Quem sobe e quem desce após o título do Brasil na Copa América
Dois dias após o título da seleção brasileira na Copa América, o UOL Esporte mostra quem cresceu e quem pode perder espaço com Tite nos próximos meses. Do destaque absoluto de nomes como Gabriel Jesus e Alisson, passando pelo destino dos veteranos e da competição discreta que jovens apostas fizeram.
Em 2019, a seleção ainda vai fazer mais seis jogos, espalhados em três datas reservadas pela Fifa no calendário. Em setembro, nos Estados Unidos, enfrenta a Colômbia em Miami, no dia 6, e o Peru, rival da decisão da Copa América, em Los Angeles, no dia 10. Em outubro, os amistosos devem acontecer entre os dias 7 e 15. Já em novembro, estão previstos entre os dias 11 e 19.
Essas duas últimas datas Fifa ainda não têm adversários e locais definidos, algo que será resolvido pelo novo coordenador de seleções, Juninho Paulista. Ele foi anunciado ontem como substituto de Edu Gaspar. As Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022 começam só em 23 de março do próximo ano.
Goleiros
Alisson: Um dos grandes personagens da Copa América. Levou somente um gol nos seis jogos do torneio e apareceu em momentos difíceis, como na disputa de pênaltis contra o Paraguai nas quartas de final e no duelo com a Argentina na semi. Aumentou o prestígio no futebol mundial, que já andava em alta após a conquista da Liga dos Campeões da Europa e ainda derrubou parte da desconfiança que restava entre os torcedores brasileiros.
Ederson: Jogou apenas o primeiro dos amistosos preparatórios, contra o Qatar. A comissão técnica diz que a competição com Alisson é acirrada e tem até revezado os dois em confrontos menores. Segue em alta, inclusive pela dedicação mostrada para se recuperar de lesão muscular no início da Copa América.
Cássio: Terceiro e o mais velho entre os goleiros, com 32 anos, tem a confiança de Tite pelos anos de parceria no Corinthians. Tem sido ameaçado por Neto, que agora é do Barcelona, e Weverton, do Palmeiras, mas ambos não são tão mais jovens do que Cássio para desbancá-lo pela idade na corrida para a Copa do Mundo de 2022. Neto tem 29 anos e Weverton, 31.
Laterais
Daniel Alves: Como tirar do time o capitão e principal referência técnica na ausência de Neymar? Os 36 anos podiam fazer Tite até imaginar que a Copa América era a última oportunidade para Daniel, mas o nível apresentado no torneio o qualifica para seguir com a seleção pelo menos na primeira fase das Eliminatórias.
Fagner: Assim como Cássio, é homem de confiança de Tite. Joga em uma posição que é carente para seleções - e ainda mais para clubes -, mas viu o titular Daniel Alves brilhar e ficou no banco o tempo todo na Copa América. Até Militão foi improvisado na direita na final contra o Peru. Disputa posição há tempos com Danilo, do Manchester City, e levava vantagem por ter feito uma Copa do Mundo melhor ano passado, mas isso pode mudar nesse novo ciclo. Fagner tem 30 anos, contra 27 de Danilo.
Filipe Luís: Outro veterano que foi bem, ainda que longe do brilho de Daniel. A segurança defensiva e o comprometimento são suas principais marcas. Os jogadores se impressionaram com sua entrega contra a Argentina, quando estava machucado no banco e ajudava a comissão técnica a comandar o time. Os 33 anos podem pesar, ao menos para a disputa da vaga de titular nesta etapa pós-Copa América.
Alex Sandro: Cinco anos mais novo que o concorrente, Alex ganhou a titularidade nos dois jogos finais do torneio e agradou muito. Tem uma regularidade impressionante na carreira por clubes e agora, enfim, pode ter sua maior chance na seleção. Além de Filipe Luís, tem outros dois nomes na cola: Alex Telles, testado em amistosos por Tite após se destacar no Porto, e Marcelo, que perdeu prestígio após a Copa na Rússia e tenta se reerguer no Real Madrid. A comissão também olha para a ascensão de Renan Lodi, que foi para o Atlético de Madri.
Zagueiros
Thiago Silva: Vive cenário parecido com o de Daniel Alves. Tem 34 anos e chegará à próxima Copa em idade avançada, o que pode tirá-lo dos planos de Tite de forma gradativa. Mas o saldo após a Copa América é altamente positivo e o fim de sua trajetória na seleção não deve terminar tão cedo. Por outro lado, defende a renovação do time em entrevistas e promete ajudar os mais novos nesse processo.
Marquinhos: Também fez grande Copa América e é considerado o protagonista para a renovação planejada por Tite. Tem só 25 anos e já um vasto currículo de jogos importantes. Consegue exercer liderança na seleção e agrada também pela versatilidade. Segue em alta com a comissão técnica.
Militão: Nos planos de Tite, é o parceiro ideal para Marquinhos. A pouca idade faz a comissão ainda ter cautela, para não deixá-lo exposto. Mas se com 21 anos Militão já conseguiu se transferir para o Real Madrid, após só duas temporadas como profissional, a confiança de Tite aumenta cada vez mais. Foi bem nos treinamentos e ganhou chance na final da Copa América. Pilar da renovação.
