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Como Pierre reduziu impacto financeiro ao deixar futebol antecipadamente

Pierre (à direita) encerrou a carreira de forma não premeditada. Ele sofria com lesões - UOL
Pierre (à direita) encerrou a carreira de forma não premeditada. Ele sofria com lesões Imagem: UOL

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

06/08/2019 04h00

Como fazer para amenizar o impacto financeiro ao fim da carreira no futebol? E se a aposentadoria for precoce, como aconteceu com ex-volante Adilson no Atlético-MG? Esta é uma preocupação cada vez mais frequente para atletas.

A aposentadoria sem planejamento no esporte não é um caso tão raro. É por isso que, nos últimos anos, empresas especializadas em cuidar da vida extracampo de jogadores têm ganhado cada vez mais espaço no meio. Com passagens por Palmeiras, Atlético-MG e Fluminense, Pierre é um exemplo disso.

O antigo meio-campista teve que encerrar a carreira antes do planejado por conta de uma série de lesões no tornozelo. Ele anunciou a retirada dos gramados em fevereiro, mas não tem vínculo empregatício desde dezembro da última temporada.

"Não estava projetado parar no ano passado. Eu tinha planos para jogar mais dois, três anos. Mesmo antecedendo dois, três anos, deu para parar com as coisas boas e tudo ajustado", disse ao UOL Esporte.

Mesmo com a necessidade de antecipar o fim da carreira, Pierre conseguiu se organizar financeiramente para amenizar o impacto da ausência de receita no futebol. Ele é cliente da TopSoccer, empresa especialista em finanças, contabilidade e questões jurídicas, desde 2015, quando ainda defendia as cores do Flu. Em pouco tempo, mudou a rotina para evitar problemas fora das quatro linhas.

"A mudança foi enorme em todos os sentidos. Desde a organização financeira dentro de casa. O atleta, quando ganha muito, não se atenta para muita coisa. Comecei a me atentar para várias coisas que não me atentava inicialmente. Eu comecei a fazer um planejamento pós-carreira, visando a minha aposentadoria. O resultado foi tão bom que indiquei para outros colegas também", comentou o ex-atleta.

"A questão da parte fiscal, não que fosse desleixado, mas eu pude melhorar muito, sabe? Pude buscar coisas melhores, taxas melhores. O contador falava, e a gente pagava de qualquer jeito. Eu procurei a me atentar mais para isso, buscar taxas melhores. Questão de investimentos, em relação à compra e venda de imóveis, foi muito boa. Saí de banco para ir buscar taxas melhores de investimento. É difícil apontar as coisas", acrescentou.

Everton Ribeiro - Alexandre Vidal / Flamengo - Alexandre Vidal / Flamengo
Imagem: Alexandre Vidal / Flamengo
A mudança de vida foi graças à TopSoccer, com quem trabalha até os dias de hoje. Marcelo Claudino, fundador da empresa, e Hudson Santos, seu sócio, são os responsáveis por aconselhar os jogadores. A empresa conta hoje com 70 clientes em dez países distintos e escritórios em Belo Horizonte, São Paulo e Orlando, nos Estados Unidos.

Nomes como Éverton Ribeiro (foto), Ricardo Goulart, Léo, zagueiro do Cruzeiro, Henrique Dourado e Marinho aparecem na carteira exibida no site institucional. O trabalho feito com Pierre é semelhante ao adotado na vida extracampo de outros atletas. E a preocupação é mantê-los tranquilos para o pós-carreira.

"O Pierre é um cara que começou a trabalhar com a gente no fim da carreira. Na situação de aposentado, ele pode falar como aconselharia os jogadores hoje. Ele sabe a dificuldade de ganhar mil reais atualmente. É um cara que já ganhou muito bem, mas sabe qual a dificuldade de ganhar mil reais", conta Marcelo Claudino ao UOL.

"A linha é poupar o máximo que ele puder, pelo menos 40%, 50% da renda. É o que a gente coloca para os atletas. O outro ponto é o quanto ele vai investir, o tempo que ele vai investir, porque os juros compostos dependem do tempo. A questão do risco é se ele vai investir em ações, renda fixa ou imóveis. É ver se ele é solteiro, se ajuda a família ou não. A questão é não deixar o atleta em uma rota de risco em que ele possa, além de não poupar, ficar vulnerável. A gente não espera que os atletas se tornem especialistas. A gente tem casos de atletas que foram além, que buscam entendimento melhor, discutem conosco, perguntam e não sabiam quase nada no início", acrescentou, explicando o que a empresa costuma fazer para auxiliar os seus clientes.

O aspecto financeiro é o carro-chefe da empresa que ajuda Pierre e outros nomes do futebol brasileiro. Porém, não é o único serviço entregue aos atletas. A ideia é fazer um trabalho completo fora dos gramados.

"Geralmente, o cliente é mais atraído pelas questões dos investimentos para rentabilizar o dinheiro deles. A gente tem dificuldade para explicar como assessoria jurídica é algo importante. A gente acompanha situações de vendas de imóveis e outros bens. Talvez, hoje, se eu não estiver enganado, uma das maiores demandas que temos de trabalho é o jurídico. O jurídico envolve tudo, pode ser um problema de separação conjugal, um perfil fake em rede social, um acidente de trânsito, um problema que envolva um contrato de aluguel, um problema com o seu vizinho. A gente acha que não vai ter um problema desse. Hoje, você não tem nada, mas amanhã pode acordar com um problema desse", concluiu Marcelo Claudino.