Técnico brasileiro cita episódio de preconceito sofrido no Zenit no passado
No último sábado (3), Malcom, ex-Corinthians e Barcelona, fez sua estreia pelo Zenit, de São Petersburgo, na Rússia. Logo em sua primeira partida, o jogador foi alvo de manifestação racista de parte da torcida, que condenou a sua contratação, alegando que não faz parte da tradição do time. Para falar do assunto, a edição de hoje do "Futebol no Mundo", da ESPN Brasil, convidou o técnico brasileiro radicado na Ucrânia Gilmar Tadeu, que contou algumas situações que viveu e analisou a situação de Malcom.
Gilmar Tadeu foi o primeiro treinador negro na elite do futebol ucraniano. Na temporada passada, ele comandou o FC Lviv. Na entrevista ao "Futebol no Mundo", o técnico contou que chegou a ser indicado para treinar as categorias de base do Zenit, mas acabou barrado por conta de sua cor de pele. Na opinião dele, não há desculpa cultural para o que aconteceu.
"Não vejo como cultural. Vejo como racismo mesmo. Eu vivo na Ucrânia há dez anos, um país que acaba de sair de uma guerra, um país branco, mas que há muitos anos tem enraizado negros no país. Pessoas que trabalham com futebol, estudantes que imigraram para o país e estabeleceram família, assim como eu, que tenho um filho ucraniano. Então, é racismo assumido, mesmo. Teve o Hulk antes, outros jogadores, e só eles sabem o que passam lá", afirmou.
O treinador ainda afirmou que acredita que a questão do racismo não se limita aos torcedores que levaram faixas ao estádio, mas entende que a prática está presente dentro do clube.
"Eu moro na Ucrânia, mas conheço a Rússia e conheço a realidade de São Petersburgo e do clube. O clube vai fazer um manifesto mesmo, pagaram um valor alto no atleta, mas é impossível encobrir. Não é só parte da torcida organizada, são pessoas envolvidas no clube. Eles não querem tornar isso público, até porque é crime", disse.
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