Allianz Parque ou Arena Corinthians: Qual estádio gera maior renda a times?
Corinthians e Palmeiras inauguraram suas arenas no mesmo ano, em 2014, e a partir de então passaram a viver realidades distintas em relação às finanças. Mas afinal, entre tantos debates, quem lucra mais com seu respectivo estádio?
Segundo balanços recentes, enquanto o clube alviverde conseguiu potencializar suas receitas com o estádio, o rival alvinegro passou a enfrentar dificuldades para fechar as contas no azul nos últimos cinco anos.
Palmeiras dispara
Para se ter uma ideia do impacto das arenas nas finanças dos clubes, bilheteria e programa de sócio-torcedor, até 2013, representavam cerca de 12% da receita total. Em 2015, primeiro ano em que os estádios funcionaram de janeiro a dezembro, a proporção corintiana desabou para 9,7%. A do Palmeiras atingiu 25%.
Corinthians cai ainda mais
Na temporada seguinte, o clube alviverde manteve a porcentagem. O Corinthians, por sua vez, viu a participação cair para 3,6%. Os resultados ficaram evidentes nas receitas totais: R$ 510 milhões alviverdes contra R$ 357 milhões alvinegros.
A explicação está no modelo de negócio dos estádios. O Allianz Parque é administrado pela WTorre, construtora responsável pela obra do estádio. O contrato se encerra em 2044. Embora tenha que se adequar à agenda da empresa - por causa de alguns shows na arena, partidas foram disputadas no Pacaembu -, o Palmeiras tem 100% da bilheteria dos jogos.
A construtora ainda tem de repassar parte da arrecadação de eventos, camarotes e cadeiras cativas. O Palmeiras tem direito a 5% dessas receitas nos primeiros cinco anos. O valor tem um acréscimo de 5% a cada cinco anos. A WTorre também repassa ao clube 50% da renda bruta dos jogos disputados fora do Allianz Parque, quando a arena estiver em uso por outro motivo.
O modelo de negócio da Arena Corinthians é distinto. O clube paulista tem total liberdade para escolher a agenda do estádio, mas tem toda a bilheteria retida. A arrecadação com eventos do estádio é destinada a um fundo responsável pelo pagamento do financiamento da Caixa Econômica Federal.
Resultados aparecem no balanço
Segundo um estudo realizado pelo Itáu BBA, o Palmeiras é o "dono da bola" hoje no futebol brasileiro. O clube paulista apresentou os melhores resultados nas receitas totais obtidas em 2018: R$ 654 milhões.
A segunda maior receita do Palmeiras em 2018 foi justamente com as bilheterias dos jogos e o programa de sócio-torcedor: R$ 160 milhões - ela representou 24% do total.
No Corinthians, a receita total chegou a R$ 389 milhões em 2018. Desse montante, bilheterias dos jogos e o programa de sócio-torcedor foram equivalentes a apenas 4,9% - ou R$ 19 milhões.
A falta da receita de bilheteria potencializa as dificuldades do Corinthians em fechar as contas. Nos últimos dois anos, o clube fechou no vermelho: R$ 18,7 milhões em 2018 e R$ 35,1 milhões em 2017. No último ano em que pôde contar com a renda dos jogos, em 2013, o clube alcançou a marca de R$ 35 milhões com bilheteria. E fechou no azul.
"O Corinthians lembra aqueles equilibristas que mantêm vários pratos girando sobre hastes. Exige muito esforço e fôlego. A manutenção da dependência da venda de atletas é um sintoma ruim, assim como a redução de valores a receber em publicidade, sem contar a falta que a receita de bilheteria faz", diz o estudo.
Para César Grafietti, um dos consultores responsáveis pelo levantamento, o Palmeiras teve um grande aporte financeiro até 2016, da Crefisa, mas o "número estancou".
"O Palmeiras conseguiu outras fontes de receita, organizou a casa, construiu uma estrutura invejável. Não acho que a conta vá chegar. O clube teria capacidade de tocar a vida (sem a Crefisa) porque seu nível de geração de caixa permite", afirmou.
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