Miranda: Foi muito regular no último ciclo de Copa, mas os 34 anos e a recente queda de produção devem afastá-lo da seleção antes do que outros veteranos. Tite é fã de seu futebol, mas precisa preparar outros jovens e tem Thiago Silva em melhor momento para ser o porto seguro de todo esse processo.
Volantes
Casemiro: É um dos jogadores favoritos de Tite, pela forma como organiza a equipe e como se doa em campo. Teve momentos de baixa durante a Copa América, mas foi impecável nas decisões, sobretudo para marcar Messi contra a Argentina. No Real Madrid, ainda reencontrou o Zinedine Zidane, técnico que o levou ao auge. Ou seja, as perspectivas são de melhora.
Arthur: Outro queridinho de Tite, outro que teve momentos instáveis na Copa América. Leva broncas constantes do técnico por arriscar poucas jogadas agressivas, seja com chutes, com arrancadas ou com passes mais verticais. Quebrou um pouco dessa barreira ao construir a jogada de um dos gols contra o Peru na final. Tende a seguir com prestígio e como titular.
Fernandinho: Situação muito parecida com a de Miranda, inclusive por também ter 34 anos. Tem a confiança de Tite, o respeito dos jogadores e, mais que o zagueiro, ainda está em alta em seu clube, o Manchester City. Mas sua trajetória na seleção tende a terminar. Fabinho, destaque do Liverpool, é o favorito a desbancá-lo.
Allan: É uma aposta de Tite para tornar o time mais leve e com melhor toque de bola. Cumpriu bem esses dois requisitos na Copa América. Só ficou devendo um pouco em projeção ao ataque, mas nada que deva fazê-lo perder pontos. Deve seguir convocado com frequência e é alvo de grandes clubes da Europa.
Meias
Philippe Coutinho: A expectativa era alta para que ele assumisse o protagonismo na ausência de Neymar. A estreia foi promissora, com dois gols contra a Bolívia, mas depois o que se viu foi um jogador muitas vezes fominha na busca pelo gol e apagado. Ainda que goze de muito prestígio com Tite, pode começar a ficar ameaçado no time titular.
Lucas Paquetá: Era a grande esperança de Tite para esse novo ciclo. Chegou a ser titular e camisa 10 em amistosos, foi observado de perto no início pelo Milan e tinha tudo para desbancar Coutinho, mas pouco mostrou no dia a dia. Ainda deve continuar no radar para o processo de renovação, mas já sem a mesma empolgação. Só jogou alguns minutos na Copa América.
Atacantes
Everton: Foi quem mais cresceu na competição. Saiu do banco para ser titular e xodó da torcida, capaz de fazer Tite brincar com o momento de alta e dizer que a seleção será com Cebolinha, Neymar e mais nove. Mostrou coragem e poder de decisão, sendo artilheiro da Copa América. Se for negociado para o futebol europeu, terá o desafio de não baixar o ritmo em um período de adaptação.
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Gabriel Jesus: Outro protagonista do ataque. Encerrou o jejum em jogos de competição pelo Brasil e se isolou como artilheiro da Era Tite com 18 gols. Mostrou muita personalidade nos momentos mais tensos da Copa América e foi decisivo em todos os mata-matas. Voltou para os braços da torcida após a Copa do Mundo ruim que fez ano passado.
Roberto Firmino: Chegou bem abaixo em comparação ao Mundial na Rússia, mas desta vez teve sequência. A lesão na reta final da temporada europeia o deixou mais discreto em campo, sem tanta movimentação e força. Já na reta final, mais solto, conseguiu ajudar mais. Tendência é seguir bem cotado com Tite.
Richarlison: Era a sensação dos amistosos, impressionava pela força e pela personalidade. Começou a fase de grupos sem repetir esse sucesso e acabou perdendo posição para Jesus. Ainda sofreu com um quadro de caxumba, mas voltou na final com personalidade e converteu o pênalti que fechou o placar contra o Peru. Tem tudo para ser protagonista na renovação.
David Neres: Mais um que chegou com moral dos amistosos, mas que não correspondeu à altura. Chegou a herdar a posição de Neymar, cortado por lesão no tornozelo direito, mas teve rendimento discreto na fase de grupos e caiu para Cebolinha. Não entrou mais no time. Tite ainda aprecia demais seu futebol e deve seguir dando chances, ainda que com a sombra de Vinicius Júnior.
Willian: Foi chamado às pressas para o lugar de Neymar e, como homem de confiança de Tite, deu boas respostas em campo. Tem facilidade para se encaixar nas ideias do técnico e segurança para jogos grandes, mas aos 30 anos e com uma vasta concorrência na posição, não deve mais ter tanto espaço.
O que fazer com Neymar?
Tite não pôde contar com seu principal astro na Copa América e ainda assim foi campeão. Isso não ilude o técnico, que conta e muito com o retorno de seu camisa 10. É possível imaginar um time com Gabriel Jesus de centroavante, Firmino como meia e as pontas ocupadas por Neymar e Everton Cebolinha.
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