Presidente quer Neymar aplicado ao projeto PSG: ninguém o obrigou a assinar
O presidente do PSG, Nasser Al Khelaifi, disse em entrevista à revista "France Football" que ainda precisa ser convencido de que Neymar está aplicado em seu projeto para o clube. Na íntegra da reportagem que teve trechos divulgados desde o último domingo, Al Khelaifi diz que o brasileiro teve conhecimento de todo o planejamento quando resolveu trocar o Barcelona pelo time parisiense.
"Sim. Com certeza (preciso ser convencido de que o Neymar está aplicado ao projeto do PSG). Ele, como os outros. Ninguém o obrigou a assinar e ele tem o conhecimento completo do nosso projeto quando resolveu vir", explicou.
A resposta veio em uma sequência de perguntas relacionadas a Neymar. Embora tenha evitado limitar a análise apenas no brasileiro, Al Khelaifi disse já ter conversado com o pai do jogador sobre o assunto.
"Eu não falei diretamente com o Neymar e sim com seu pai. Eu disse mais uma vez a ele o que eu esperava dos jogadores do PSG", disse.
Al Khelaifi também evitou uma resposta direta quando foi questionado se estava convencido de que o brasileiro era o jogador ideal para o projeto do PSG. "Repito. Neymar, assim como os outros, eu quero que esteja pronto para defender o projeto do clube. Existem contratos a serem cumpridos e a prioridade total é a adesão ao nosso projeto", disse.
A entrevista de Al Khelaifi vem em um momento em que a imprensa francesa especula uma possível facilitação na liberação de Neymar. O mandatário fala em contratos a serem cumpridos, mas o "L´Equipe" publicou no domingo que o clube poderia negociá-lo com outro clube.
Sobre Mbappé, Al Khelaifi foi mais enfático nas palavras. Disse ter 200% de certeza de sua permanência no clube e quer o atacante francês assumindo mais responsabilidades.
"Ele quer se envolver mais em nosso projeto para crescer com a equipe, o clube. Mas eu expliquei a ele que a responsabilidade não se pede. Devemos ir buscá-la, às vezes até arrancá-la. Nós não esperamos, nós provocamos. Como ele é muito inteligente, tenho certeza de que ele entendeu. Ele ainda estará no PSG no próximo ano? Eu não tenho 100% de certeza, mas 200%", disse.
Sem se referir especificamente a nenhum jogador, o presidente do PSG também falou sobre a necessidade de jogadores estarem comprometidos com o projeto do clube.
"Quero jogadores dispostos a dar tudo para defender a honra da camisa e participar do projeto do clube. Aqueles que não querem, ou não entendem, nós vemos e conversamos uns com os outros", disse.
As palavras são um reforço à declaração que já tinha sido publicada no domingo, na qual Al Khelaifi dizia que não gostaria da permanência de jogadores que não estivessem com o mesmo pensamento do clube.
"Os jogadores terão que assumir responsabilidades muito maiores do que antes na próxima temporada. Tem que ser completamente diferente. Terão que fazer mais, trabalhar bem mais. Não estão aqui no Paris-Saint Germain para se divertirem. E se não concordarem com este ponto de vista, as portas estão abertas. Adeus! Não quero continuar a ter jogadores com comportamento de popstars", disse.
Leonardo e a mentalidade de Liga dos Campeões
A postura do presidente vem depois de uma temporada em que o PSG conquistou o Campeonato Francês, mas voltou a fracassar na Liga dos Campeões, sendo eliminado em casa nas oitavas de final mesmo tendo vencido o primeiro jogo contra o Manchester United na Inglaterra. Nas oitavas de final, o time francês chegou a vencer o jogo de ida em Old Trafford por 2 a 0, mas perdeu a volta em casa por 3 a 1.
Para o dirigente, faltou inclusive psicológico para a equipe. "O resultado deste confronto revelou algumas das nossas fraquezas em termos de compromisso, envolvimento, motivação, mentalidade dos jogadores. De fato, tudo isso não cria uma atmosfera positiva para se chegar ao topo. Todos nós temos sonhos, especialmente o de um dia conquistar a Liga dos Campeões. Mas todos nós devemos nos dar os meios e desejá-la mais forte que os adversários. Agora, diante do Manchester United, estou convencido de que não fomos os que mais desejaram a classificação. Estávamos prontos, inclusive mentalmente? Tenho dúvidas", afirmou.
A primeira mudança no PSG após o fim da temporada foi diretiva. Saiu Antero Henrique e chegou o brasileiro Leonardo.
"A ideia (de substituir Henrique por Leonardo) não chegou a mim de um dia para o outro. A reflexão amadureceu gradualmente para finalmente prevalecer. Percebi que as mudanças eram essenciais, senão não íamos a lugar nenhum. Era hora de mudar. A um certo ponto, todos os clubes precisam de um novo ímpeto. Nós não poderíamos continuar assim", disse Al Khelaifi, que também assumiu sua responsabilidade nos resultados. "Eu não quero fugir das minhas responsabilidades. Eu sou o primeiro culpado. Eu não quero esconder ou culpar os outros, os jogadores e o treinador. Se não funcionou nesta temporada, é minha culpa primeiro. Mas isso vai mudar."
À revista, Nasser Al Khelaifi disse que a conquista da Liga dos Campeões é um "objetivo", e não um "sonho". Por isso, espera que Leonardo seja capaz justamente de mudar a mentalidade da equipe.
"Uma das missões confiadas a Leo é mudar as atitudes. Justos, quero que façamos deste clube um verdadeiro time de vencedores. Eu tenho 100% de confiança em sua capacidade de nos levar ao topo", avisou o dirigente, que manteve contato com Leonardo desde 2013, quando o brasileiro deixou a diretoria do clube. "Não estou dizendo que vai ser fácil, mas ele vai ter todos os poderes do esporte para chegar lá."
Na função de diretor esportivo do clube, Leonardo terá "total autoridade sobre todo o setor profissional". Na relação com o técnico Thomas Tuchel, Al Khelaifi avisa que "muitas coisas" vão mudar: "Esta dupla será uma grande força para o PSG, porque são dois homens muito complementares."
Comparado com o Chelsea, que levou nove anos para conquistar a Liga dos Campeões (2012) após a chegada de Roman Abramovich (2003) como proprietário, Nasser Al Khelaifi se mostrou animado. "Eu sabia que seria difícil conseguir essa Champions League. Mas nada me desviará desse objetivo", explicou o dirigente, que chegou ao PSG em 2011. "Somos um clube jovem se comparados a Real Madrid ou Barcelona. São clubes centenários, que conseguiram construir uma cultura vencedora através dos tempos", acrescentou.
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