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Time encarou surto de caxumba e garantiu vaga com folga na 4ª divisão de SP

Andradina encarou surtos de dengue e caxumba no elenco; ainda assim, entra na última rodada da primeira fase já classificado - Edy Junior Silva/Andradina EC
Andradina encarou surtos de dengue e caxumba no elenco; ainda assim, entra na última rodada da primeira fase já classificado Imagem: Edy Junior Silva/Andradina EC

Emanuel Colombari

Do UOL, em São Paulo

29/06/2019 04h00

Na última quinta-feira, a seleção brasileira empatou por 0 a 0 com o Paraguai, em duelo pelas quartas de final da Copa América 2019, e avançou após vencer o rival nos pênaltis. Mas nem tudo foi motivo de comemoração na equipe do técnico Tite, que teve que afastar do elenco o atacante Richarlison horas antes da partida. O motivo: um diagnóstico de caxumba.

Enquanto isso, o Andradina se preparava para enfrentar o América de São José Rio Preto em partida deste domingo, válida pela última rodada do Grupo 1 da primeira fase da Segunda Divisão do Campeonato Paulista - que, a rigor, é o quarto escalão estadual. Em comum, Andradina e seleção brasileira têm os registros de caxumba.

No entanto, o caso do time da região Noroeste do estado de São Paulo foi mais preocupante. Em maio, durante a primeira fase da competição, sete jogadores do elenco foram diagnosticados com dengue. Pouco tempo depois, vieram os diagnósticos de caxumba que afastaram parte considerável do elenco comandado pelo técnico André Alves - casos do goleiro Celso, dos zagueiros Marcos e Oldair e do volante Pedro Henrique, por exemplo.

Nem mesmo Sidinei Giron, presidente do Andradina, sabe precisar quantos jogadores foram diagnosticados com caxumba. "Teve bastante caso, acho que foram mais de sete", contou o dirigente por telefone ao UOL Esporte. "Teve jogador que teve dengue e caxumba simultaneamente. No nosso time, dos atletas, quase 20 tiveram dengue", acrescentou.

A caxumba é uma infecção viral aguda e contagiosa, transmitida principalmente por via respiratória. No caso de contágio, a recomendação médica é isolar o paciente por dez dias a partir da manifestação dos sintomas (o principal dele é o inchaço da glândula parótida) para evitar a disseminação e o tratamento dos sintomas. O controle em grupos é feito com a vacinação de bloqueio, aplicando doses da vacina tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba).

Boa parte dos jogadores convive em alojamentos, um ambiente considerado propício para a disseminação do vírus. Não apenas pelas características do local, como também pela idade dos atletas - a Segunda Divisão do Campeonato Paulista é sub-23.

"O bebê toma a tríplice viral aos 12 meses, e aos 15 meses, toma um reforço da tetra viral - além das três (doenças), entra a catapora. Com isso, tem uma proteção muito boa das três doenças, mas a caxumba tem o anticorpo menos protetor. À medida que o tempo passa, você pode perder o anticorpo e ficar vulnerável. O adulto tem uma maior vulnerabilidade do que a criança vacinada. Então e muito fácil um contágio em um alojamento", explicou Elisa Miranda Aires, médica infectologista da DaVita Serviços Médicos, à reportagem.

A opinião é semelhante à de Melissa Palmieri, coordenadora médica de vacinas do Grupo Pardini e integrante da diretoria da Sociedade Brasileira de Imunizações (Regional São Paulo). "Quando a gente fala, a gente libera saliva que não é visível, as gotículas da secreção da garganta. O contato direto entre as pessoas acaba disseminando a doença. Às vezes, você compartilha um sanduíche, um prato, um copo, então você expõe muito mais rápido a doença", exemplificou.

A partir dos primeiros diagnósticos, o indicado seria isolar os atletas doentes. No caso do Andradina, isso nem sempre foi possível: enquanto atletas de cidades da região eram encaminhados para casa, quem foi contratado de clubes de outros estados muitas vezes teve que permanecer no alojamento. Aí, era contar com a sorte - e com a imunidade dos companheiros.

"A gente não tem uma estrutura, é time pobre, vamos ser realistas. Para aqueles que são da cidade, da região, dentro de uma distância razoável, a gente pediu que eles voltassem para casa. A partir do momento que passou a ter com atletas do Nordeste, por exemplo, a gente não tinha outra alternativa e ficaram. Foi na base da sorte mesmo", explicou Sidinei Giron.

Em campo, resultados positivos

Mas acredite: apesar do cenário quase catastrófico, o Andradina entra em campo neste domingo já classificado à segunda fase da Segunda Divisão do Paulista. A vaga veio por antecipação no último domingo (23), com a vitória em casa por 1 a 0 sobre o Oswaldo Cruz na penúltima rodada.

Nas 11 primeiras rodadas, foram seis vitórias, três empates e apenas duas derrotas. Com 21 pontos, o time fica atrás apenas do Fernandópolis (24 pontos) no grupo; Tupã (17 pontos em 12 jogos) e José Bonifácio (17 pontos em 11 jogos) também já garantiram classificação.

O jogo entre América e Andradina acontece neste domingo (30), às 10h (horário de Brasília), no estádio Benedito Teixeira, em São José do Rio Preto. O time da casa, com oito pontos, é lanterna da chave e já está eliminado.