Por que "previsão" de Andrés sobre Flamengo e Palmeiras não se confirma
Flamengo e Palmeiras concentram 24% das receitas dos clubes mais importantes do futebol brasileiro e impõem um abismo financeiro em relação aos principais rivais, como mostrou um estudo divulgado ontem referente a dados de 2018.
Esta concentração cresceu nos últimos anos e ainda apresenta tendência de evolução, de acordo com o relatório. O que contraria uma visão externada pelo presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, de que "a conta vai chegar" para os dois clubes.
Durante participação em um programa da "Fox Sports" na última segunda-feira (15), o corintiano foi questionado justamente sobre o fato de Flamengo e Palmeiras arrecadarem mais dinheiro e realizarem maiores investimentos se comparados aos outros grandes clubes do país.
"Eu acho que nos próximos dois anos Flamengo e Palmeiras estão na frente. É o campeonato dos dois contra os outros 18. Futebol é cíclico, uma hora é um, depois outro. Vamos esperar dois anos para ver", afirmou Andrés, que ainda chamou o patrocínio da Crefisa ao Palmeiras de "coisa atípica, não é a realidade".
O estudo realizado pelo Itaú BBA, porém, contraria a lógica utilizada pelo presidente do Corinthians ao considerar o momento financeiro dos dois rivais como sustentável, e não obra do movimento cíclico do esporte, especialmente no caso palmeirense.
"Houve um grande aporte financeiro até 2016, mas o número estancou e não imagino que volte a crescer. O Palmeiras conseguiu outras fontes de receita, organizou a casa, construiu uma estrutura invejável. Não acho que a conta vá chegar. O clube teria capacidade de tocar a vida (sem a Crefisa) porque seu nível de geração de caixa permite", diz César Grafietti, um dos consultores responsáveis pelo levantamento.
Um dado mencionado pelo economista também compõe a tese: hoje, o elenco do Palmeiras vale cerca de três vezes o valor investido pela patrocinadora.
Publicidade e patrocínio representam apenas 15% dos R$ 654 milhões de receita do Palmeiras em 2018. Houve três fontes mais poderosas: direitos de transmissão (R$ 137 milhões), venda de jogadores (R$ 170 milhões) e bilheteria e programa de sócio-torcedor (R$ 160 milhões).
Em relação ao último tópico, a diferença é grande em relação ao segundo colocado, que é justamente o Flamengo, que arrecadou R$ 93 milhões com bilheteria e sócio-torcedor. O Grêmio, terceiro neste ranking, tem metade da arrecadação palmeirense. Os programas de sócio-torcedor cresceram 7% de 2017 para 2018 e se consolidaram como receita preponderante para os clubes.
Já no caso do Flamengo, a receita no ano foi de R$ 536 milhões, oriundos de direitos de transmissão (41%), publicidade e patrocínio (17%) e venda de jogadores (11%), além da quantia relativa a bilheteria e sócio-torcedor. O ponto a se destacar é a redução "em volume significativo de dívida", que "passou a ser compatível com a capacidade de pagamento do clube".
A dívida flamenguista alcançou R$ 418 milhões, com a maior parte dela concentrada em impostos renegociados. As dívidas que o estudo chama de "onerosas", com bancos, por exemplo, foram reduzidas de R$ 45 milhões para R$ 25 milhões.
O único risco levantado pelo estudo é o Flamengo se empolgar demais na fase de investimentos proporcionada pela capacidade financeira e gastar mais do que deve.
"Às vezes a arrogância de uma gestão por ser tão melhor que as outras faz com que erros sejam cometidos. A arrogância do dirigente é o veneno do futebol, é o que faz sair dos trilhos e gastar os tubos. É preciso manter os pés no chão para não escorregar", diz Grafietti.
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