Espanha confirma absolvição de ex-presidente do Barcelona em caso com CBF
A Justiça da Espanha confirmou hoje a absolvição de Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona, das acusações de lavagem de dinheiro em comissões ilegais do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Pelas acusações, Rosell passou 22 meses em prisão preventiva.
De acordo com o jornal esportivo espanhol AS, a Sala de Apelação da Audiência Nacional rechaçou o recurso contra a absolvição. O Ministério Fiscal do país pedia seis anos de prisão para o ex-dirigente, segundo a agência EFE.
Rosell foi absolvido com base no princípio de beneficiar o réu em caso de dúvidas - in dubio pro reo. Em abril, ele já havia sido inocentado.
Relembre o caso
Rosell era acusado de ter ficado irregularmente com 20 milhões de euros (R$ 86,4 milhões, em valores atuais) da CBF. Ele era apontado como integrante do esquema iniciado a partir do repasse de comissões irregulares ao dirigente, por ter intermediado contrato entre a Nike e a CBF, assinado em 2008, e direitos de transmissão de 24 amistosos da seleção brasileira.
Segundo a acusação, os dois acordos foram firmados ainda quando a entidade era dirigida por Ricardo Teixeira. Ao todo, o desvio seria de 14,9 milhões de euros (R$ 64,3 milhões), pelos jogos, e de 5 milhões de euros (R$ 21,6 milhões), pelo acordo com a marca esportiva.
Rosell e a mulher teriam recebido 6,5 milhões de euros (R$ 28,2 milhões) dos amistosos e, com a colaboração de outros acusados, ocultado parte da comissão de 5 milhões de euros que recebeu e teria devolvido ao dirigente brasileiro, em seguida, pelo contrato com a Nike.
A acusação apontava que os envolvidos "pelo menos, desde 2006, formaram uma estrutura estável, reforçada por vínculos de amizade e parentesco, dedicada a lavagem de dinheiro, em grande escala". A promotoria, ainda, apontava que Rosell era o líder da quadrilha.
Além disso, o MP da Espanha afirmava que Ricardo Teixeira - que está sendo investigado no Brasil, Estados Unidos, Andorra e Suíça - também recebeu uma parte das comissões ilegais, "em claro abuso da posição e em prejuízo aos interesses da administração" da CBF.
Com relação aos jogos amistosos, o contrato de gestão teria sido assinado em 2006 pelo ex-presidente da entidade com a International Sports Events, sediada nas Ilhas Cayman e ligada ao grupo saudita Dallah Albaraka Group, que, por sua vez, é dirigida pelo xeque Saleh Kamel.
Pelos direitos desses jogos, Rosell teria recebido 6,5 milhões de euros, em cinco transferências feitas entre novembro de 2010 e janeiro de 2011, em contas na Espanha que mantêm com a mulher. O dinheiro vinha de bancos da Suíça e Arábia Saudita em nome do xeque Kamel.
O dirigente afirmou à Receita do país natal que os pagamentos eram referentes a venda, em maio de 2011, de uma empresa que mantinha com Marta Pineda, a um grupo no Líbano, pertencente a Shahe Ohanneissian, que é amigo pessoal de Rosell.
Sobre o contrato da Nike, em que uma empresa do espanhol, Ailanto, figurava como intermediária, foram descobertas série de movimentações em uma conta em Andorra, pertencente a Rosell, que serviria, segundo o Ministério Público, para ocultar a transferência de 5 milhões de euros para Ricardo Teixeira.
O ex-presidente do Barça se defendeu no julgamento dizendo que a transação se referia ao pagamento de um empréstimo adquirido junto ao brasileiro.
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