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São Paulo já teve lateral com a 10 antes de Dani Alves. E ele foi campeão

Souza, durante jogo do São Paulo em 2007, quando foi lateral-direito e camisa 10 da equipe - Rubens Cavallari/Folhapress
Souza, durante jogo do São Paulo em 2007, quando foi lateral-direito e camisa 10 da equipe Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress

Bruno Grossi e Gustavo Setti

Do UOL, em São Paulo

02/08/2019 04h00

Além da surpresa natural da contratação de Daniel Alves, o São Paulo também rompeu o protocolo ao dar ao astro a camisa 10. Ver um lateral-direito com o número não é algo comum no futebol, é verdade. Mas no próprio Tricolor essa receita já funcionou - e muito bem. Há 12 anos, Souza ganhou a camisa, se firmou na direita e acabou sendo um dos destaques da conquista do Campeonato Brasileiro de 2007.

Souza foi contratado pelo São Paulo em 2003 após se destacar pela Portuguesa Santista no Campeonato Paulista daquele ano. Pelo Tricolor, ele foi campeão paulista (2005), da Libertadores (2005), Mundial (2005) e bi brasileiro (2006 e 2007).

Na maior parte do tempo, foi um reserva importante, que aparecia em jogos grandes e quase sempre como meia ou atacante. Também chegou a ser volante. Em outra coincidência, Dani Alves é outro com histórico de polivalência, jogando como ponta e volante pela seleção brasileira e no Paris Saint-Germain.

Os primeiros passos mais marcantes de Souza na lateral direita aconteceram em 2005, nas semifinais da Copa Libertadores da América. Contra o River Plate, no segundo tempo no Morumbi e como titular em Buenos Aires, foi o escolhido por Paulo Autuori para substituir Cicinho, que estava com a seleção brasileira na Copa das Confederações. Souza se deu bem na posição, participou de gols e passou a ser improvisado com mais frequência, principalmente depois da venda de Cicinho para o Real Madrid, após as conquistas da Libertadores e do Mundial de Clubes.

Em 2006, ocupou a lateral na campanha do vice-campeonato da Libertadores, mas ainda com a camisa 21, que havia usado na maior parte do tempo desde a chegada ao Morumbi - também usou a 19 -, e terminou a temporada como titular no meio de campo. Até que, em janeiro de 2007, o São Paulo decidiu dar ao meia o número 10, uma herança deixada por Danilo, que saíra para o futebol japonês após o título do Brasileirão de 2006.

A ideia de Muricy Ramalho era usar Souza como um meia de ofício e, enfim, como titular. Mas o curso da temporada fez o time se transformar e, após a venda de Ilsinho, coube ao armador novamente passar para a direita. Só que ele não era o único meio-campista que atuava como ala.

Muricy montou uma equipe ofensiva que, apesar de jogar com três zagueiros, possuía quatro atletas de boa chegada na segunda linha: Souza na direita, Hernanes e Richarlyson pelo centro e Jorge Wagner pela esquerda. No ataque, Leandro, Dagoberto, Borges e Aloísio disputavam três vagas.

Piada entre os rivais

O fato de Souza usar 10 chegou a ser motivo de piada para torcedores e até jogadores rivais. Vampeta, que voltara para o Corinthians no Brasileirão de 2007, chegou a ironizar o são-paulino publicamente. Souza respondia com mais provocações, principalmente quando tinha boas atuações, como numa goleada por 6 a 0 sobre o Paraná no Morumbi, em que o meia tricolor marcou um golaço driblando quatro adversários. As frases sobre o próprio futebol, cheias de bom humor e personalidade, também são um ponto de convergência com Daniel Alves. Nesse dia, contra o Paraná, chegou a dizer que teve um "relâmpago de Zico", em vez de um "lampejo de Zico".

A aventura de Souza com a 10 do São Paulo durou só uma temporada. Ele aceitou ceder a camisa para Adriano em janeiro de 2008 e logo depois se transferiu para o PSG, justamente o último clube de Dani, e ficou de novo com o número místico do futebol. Em uma rápida passagem pelo clube, conquistou a Copa da Liga Francesa, taça que Dani também ergueu uma vez no time parisiense.

Daniel Alves e Souza se encontram ainda na longevidade da carreira. O agora craque são-paulino tem 36 anos e joga profissionalmente há 19 temporadas. Souza está com 40 anos e ainda não se aposentou, embora tenha se tornado um peregrino de equipes de menor expressão desde que deixou o Ceará em 2014, e defende o Bagé, do Rio Grande do Sul.

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