar". Outro momento marcante ocorreu durante a saída de Vidal, que fez questão de agradecer aos aplausos dos chilenos nas arquibancadas. Todo o elenco se mobilizou depois do apito final para agradecer aos torcedores.
Mesmo com um público menor, o ambiente criado pelos chilenos contrasta com o testemunhado na estreia da seleção brasileira. Os momentos de silêncio no estádio, sem cânticos de apoio para a seleção de Tite, dominaram e criaram um ambiente frio, relatado pelo lateral Daniel Alves.
"Acredito que o que a gente fala aqui dentro do vestiário, nós gostamos de guardar aqui. Falamos para ter paciência. É difícil jogar em São Paulo. É complicado, nós que temos de ter a paciência e a resposta no segundo tempo tinha de ser essa. (...) Na Bahia acredito que metade do estádio vai ser meu. Vai ser uma grande satisfação, o axé lá vai ser diferente", afirmou, antes de tentar justificar a avaliação.
"Não sou dono da verdade, falei da minha sensação, de quando a gente joga no Morumbi, no geral, não em São Paulo. De repente porque o estádio fica distante a torcida da gente, na arena [Corinthians] foi um apoio maior. Foi o que senti no momento, sou verdadeiro, desculpem. Até amigos que estavam no jogo tiveram essa sensação também", ratificou.
Em compensação ao Brasil, os chilenos saíram satisfeitos com o apoio oriundo das arquibancadas e aplaudiram os próprios fãs no fim do jogo. O grito de "Dale bicampeón", já o preferido da torcida para esta edição do torneio, se somou ao de "somos local" para comemorar a goleada.
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