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Paulo Nobre exalta Gareca no Palmeiras de 2014 e promete torcida pelo Peru

Paulo Nobre com Ricardo Gareca durante passagem do argentino pelo comando do Palmeiras em 2014 - Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação
Paulo Nobre com Ricardo Gareca durante passagem do argentino pelo comando do Palmeiras em 2014 Imagem: Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação

Augusto Zaupa e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

06/07/2019 04h00

Em 1º de setembro de 2014, quando anunciou a demissão de Ricardo Gareca, o então presidente do Palmeiras Paulo Nobre declarou que a passagem pelo treinador argentino "daria supercerto" no clube paulista caso fosse de "longo prazo". A demissão, no entanto, ocorreu apenas cerca de três meses após a chegada do profissional devido à má fase do time no Brasileirão.

Em conversa com o UOL Esporte, o ex-mandatário alviverde voltou a defender a sua tese de quase cinco anos atrás e elogiou o treinador que levou o Peru à final da Copa América de 2019 após 44 anos. Somado a isso, Nobre disse que torcerá pelos peruanos na partida de amanhã contra o Brasil, às 17h, no estádio do Maracanã.

"Eu não vou mentir, sou brasileiro, obviamente tenho muito orgulho de ser brasileiro, mas essa seleção não me representa e eu sou Gareca até debaixo d'agua nesta final. Não torço contra o Brasil, pelo amor de Deus, mas eu estou torcendo pelo Gareca porque acho que ele merece. O Brasil é o franco favorito, não só pelos 5 a 0 [pela primeira fase do torneio continental], mas por estar jogando em casa e por ser uma seleção que, por mais que não me represente, tem grandes jogadores."

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"Jamais iria torcer contra o Brasil, como não torci contra em 2018 [na Rússia], mas te digo que acabou o jogo entre Brasil e Bélgica [pelas quartas de final da última Copa], eu fui seguir o meu dia normal, não me abalou em absolutamente nada. Então, neste domingo, eu vou torcer muito, mas muito, muito pro Ricardo Gareca, que é uma pessoa que merece por mais difícil que seja. Eu tenho a consciência disso", acrescentou.

Apesar da torcida pelo argentino, Nobre fez questão de declarar que tem respeito por Tite e também recordou a passagem do treinador da seleção brasileira no Palmeiras, em 2006. À época, o comandante gaúcho foi demitido dentro do avião, quando a delegação voltava a São Paulo, depois da derrota por 3 a 2 para o Santa Cruz, em Recife. Para piorar, o técnico ainda foi hostilizado por torcedores no desembarque no aeroporto.

"Particularmente, eu acho que o Palmeiras tem uma dívida moral com o Tite pelo o que aconteceu na época do [Salvador Hugo] Palaia [ex-diretor de futebol do time]. Foi uma coisa vergonhosa, e o Palmeiras não pode, em hipótese alguma, passar por este tipo de situação. O comando do futebol tem o direito [de trocar de treinador], mas existe maneiras e maneiras de se fazer isso. Fiquei envergonhado com a maneira que o Tite foi demitido."

Choro por demissão de Gareca

Passados quase cinco anos, Nobre comentou que ainda tem contato com o Gareca, tanto que o parabenizou por ter classificado o Peru à Copa da Rússia de 2018, findando um jejum de mais de três décadas - a última participação dos sul-americanos em um Mundial havia sido na Espanha, em 1982.

Ricardo Gareca, o novo treinador do Palmeiras - Fabio Menotti/Divulgação/Ag. Palmeiras - Fabio Menotti/Divulgação/Ag. Palmeiras
Imagem: Fabio Menotti/Divulgação/Ag. Palmeiras

Devido à ótima relação entre as partes, o ex-mandatário recordou que se emocionou quando chamou o argentino para anunciar a sua saída do Palmeiras.

"Ele foi, sem dúvida nenhuma, um dos melhores técnicos com quem eu já trabalhei. É um cara extremamente bem-sucedido, com convicções muito peculiares do trabalho que ele tem. Ele é um ser humano muito bacana. Infelizmente, acabou não dando certo aquela passagem pelo Palmeiras. Eu chorei muito, mas chorei de correr lágrimas. Ele falou para mim: 'não, não presidente, não chore, você me deu uma oportunidade, teve mais paciência do que teriam tido comigo na própria Argentina'".

Ricardo Gareca foi contratado pelo Palmeiras no fim de maio de 2014. Comandou o time até setembro do mesmo ano. Foram 13 jogos no comando: quatro vitórias, um empate e oito derrotas, gerando aproveitamento de 33,3%.

Roberto Carlos argentino

De acordo com Paulo Nobre, a relação com Gareca era tamanha que apelidou o agora treinador da seleção peruano de Roberto Carlos devido à semelhança do cabelo do argentino com o famoso cantor brasileiro.

"Eu sou péssimo para decorar nomes e ele tem uma coisa ligado com cabelo. Careca, careca, careca (lembrava cabelo), sabe como eu chamei ele a primeira vez? Cabelo, fala cabelo! Não é Gareca, não era com cabelo? Não era com Careca que eu associava, puta que pariu. Isso foi engraçado."

"Outra coisa é que eu não chamo ele de Ricardo, eu chamo ele de Roberto, porque lembra quando ele chegou no Palmeiras ele era o sósia do Roberto Carlos, aquele cabelo comprido. Um dia eu brinquei com ele, Robertoooo, ele falou: 'Ricardo'. Eu falei, não, Ricardo na Argentina, aqui no Brasil você é o Roberto Carlos. Cara, ele morre de rir", brincou.