Allana defende o pai: "Quem procurou tudo isso foi o próprio Daniel"
Allana Brittes contou detalhes do assassinato do jogador Daniel Corrêa, em outubro do ano passado, na noite em que a jovem de 18 anos o convidou para a festa que culminaria na morte dele, em entrevista ao Conexão Repórter, do SBT. Foi a primeira vez que ela falou sobre o assunto desde que deixou a penitenciária de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, na semana passada, após 9 meses presa.
Daniel foi morto por Edison Brittes Júnior, que confessou o crime, ao ser flagrado na cama com a mulher do empresário, Cristiana Brittes, acusada de homicídio, coação de testemunha e fraude processual. Os dois seguem presos. Allana deixou a prisão após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) conceder habeas corpus.
"Quem matou o Daniel? Meu pai. Mas quem procurou por isso foi o próprio Daniel. A partir do momento que entrou naquele quarto, não pensou nas consequências. Uma mulher casada, embriagada, dormindo. Uma casa de família... Ele pensou que por ser um jogador, por ter dinheiro, podia fazer isso. As coisas não funcionam assim", defende.
"Ele foi a maior vítima, foi assassinado", pontuou Roberto Cabrini. "Ele não foi a única vítima, no meu ponto de vista. Para mim a minha mãe foi a maior vítima. Ela estava dormindo na cama dela, no quarto dela e, se uma mulher não tiver privacidade, paz na própria cama, na própria casa, não sei onde vai ter", rebateu.
Ela garante que a mãe não mostrou interesse no jogador. "Minha mãe nunca deu liberdade nenhuma para o Daniel. Ela nunca trocou uma palavra com ele, ela nunca deu essa liberdade para homem nenhum, foi sempre apaixonada pelo meu pai. Ela disse que sequer sabia como era a voz dele e que não sabia porque ele fez isso". E nega que houvesse qualquer iniciativa de sexo a três. "Isso é totalmente mentira".
Allana explica porque não falou a verdade inicialmente sobre o crime. "Não foi mentir, naquele momento eu não podia falar o que realmente estava acontecendo. Eu estava muito em choque, abatida, a ficha não tinha caído. Sei que errei, mas errei para proteger meu pai".
A jovem narra o que viu. "Sai correndo, desci a escada e no pé da escada encontrei minha mãe chorando pedindo ajuda. Quando entrei no quarto, vi meu pai segurando o Daniel pelo pescoço em cima da cama. Ele estava de cueca, de camiseta, meu pai me disse: 'ele estava na cama tentando estuprar sua mãe'".
Ela procura se convencer que o pai agiu corretamente. "Eu procuro não pensar. Sempre vou vê-lo como meu pai, que fez tudo para mim por 18 anos. Vou estar sempre do lado dele. Eu não condeno, eu sei que ele não procurou isso. O Daniel procurou isso, ele foi sem ser convidado, entrou no quarto da minha mãe, importunou ela enquanto estava dormindo. Ele não morreu de graça, ele procurou isso".
O pai teria se arrependido. "Ele me abraçou e disse 'me perdoa, filha' e começou a chorar. 'Eu só queria proteger sua mãe'. Meu pai foi tomado pela emoção, pelo ódio. Nunca imaginei que o Daniel pudesse morrer".
Allana se emociona. "Penso que a família dele não tem nada a ver com os erros dele, não tem culpa de nada e entendo a dor. Só que a minha família também foi destruída, assim como a dele. Não tenho vida mais, a minha vida acabou lá. A minha vida é a minha família, hoje estou sem eles", disse.
Entenda o caso:
Daniel Correa foi morto no dia 27 de outubro de 2018 depois da festa de aniversário de 18 anos de Allana Brittes. Após celebração em uma boate de Curitiba, todos seguiram para a casa da aniversariante, onde o jogador foi espancado antes de ser levado dali de carro para a morte.
Daniel foi degolado e teve o pênis cortado. Edison Brittes Júnior, pai de Allana, confessou o crime. No carro que levou o jogador para ser morto ainda estavam David Vollero, Ygor King e Eduardo da Silva, também presos acusados de participação no homicídio.
Segundo Edison Brittes, conhecido como Juninho Riqueza, Daniel tentou abusar de sua mulher, Cristiana Brittes, e por isso iniciou a sessão de espancamento do jogador, ainda em sua casa.
A polícia afirma que, além de ter matado Daniel, Edison Brittes ameaçou testemunhas do crime e fez com que todos os presentes na casa limpassem o local para apagar as provas de que Daniel esteve ali.
A sétima ré denunciada à Justiça é Evellyn Perusso, ficante de Daniel na noite anterior ao crime. A garota, amiga de Allana, responde por falso testemunho e denunciação caluniosa.
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