Marta chora e desabafa: "Não vai ter Marta, Formiga e Cristiane pra sempre"
Instantes após o apito final que selou a eliminação da seleção brasileira nas oitavas de final da Copa do Mundo feminina, Marta fez forte desabafo na saída de campo do Stade Océane, em Le Havre. A craque do Brasil se emocionou e subiu o tom ao cobrar continuidade na evolução da modalidade no país.
Questionada pela reportagem da TV Globo se a Copa do Mundo de 2019 foi a mais especial para o futebol feminino do Brasil, em termos de visibilidade da seleção e da modalidade e si, Marta acenou positivamente. Mas sugeriu o fim do ciclo protagonizado por ela, Cristiane e Formiga e levantou a bola para a nova geração de jogadoras do país.
"É isso que peço para as meninas: não vai ter uma Marta para sempre, não vai ter uma Formiga para sempre, não vai ter uma Cristiane para sempre. O futebol feminino depende de vocês! Valorizem mais! (...) A gente tem de chorar no começo para sorrir no fim. Querer mais, se cuidar mais, estar pronta para jogar 90 minutos e mais 30", declarou a camisa 10.
Ao UOL Esporte e aos outros veículos de imprensa presentes na zona mista do estádio, Marta explicou que as cobranças que fez na TV não foram direcionadas a alguma atleta específica desta delegação atual. Ela e outras jogadoras que falaram sobre isso afirmam que o discurso envolve o futebol feminino brasileiro de modo geral.
"Será que a gente não vê a Formiga com 41 anos? Será que é milagre o que ela faz? Ela se cuida e treina para caramba. É um apelo: a gente quer cobrar, mas tem de ser cobrada. Cobrada no sentido de querer fazer as coisas: melhorar fisicamente, se cuidar, treinar, viver como atleta. A gente tem os seus momentos de divertir, mas tudo dentro de um cronograma. Vai dizer que eu não tomo uma cerveja? Eu tomo uma cerveja na hora que é conveniente", disparou.
"Essas meninas que sonham em estar em uma seleção, comece a fazer agora. O nível do futebol feminino não permite mais que você treine a hora que quer. O negócio está em alto nível, e isso é importante porque abrilhanta o espetáculo, mostra que somos capazes. Não é aquele futebol devagar, mortinho. Gente, o jogo hoje foi maravilhoso! Infelizmente, a gente não venceu, mas era lá e cá, lá e cá, lá e cá", comentou.
Apesar da eliminação nas oitavas de final pela segunda edição seguida de Copa do Mundo, a craque viu evolução na forma como o torneio tem sido tratado no Brasil. "Eu quero deixar aqui o meu muito obrigado à galera do Brasil, que tem sido fantástica. A gente vem recebendo muitas mensagens. E o mais importante: não deixe de apoiar e estar junto com a gente", pediu.
Nas mais de duas horas que antecederam o desabafo de Marta, Brasil e França travaram intensa disputa pela vaga nas quartas de final da Copa do Mundo. A seleção brasileira flertou com a virada, mas foi derrotada por 2 a 1. A última substituição de Vadão foi queimada com a saída de Cristiane, que sentiu dores na coxa esquerda no início da prorrogação.
"A gente deu nosso melhor, vocês viram aí. Algumas foram até o fim, outras tiveram de ser substituídas porque deram seu máximo. Foi um grande jogo, já esperávamos tudo isso, a torcida contra e tantas coisas mais. Porém fizemos um grande trabalho, não conseguimos a vitória, a equipe delas foi melhor no quesito de definição, das chances que tiveram. Mas é seguir em frente. Muito orgulho dessa equipe", analisou Marta.
Ela se despediu da zona mista com um recado sobre sua própria condição física. "E outra: para quem falou que eu vim machucada, joguei 120 minutos e não senti p... nenhuma", contou, em possível indireta para a treinadora Emily Lima, com quem andou trocando declarações fortes.
Marta não quis cravar se esta foi a última Copa do Mundo de sua carreira, mas citou os Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020. A camisa 10 falou sobre a importância de começar o planejamento o mais rápido possível.
"O primordial neste momento... As que estão aqui, as que passaram e as que pretendem (seguir) é que é importante um trabalho cedo para uma preparação de um grande campeonato como Copa do Mundo e Olimpíada. Não adianta fazer isso em meses. Agora já pensa na Olimpíada, que as atletas tenham esse pensamento para não sentir um jogo desse e seguir em alto nível", comentou.
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