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Como Ibrahimovic fez Marquinhos mudar estilo e ser referência na seleção

Marquinhos e Ibrahimovic comemoram título da Copa da Liga Francesa pelo PSG, em 2016 - AP Photo/Thibault Camus
Marquinhos e Ibrahimovic comemoram título da Copa da Liga Francesa pelo PSG, em 2016 Imagem: AP Photo/Thibault Camus

Bruno Grossi, Danilo Lavieri, Marcel Rizzo e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

20/06/2019 04h00

Se hoje Marquinhos é referência na seleção brasileira por apresentar segurança defensiva e ainda contribuir para uma boa saída de bola, Zlatan Ibrahimovic tem grande responsabilidade. O astro sueco foi um dos tutores do zagueiro na chegada ao Paris Saint-Germain e deu uma dica essencial para que Marquinhos aprendesse a ser mais calmo e técnico, características indispensáveis para Tite.

"É uma situação interessante. Quando cheguei ao PSG, eu rifava a bola sem olhar para frente e tomava bronca do Ibra. Ele falava 'pô, quando for chutar para frente, pelo menos olha onde estou e mira em mim'. A partir daí comecei a reparar que no Brasil, quando moleque, a gente treinava só para dar o chutão de qualquer jeito. Agora sei que quando desarma já tem que armar. É tão difícil roubar a bola, que quando consegue temos que guardar pra gente, tentar encontrar o companheiro com um bom passe", confessou.

Esse conselho de Ibrahimovic foi levado tão a sério que Marquinhos virou símbolo de categoria para sair jogando. A ponto de ser apelidado de "Kaiser" por Thomas Tuchel, alemão que é técnico do PSG. É uma referência a Franz Beckenbauer, um dos maiores defensores da história do futebol e campeão mundial pela Alemanha em 1974 - também ganhou a Copa de 1990 como técnico.

"Ele (Tuchel) falou na entrevista, que pelo meu estilo, lembrava bastante o Kaiser, o Beckenbauer. É uma honra ser comparado a tal jogador. Ele me usou de zagueiro, volante, lateral-esquerdo, direito. Pela versatilidade ele falou isso e acabou pegando. É uma honra e mostra o bom momento que vivo no PSG. Ganhei experiencia, mais nome e aprendi com decisões em campo. A mudança de estilo de jogo com o treinador me agregou muitas coisas", valorizou o zagueiro.

A boa fase de Marquinhos se estendeu para a seleção brasileira. Em dois jogos da Copa América, mais os dois amistosos preparatórios, ele foi titular todas as vezes e não sofreu nenhum gol. Contra a Venezuela, na última terça-feira, teve trabalho para segurar o forte Salomon Rondón, do Newcastle, da Inglaterra, e saiu como um dos melhores em campo.

Foi um jogo de risco, com a zaga atuando adiantada e obrigada a armar o time. Algo que já havia acontecido contra a Bolívia na estreia e deve se repetir no duelo de sábado contra o Peru, na Arena Corinthians, casa do clube onde o zagueiro começou a carreira. O Brasil é o time a ser batido na competição e os rivais optam por jogar retraídos em busca de um contra-ataque. Marquinhos tem a receita para encarar esse tipo de adversário.

"É muita concentração. A gente não pode vacilar em nenhum momento, ainda mais nesses jogos apertados, em que o gol demora a sair. A gente precisa ser cauteloso na defesa para não tomar o gol e complicar o jogo. Se formos fortes defensivamente, aumentam as chances de vencer. E a gente também tem participado muito ofensivamente. A gente arma bastante de trás, tem liberdade. Estamos preparados para todas as situações", assegurou.