Como começou o movimento de apoio à seleção feminina no retorno ao Brasil
Foi por meio das redes sociais que um grupo de torcedores conseguiu se mobilizar para receber as jogadoras da seleção brasileira. Nem mesmo a derrota para a França nas oitavas de final da Copa do Mundo fragilizou o movimento em plena madrugada. Pelo contrário. O sentimento era unânime: a postura do time diante das anfitriãs e a necessidade de apoio após o revés fizeram o aeroporto de Guarulhos ser tomado por mais de 100 pessoas.
A ação de apoio às atletas começou a tomar forma logo depois da partida contra a França. Uma torcedora usou o Twitter para convocar a ida ao aeroporto. E a seleção argentina, eliminada na primeira fase do Mundial, tornou-se inspiração para as brasileiras.
"No domingo logo cedo vi as argentinas serem recebidas. Depois do jogo, pensei que a gente precisava fazer também. E decidi escrever no Twitter. Ontem de manhã falaram que o desembarque seria em São Paulo. Então criei um grupo de WhatsApp", explicou Andreza, que organizou a caravana ao lado de outras torcedoras.
A maior parte delas chegaram ao aeroporto em dois ônibus cedidos pela Nike. Mas o movimento teria acontecido mesmo sem a ajuda, segundo Andreza. "A gente ia vir sem ônibus nem nada. Só recebemos a informação dos ônibus às 16h. Nesse horário, o grupo já estava com 200 pessoas, a gente já estava organizando caronas", contou a torcedora.
Madrugada longa
O grupo se reuniu à 0h na Estação República do metrô, no centro de São Paulo, distante 25 quilômetros do aeroporto. A chegada aconteceu à 1h40, três horas antes do primeiro avião aterrissar em Cumbica.
Durante esse período, os torcedores - havia alguns homens no grupo - se dedicaram a escrever frases de apoio em cartazes, encher balões e fazer medalhas simbólicas para as jogadoras. Às 4h40, a aglomeração e a animação no terminal 2 do aeroporto eram evidentes. E crescia a cada minuto - as primeiras atletas só apareceram às 6h20.
"Fiquei sabendo pelas redes sociais. Saímos à 0h e chegamos aqui à 1h30. Foi incrível essa mobilização, de madrugada, meio de semana. Fiquei um pouco chateada com a eliminação, mas uni forças e vim, porque queria conhecer muito. Valeu a pena não ter dormido para esperá-las", afirmou Amanda Soares, de 25 anos.
Houve casos de torcedores que compareceram por conta própria. No fim, todas se juntaram no saguão - o segundo grupo de jogadoras da seleção desembarcou no terminal 3 do aeroporto de Guarulhos, por volta das 7h15.
Janaína Ribeiro e Thaíse Teixeira, por exemplo, viram a mobilização nas redes sociais e se organizaram sozinhas, ao lado de companheiras. A dupla faz parte do time feminino Bola na Trave, grupo com 140 mulheres, que jogam aos sábados.
"Conseguimos uma folga para conseguir vir. A seleção lutou e jogou com toda a força. Chegou a hora de retribuir um pouco da energia que elas transmitiram para a gente", frisou Janaína.
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