Fla do Equador vê filme de Zico para se inspirar e sonha conhecer Maracanã
Há limites geográficos para a paixão por um clube de futebol? O Equador, país onde o Flamengo realizará hoje, às 21h30, o jogo de ida das oitavas de final da Copa Libertadores, contra o Emelec, é mais uma das provas de que não. A 312 quilômetros de Guiaquil, local da partida, encontra-se a pequena cidade de Latacunga, que tem como representante nos gramados equatorianos um clube que, ao soar o nome, não percebe-se apenas uma mera coincidência. Inspirado justamente no famoso Rubro-Negro do Rio de Janeiro, há por lá o Club Deportivo Flamengo FC (ex-Sociedad Deportiva Flamengo de Latacunga).
Atualmente na "Segunda Categoria" do país - espécie de Série C do Equatoriano - ele foi fundado em 1923 e também tem como uniforme principal o vermelho e preto, sendo o reserva na cor predominantemente branca, assim como seu primo ilustre.
"O Flamengo de Latacunga foi fundado em reconhecimento a uma das melhores e mais representativas equipes do Brasil", salienta ao UOL Esporte o atual presidente do clube, Ricardo Fernando Solís Moreno.
A inspiração no Rubro-Negro carioca não se limita somente ao nome e as cores. Por lá, existe a tradição de manter viva a idolatria por quem fez história na Gávea.
Zico, assim como aqui, é unanimidade, e seus vídeos e de outras lendas do Flamengo e do futebol brasileiro são exibidos sempre que possível para os jogadores do time equatoriano.
"Tentamos motivá-los com vídeos de grandes jogadores de futebol do Brasil e, principalmente, relacionados ao Flamengo", diz Ricardo.
Time assistirá jogo contra o Emelec
Por conta da distância e também de questões financeiras, o Flamengo de Latacunga não se fará presente hoje no estádio George Capwell, em Guaiaquil, mas sua diretoria informou que reunirá os jogadores para assistir a partida contra o Emelec pela Copa Libertadores.
Até o fechamento desta reportagem o clube da Gávea não havia entrado em contato com eles, segundo o presidente Ricardo Moreno.
Sonho com estágios no Fla e de levar time ao Maracanã
Ricardo Fernando Solís Moreno faz parte de um projeto de reestruturação do Flamengo de Latacunga. Depois de chegar a alcançar a Série B do país, o clube decidiu encerrar as atividades profissionais em 2007 por conta de problemas econômicos, ficando cerca de 10 anos nesta situação.
Em 2017 o Rubro-Negro equatoriano retornou e tem atingido bons resultados. Este ano, por exemplo, ficou em quarto lugar na "Série C" adulta e na vice-colocação no sub-17.
Para Moreno, seus maiores sonhos são poder levar o time para atuar no Maracanã e, quem sabe, presenciar a oportunidade de um jovem jogador do seu clube estagiar no Flamengo carioca.
"Tento fazer alguma conexão e ver a possibilidade de mandar meus meninos fazerem estágios no grande Flamengo. Eu tento motivar e espero conseguir", declarou.
Colecionador estreitou relação com Fla de Latacunga
Se a relação entre as instituições ainda não é tão próxima, já há, porém, um estreitamento entre o clube de Latacunga e alguns torcedores do Flamengo. Colecionador de camisas de times que levam o mesmo nome do Rubro-Negro carioca, Leonardo Ribeiro, morador do bairro do Méier (RJ), resolveu, por conta própria, se aproximar dos equatorianos e tentar uma iguaria para sua rara coleção que mistura equipes do Brasil e de outros países com referência à agremiação da Gávea.
"Eu já coleciono camisas do Flamengo e, há uns dois anos, comecei a coleção de camisas de times que se chamam Flamengo. E aí, nesse colecionismo, fazendo pesquisa na internet, descobri que tem esse Flamengo no Equador. Pela internet procurei o contato. No próprio Facebook do clube coloquei que, como eu era colecionador, gostaria de uma camisa deles. E o Ricardo (presidente) foi um dos que me respondeu e disse que seria possível, então trocamos telefone, ele me contou um pouco da história do Flamengo de Latacunga e viabilizamos", se recorda Leonardo.
O colecionador rubro-negro lembra ainda que ocorreu um certo contratempo no envio das camisas para o Brasil:
"Teve até uma história curiosa, porque as camisas chegaram, mas aí a Receita Federal as taxou com um preço absurdo, então elas tiveram que voltar para o Equador de novo para o Ricardo me enviar com uma carta de doação. Depois, enfim, chegaram".
Leonardo Ribeiro já foi para partidas do Flamengo com a camisa do Rubro-Negro de Latacunga e posou para fotos com seus amigos que costumam ir com ele aos jogos no Maracanã. Elas foram posteriormente enviadas e Ricardo Moreno fez questão de mostrar a seus jogadores.
"Nos jogos no Maracanã que ele (Leonardo) usou, nos mandou fotos e saudações. Essas coisas são muito importantes porque os garotos olham e sonham", diz Ricardo.
Hoje em dia, Leonardo Ribeiro e Ricardo Moreno costumam manter contato e conversar sobre o futebol brasileiro.
"Acabou que depois ele ficou meu amigo. Ele sempre me manda 'felicitaciones' quando o Flamengo ganha. Até mesmo com o Brasil na Copa América ele me mandou também, disse que estava torcendo", ressalta Leonardo.
Clubes já trocaram gentilezas
Em 2011, os clubes trocaram gentilezas em uma visita de dirigentes do Flamengo a Latacunga. Camisas foram presenteadas entre os clubes e o Rubro-Negro carioca demonstrou carinho com seu "primo" equatoriano.
"Eles devem até ter no museu as camisetas que foram entregues a eles, assim como eles nos deram. Somos reconhecidos por manter as raízes do Flamengo do Brasil no Equador", salienta Ricardo Moreno.
Escolinhas nas zonas rurais de Latacunga
O Flamengo equatoriano tem realizado projetos sociais e aberto escolinhas nas zonas rurais da cidade. Além disso, tem investido nas divisões de base do clube.
"Quero transmitir que o melhor prêmio para o trabalho é atingir os objetivos. Quero vê-los começando a fazer estágios e depois vê-los jogando no grande Maracanã, mas antes de tudo eu sou um rapaz de Latacunga e é por isso que estou trabalhando nestas divisões inferiores", declara Moreno.
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